Foto: Sxc.hu |
Felipe Carvalho, 24 anos, tinha 14 quando se deu conta da sua insegurança. Ele não conseguia se relacionar com outras pessoas, pois tinha vergonha delas. Andava sempre de roupas brancas e jeans para não chamar atenção.
De acordo com o psiquiatra Leonard Verea, a questão é um problema comum nos consultórios. Na verdade, é uma forma de manifestação da baixa auto-estima. "Para relacionamentos amorosos, eu só me envolvia com quem eu já sabia previamente que gostava de mim, senão eu pensava que ia levar um fora, por ser muito feio para a pessoa gostar. Comecei a mudar. Minha vontade era vestir vermelho, ter cabelo colorido, fazer teatro, aula de dança... E dei início a essa empreitada. Fui me desfazendo da timidez, com muito esforço. Eu me achava inferior por causa da acne e fiz vários tratamentos para exterminá-la. O importante é não ter vergonha do que pensarão, correr atrás do que realmente nos satisfaz!", lembra Felipe.
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Pacientes com transtornos de ansiedade (pânico, fobias, ansiedade generalizada, transtorno obsessivo compulsivo - TOC e estresse pós-traumático), além daqueles que possuem depressão, têm o sintoma. Outros que estão na lista dos inseguros são portadores de ciúme patológico, doenças do coração, neoplasias (tumores), AIDS e pessoas que somatizam emoções.
A psicóloga Christine Gridel explica que a insegurança pode ser um reflexo da relação familiar. Como o primeiro contato social de qualquer pessoa se dá dentro de casa, o relacionamento entre mãe e bebê pode definir o quadro. É o caso de mães inseguras, ansiosas e que pouco permitem que os filhos saiam de perto delas, tentando suprir todo e qualquer desejo das crianças, poupando-as de sofrimentos. Com essa relação, o filho vai introjetando que não é capaz de fazer escolhas individuais, ou seja, precisa sempre do olhar do outro para dar o aval de seus desejos, tornando-se inseguro.
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Pais intolerantes, intrusivos e manipuladores fazem com que os filhos tenham a sensação de sempre estarem errados, fazendo com que eles confiem pouco em si mesmos. Pessoas com tragédias familiares também possuem facilidade em desenvolver a insegurança.
"O problema surge quando falta alguma coisa, seja conhecimento, auto-estima ou experiência. A pessoa insegura não vive a própria vida porque está sempre preocupada em agradar os outros. Ela precisa entender que tem defeitos e qualidades", acrescenta Verea. Outras situações também geram o sintoma, como pessoas adotadas, indivíduos que sofrem estresse constante no trabalho e nas relações pessoais, familiares e afetivas, portadores de disfunções sexuais e usuários de álcool ou drogas.
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"Quando o sentimento encontra-se muito intenso, ele nos impede de iniciarmos novos projetos ou de fazermos determinadas atividades de maneira livre e independente. A insegurança patológica tem um efeito paralisante, pois cria temores excessivos e irrealistas, muitas vezes intransponíveis sem uma ajuda especializada", explica Gama Filho.
O médico conta que existem algumas técnicas para aumentar a confiança, onde a pessoa é exposta gradualmente a situações geradoras de insegurança. No início, há circunstâncias menos causadoras de desconforto até que o indivíduo consiga sentir-se seguro. Daí em diante, uma escala de dificuldades pessoais vai aumentando as exposições, até alcançar os pontos mais delicados para o paciente. O nome desse método é dessensibilização sistemática.
A psicóloga especializada no tratamento de fobias Adriana de Araújo indica a hipnose ericksoniana, técnica de terapia breve para aumentar a auto-estima, segurança e confiança em si próprio. Quando a pessoa está centrada e equilibrada, ela se sente segura nos seus atos e pensamentos.
Sintomas ? Temores ? Ciúmes exagerados ? Indecisões ? Dificuldade na realização de inúmeras tarefas ? Intenso sofrimento, uma vez que a pessoa percebe suas limitações e torna-se depressiva ou ansiosa ? Extremo desconforto em situações onde é alvo das atenções ? Necessidade de aprovação das pessoas de confiança ? Reflexão exagerada antes de fazer uma escolha ? Desconforto ao falar em público ou colocar em pauta alguma opinião ? Perfil ansioso com necessidade em ser aceito e amado por todos ? Inflexibilidade com os próprios erros |
Apesar de ser comum no ser humano quando ele percebe alguma situação real de perigo, o problema pode se tornar patológico quando muito intenso ou desproporcional ao estímulo que o originou, ou ainda se acontece sem que haja um estímulo para isso. "Algumas pesquisas salientam que pessoas inseguras têm um sistema imunológico mais fragilizado, tornando-se suscetíveis a doenças", diz Christine.
Um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Saúde da Itália mostrou que as mulheres que lutavam por relacionamentos íntimos e confiáveis tinham a imunidade mais fraca. A pesquisa incluiu 61 mulheres saudáveis.
O tratamento para o problema depende do contexto onde ele se insere. Quando há transtornos de personalidade ou o paciente é somatizador, são aplicadas técnicas de psicoterapia. Quando a causa está relacionada a depressão e ansiedade, em muitos casos é necessária a utilização de psicotrópicos (antidepressivos e ansiolíticos). Se há doenças físicas envolvidas, a psicoterapia deve estar aliada a um tratamento médico especializado.
Dicas para diminuir a insegurança
? Procure ser autoconfiante e fazer coisas que aumentem sua auto-estima, diminuindo o estresse e a ansiedade. ? Exercícios físicos, alimentação balanceada e atividades de lazer podem ajudar muito. ? Esqueça o julgamento do outro, confie nas suas próprias escolhas. ? Arrisque sempre e esteja aberto a novas experiências. ? Saiba que, se as coisas não saíram conforme você planejava, outros caminhos poderão ser trilhados como forma de aprendizagem. ? Seja tolerante com seus próprios erros. ? Cuide de sua aparência e mente. ? Faça Yoga ou outras atividades que promovem o relaxamento e amenizam a ansiedade. |
Entre as conseqüências da insegurança patológica está a distorção da realidade, aumentando insignificâncias e produzindo fantasmas onde só existem suspeitas. Ela traz ansiedade e sensação de estar sob ameaça constante. Há também o sentimento de inferioridade, não se achando digno de ser amado. O prejuízo fica na escolha de amigos, profissão e relacionamentos interpessoais de forma geral. "O inseguro acredita que não é possível que alguém tenha afeição por uma pessoa com tão poucos atrativos, gerando com muita facilidade o aparecimento de sentimentos depressivos", completa Gama Filho.
Colaboraram:
? Leonard Verea
Consultório - Av. Lavandisca, 741, cj 104, Moema - SP
Fone: (11) 5051-2055
? Leonardo Gama Filho
Hospital Municipal Lourenço Jorge - Av. Ayrton Senna, 2000, Barra da Tijuca - RJ
Fone: (21) 2431-1818 / (21) 3325-5878
Consultório - Rua Luis Carlos Prestes, 410, S.126, Barra da Tijuca - RJ
Fone: (21) 2104-9612
? Christine Gridel
Downtown: Av. das Américas, 500, Bl.20, Sl.213 - RJ
Fone: (21) 3433-8354
? Adriana de Araújo
Psiclínica: Avenida Macuco, 726, Conjuntos 1104/1105, Moema - SP
We Care: Rua Barão de Teffé, 405, Anhangabaú, Jundiaí - SP
Fone: (11) 5051 8338/4586 2729
Av. das Américas, 500, Bl.20, Sl.213 - RJ
Fone: (21) 3433-8354
Atualizado em 10 Abr 2012.