Guia da Semana

Foto: Getty Images

A consequência de cada tragada é sentida pela pele mesmo após uma cirurgia bem-sucedida

Barriga retinha, cintura fina, pernas torneadas e bumbum perfeito. Esse parece ser o sonho dos milhares de mulheres que recorrem às clínicas de cirurgia plástica todos os anos. Porém, mais complicado que o procedimento em si, é o pós-operatório, principalmente para as fumantes. Má cicatrização, aumento de riscos de sequelas e problemas na mesa de operação. São apenas algumas das razões pelas quais diversos médicos já estão se negando a trabalhar com pacientes que fumam mais de um maço por dia.

Pele sufocada

Já faz parte do senso comum o fato de que o cigarro pode causar diversos problemas. Menos conhecido é o seu efeito na recuperação de cirurgias como lifting facial, de seios e abdominoplastia. Além do aumento da incidência de necrose e gangrena, existe a possibilidade de abertura da sutura da pele, em razão da menor sustentação dos tecidos, ocasionada pelo tabagismo. As substâncias do cigarro podem reduzir o diâmetro dos pequenos vasos, o que dificulta a passagem de oxigênio e nutrientes até as células. Desse modo, a consequência de cada tragada é sentida pela pele, que mesmo após uma cirurgia bem-sucedida, perde o viço e envelhece mais rapidamente.

Fotos: Getty Images

As substâncias do cigarro podem reduzir o diâmetro dos pequenos vasos da pele

Nicotina, a vilã

A grande vilã nessa história tem um nome: nicotina. O líquido tóxico existente nas folhas do tabaco pode atrasar, e muito, na recuperação, já que uma plástica envolve o descolamento do tecido cutâneo, o que resulta em uma diminuição natural da vascularização, agravada pela ação do químico. O resultado dessa combinação pode acarretar diversas complicações pós-cirúrgicas.

"A nicotina prejudica a circulação e com isso aumenta o risco de necrose e problemas muito sérios na cicatrização, já que ela precisa de sangue e oxigênio para ocorrer corretamente", afirma o cirurgião plástico André Freitas Colaneri, que ainda adverte que fumantes também estão mais propícios a infecções e complicações respiratórias durante a anestesia.

Foto: Getty Images

O ideal é abandonar o vício pelo menos 30 dias antes de uma cirurgia

Quando parar

Além dos benefícios de recuperação, a cirurgia plástica pode ser uma boa oportunidade para abandonar o cigarro de vez. Por essa razão que, preocupadas com a ameaça de não atingirem o resultado almejado, muitas mulheres acabam abandonando o vício. E para quem pretende seguir o exemplo, recomenda-se fazê-lo com um mês de antecedência. "Quanto antes melhor, mas o ideal é parar 30 dias antes. Lembrando que em cirurgias como prótese de mama, pálpebras ou rinoplastia, os riscos são menores, já que são áreas bem vascularizadas, que contém bastante sangue e a pouco descolamento da pele", aconselha o cirurgião André.

Já para cirurgias como abnominoplastia e lifting facial, o cuidado deve ser redobrado. Nelas, o risco de necrose é maior, assim como as chances de complicações pós-operatórias, incluindo má cicatrização, risco de infecção, hematomas duradouros e cicatrizes vermelhas e salientes. Por essa razão, além de deixar de fumar no pré-operatório, os especialistas aconselham que não se fume pelo menos duas semanas depois da cirurgia.


Atualizado em 6 Set 2011.