Guia da Semana

Visualize: 1,55m de altura, 88 centímetros de busto, 67 de cintura, 89 de bumbum e olhos puxados, além de muito, muito samba no pé. Bela mistura, não acha? E Não estamos falando de musas nipônicas nacionais como Sabrina Sato e Daniele Suzuki, mas sim de Sayaka Ohara.

O nome da gata ainda é desconhecido do grande público, mas a passista legitimamente japonesa está no Brasil há seis meses para se especializar no samba e depois abrir sua própria escola de dança no Japão, para alegria geral dos amigos orientais e tristeza dos brazucas.

Viciada em malhação e, claro, no ritmo, a musa nissei levará seu gingado oriental à Avenida desfilando pela X-9 Paulistana, no dia 5 de março, às 2h10. Essa não será a estreia de Sayaka na passarela do samba, pois a gata já esteve lá defendendo as cores da Camisa Verde e Branco, em 2008. Para esse ano, a passista gueixa aprimorou o samba no pé e as curvas - e, o melhor, está solteira. Conheça essa gata oriental que atrai os olhares dos cuecas na avenida!

Arigatô

Não é de hoje que as japonesas são famosas por aqui. Na TV, propagandas, revistas, o mistério dos olhos levemente puxados é, para alguns homens, um grande fetiche. Ao mesmo tempo, atributos venerados pelos brasileiros, como bumbum, peito e curvas esculturais, não são o forte das gatas orientais. Mas, como diz a máxima, 'para toda regra há sempre uma exceção', e Sayaka Ohara faz, e muito bem, jus ao provérbio. A jovem ouviu o ritmo brasileiro pela primeira vez em uma loja de discos internacionais, em Tóquio, e se encantou pela batida. A partir disso, procurou na web performances de mulheres sambando e não deu outra, a japa se rendeu de vez.

Foto: Priscila Badaró

Sayaka ouviu o samba pela primeira vez em uma loja de discos internacionais em Tókio

Tatame com serpentina

O que logo se imagina ao pensar sobre uma japonesa no samba são as dificuldades enfrentadas com a ginga e o molejo que as brasileiras demonstram de sobra na Avenida. Porém, a gata oriental afirma ter passado por esse desafio sem nenhuma crise. "Depois que senti o ritmo, os movimentos foram vindo", sorri a moça timidamente. A gata não elege nenhum intérprete ou samba-enredo como seu preferido, o negócio dela é a batucada e o som da bateria na passarela do samba.

E de desfiles ela entende. No Japão, há o carnaval de Asakusa, uma festa na qual o povo promove desfiles e leva o espírito brasileiro às ruas, claro, de acordo com a cultura local. E Sayaka é veterana no evento. "No Japão não há esse ritmo, como aqui no Brasil. O japonês não entende os brasileiros dançando. Uma vez eu estava esperando o trem e fiquei dançando, todos em volta ficaram me olhando", fala, arranhando o português, que seu intérprete complementa quando necessário.

Preferência nacional

Assim como muitos gringos, e também nativos, umas das obsessões de Sayaka pelas brasileiras é o bumbum. A passista confessa que malha todos os dias, durante duas horas, e aponta sua parte traseira arranhando dizer um 'boumboum'. "As japonesas não têm bunda e ela é muito importante na hora de sambar. Eles ainda estranham o pessoal com pouca roupa, dançando no carnaval. Quem não sabe dançar samba não sente o que é o ritmo", comenta.

Foto: Priscila Badaró

A gata desfilará na X-9 Paulistana, no dia 5 de março, às 2h10

Preconceito

O sucesso de Sayaka não é tão bem visto assim pelas companheiras de Avenida. A gata conta que durante os ensaios muitos membros na escola, ou melhor, muitas mulheres da agremiação não dançam junto dela. A moça enfrenta ainda concorrência, pois na escola há mais japonesas que fazem dança e ela afirma que há disputa, sim.

O desejo da oriental é levar o ritmo brasileiro para sua cidade, Yokohama. Sayaka está há um mês fazendo duas horas diárias de aulas de dança com a professora Carla Salvagni, presidente da Confederação Brasileira de Dança Esportiva, para garantir um certificado e ensinar a outras japonesas a ginga brasileira. "O samba é liberdade. E quando estou dançando me sinto livre. Como eu senti, eu quero que as demais pessoas sintam lá no Japão, com as aulas", afirma.

Cantadas

E para quem se interessar pela gata, é bom treinar o japonês, pois ela afirma que não reage às cantadas que recebe em português. "Faço que não é comigo. Entendo algumas coisas, mas não respondo, até porque nem sei o que responder. Sei que é tudo uma brincadeira e dou risada", comenta. Sayaka diz que não costuma cair na noite, que está solteira e ainda não conheceu ninguém aqui no Brasil. E aí, quer se candidatar à vaga? Então vire um craque da dança e aprenda a cozinhar, pois a gata não dispensa uma suculenta feijoada.

Fotos: Priscila Badaró

Atualizado em 10 Abr 2012.