Guia da Semana

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A revolução feminina passa de posição silenciosa para estabilizar-se avassaladoramente no âmbito social. Longe dos tempos remotos, hoje a mulher assume um papel mais imponente em relação à vida e à instituição familiar.

Enquanto os homens do século 21, menos retrógrados e preconceituosos, anseiam por figuras femininas que prezem pelo companheirismo, responsabilidade financeira e familiar, as mulheres aspiram por homens que escapem do esteriótipo provedor, demonstrando sensibilidade sem perder a masculinidade.

Hoje, eles já se permitem dividir tarefas domésticas, tanto quanto elas se predispõem a arcar com as despesas da casa, quebrando tabus arcaicos. Há um amadurecimento histórico que as torna emocionalmente mais resistentes, decididas e tão competentes quanto o homem, o que caracteriza o abandono da posição de submissão e o posicionamento em igualdade de direitos e deveres.

Este milênio é um divisor de águas, decorrente da emancipação e conquista no mercado de trabalho pela classe feminina. O instinto de competição é inato do ser humano e nem todos conseguem se adaptar a certas transformações presentes no mundo moderno. A aceitação do novo modelo de relação acontece superficialmente por parte dos homens que não acompanharam o processo de evolução da mulher e travam uma guerra de poder, onde um não se permite compartilhar o sucesso do outro.

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Há décadas atrás, a mulher mantinha o seu status social de acordo com o status social do homem. "A figura feminina assumir um papel matriarcal implicava na incompetência do marido para manter o sustento da família. O homem ainda tinha a sua sexualidade posta em dúvida e a mulher era percebida como uma desgarrada e com valores familiares transpostos. O homem se vangloriava dizendo ´mulher minha nunca trabalhou e eu nunca fritei um bife´. Isso, como um sinônimo de sucesso", explica a psicoterapeuta, Maura Albanesi.

Quando um casal decide inverter os papéis sociais, sendo a mulher a provedora do sustento da família e o marido, o responsável pela ordem dos afazeres domésticos, é porque houve um consenso determinado pela situação. A influência parte da conveniência e necessidade, não de uma opção de vida por livre escolha. O ideal é que os dois trabalhem e se ajudem mutuamente em termos domésticos e financeiros.

"Tenho uma rotina extremamente rápida. Todos os dias antes de sair de casa, deixo uma lista com os afazeres do dia para meu marido. Sou eu quem determina tudo o que deve ser feito. Geralmente acordo, faço café e corro para o trabalho. Almoço em casa todos os dias a comida do meu marido. Quando chego em casa à noite só organizo tudo o que deve ser feito no dia seguinte pelo meu esposo. Trabalho fora, porque dinheiro é sempre bem-vindo e eu me distraio com as minhas tarefas diárias, conta a supervisora de loja, Maria de Lurdes Andrade Jardim.


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Recentemente, uma pesquisa realizada pelos Estados Unidos aponta que homens que dividem as tarefas domésticas com as mulheres fazem mais sexo, comparados com os homens que trabalham fora.

O estudo revela que a divisão de tarefas domésticas também proporciona aos homens passar até três vezes mais tempo com os filhos. O levantamento aponta que pelo menos, nos EUA, a participação masculina nos afazeres domésticos, dobrou nas últimas quatro décadas.



Maria de Lurdes revela que no início havia muitas brigas, porque ela queria que o marido fizesse tudo do jeito dela. Só com o passar do tempo, quando ambos se adaptaram a nova realidade, que ela explicou como funcionava a administração da casa e o marido aderiu seus aconselhamentos com afinco e aceitou melhor a sua posição. Segundo ela, exceto lavar e passar roupa, é o marido quem é o dono de casa e dispara que estão juntos para se ajudarem mutuamente, não interferindo na vida íntima do casal.

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"Se a inversão de responsabilidades influi de maneira positiva ou negativa em um relacionamento, é bastante relativo. Quando esta decisão é tomada de comum acordo só pode influenciar positivamente, já se for por necessidade pode ser ocorrer o contrário. Todo casal que constrói seu relacionamento baseado no diálogo tem grandes chances de ser feliz. Mas é importante frisar que tudo depende da cabeça do casal. Vale ressaltar que a sociedade percebe este estilo de conduzir o relacionamento com muita desconfiança. Vivemos numa sociedade extremamente preconceituosa, onde a vida alheia é propriedade pública e não privada", diz o psicólogo Vinicius Frota.

A questão da idade e direcionamento de educação por parte dos pais de ambos os sexos influem de maneira tendenciosa a aceitar ou não a esta adaptação do convívio familiar. Quanto mais velhos forem os homens, mais difícil será a adequação aos padrões não convencionais.

Na sociedade pós-moderna ainda impera determinados preconceitos por amarras a antigas convenções. Estar à frente de suas ideologias é o mesmo que abandonar velhos hábitos viciosos adquiridos desde a juventude. Mas as mutações da vida são constâncias e sempre há tempo para refletir e se transformar em nome da própria evolução.

Colaboraram:
? Vinícius Frota
Nupre Tijuca - Caberj Integral Saúde
Endereço: Rua Dr. Satamine nº 64 - Tijuca - Rio de Janeiro - RJ
Site: www.integralsaude.com.br
? Maura Albanesi

Atualizado em 6 Set 2011.