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O fígado é a maior glândula do organismo, responsável por receber os nutrientes e as substâncias absorvidas no intestino. Possui um importante papel imunológico ao impedir que as bactérias intestinais sejam levadas para o sistema circulatório. Quando há inflamação, causa a hepatite, que compromete suas funções. É causada por vírus (A, B, C e outros), bebidas alcoólicas, medicamentos e reação autoimune, quando o organismo reage contra ele mesmo, produzindo anticorpos em excesso.
A doença pode se manifestar de forma aguda e crônica. "A causada pelo vírus A, medicamentos e álcool se comporta de forma aguda e na maioria das vezes evolui para a cura em poucas semanas. Já a que se instala por outros vírus, como B, C, D e a autoimune, podem evoluir para cirrose e para o câncer de fígado", explica a gastroeneterologista Rosania Inácio.
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Hepatite A: utilização de água e alimentos contaminados, além do contato direto com o portador.
Hepatite B: tatuagens e piercings feitos em estabelecimentos onde não usam os procedimentos corretos, transfusões de sangue sem o controle adequado, acidente com materiais cortantes e relações sexuais sem uso de preservativos.
Hepatite C: considerada a mais perigosa, é causada pela transfusão de sangue, materiais cirúrgicos contaminados e uso de drogas. "Em alguns casos, não é possível detectar a forma de contágio dessa doença. Um exame de rotina por exemplo, pode verificar se está ou não contaminado", completa a gastroeneterologista.
Hepatite D: possui a mesma forma de contaminação do vírus B, porém se manifesta quando o portador está infectado com este vírus, pois depende dele para multiplicar-se.
Hepatite E: é comum em países menos desenvolvidos manifestando-se em forma de epidemias. Possui o mesmo modo de transmissão do vírus A.
Hepatite alcoólica: causada pela ingestão em grande quantidade de bebidas alcoólicas. A quantidade varia de organismo para organismo. O uso abusivo pode causar cirrose hepática, em que o fígado fica agredido e seu processo de regeneração é feito de uma maneira desordenada, não exercendo suas principais funções.
Hepatite autoimune: quando o sistema imunológico ataca células do próprio organismo, causam a inflamação do fígado.
Hepatite medicamentosa: tomar remédios em doses acima das recomendadas pelos médicos prejudicam o órgão.
Outra variação da doença |
Descoberta em 1995, a Hepatite G é transmitida pelo contato sanguíneo. A doutora Rosania Inácio explica que "a maioria dos infectados tornam-se portadores crônicos, mas podem nunca vir a sofrer uma doença hepática. Até agora não foi possível comprovar que a infecção pelo vírus G causa cirrose ou câncer no fígado". |
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com o grau da doença. Febre, dor abdominal, náuseas, vômitos, urina escura, fezes claras e icterícia, que são mucosas amareladas, são os principais sintomas de hepatite aguda. Para a crônica, o portador pode conviver anos com ela e somente descobrir o diagnóstico do problema em exames de rotina ou senão quando se manifesta em estágios avançados de cirrose hepática.
O trabalhador autônomo Antônio Miguel Neto, soube que estava com hepatite C quando fez uma doação de sangue. "Eu costumava fazer doações todo ano. No final de 2005, quando fiz a doação, dias depois um médico me chamou para ir até o hospital e fazer uma série de exames. O resultados confirmaram que eu estava infectado", comenta.
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Para cada variação e estágio da doença é um tratamento diferente. No caso das hepatites virais agudas, são receitadas medicações sintomáticas. Para os portadores das hepatites medicamentosa e alcoólica, é feita a suspensão dos remédios e ingestão de álcool. "Não está indicado o consumo excessivo de açúcar e repouso absoluto. Os sintomas desaparecem em poucas semanas", completa a gastroeneterologista.
O tempo de tratamento da forma autoimune varia de acordo com as respostas aos medicamentos imunossupressores, com corticóide e azatioprina. Pode durar alguns meses, até anos. Para a hepatite B, são utilizados Lamivudina, Interferon e outros antivirais. O tempo vai de acordo com a resposta do organismo, sendo de 1 a 2 anos.
O vírus C apresenta genótipos diferentes, com respostas diferentes aos medicamentos com Ribavirina e o Interferon peguilado. Os efeitos colaterais mais comuns são sintomas gripais, depressão, insônia, baixas taxas de glóbulos brancos e vermelhos. "Os remédios que tomo para meu tratamento são muito fortes. São quatro comprimidos de interferon por dia e uma injeção de ribavirina por semana. Ao todo são 50 ampolas para finalizar o tratamento. Meu organismo ficou debilitado e tive anemia, mas já obtive resultados, como a regulação das plaquetas", relata Antônio.
Saiba mais sobre grupos de apoio a doentes e familiares
Colaboraram:
? Gastroenterologista Dra. Rosania Inácio - Clínica Gastro Gávea - Downtown
? TransPátcia - Associação Brasileira dos Transplantados de Fígado e Portadores de Doenças Hepáticas
? Associação Mineira de Portadores de Hepatite C
? Grupo Esperança
Atualizado em 6 Set 2011.