Por Pamela Cristina Leme
Quando você cuida da limpeza das áreas íntimas do corpo, ajuda a aumentar o poder de resistência de um batalhão de microorganismos que habitam o interior da vagina. A chamada flora de Doferllëin é composta por lactobacilos que defendem a região de infecções ao prevenir o desenvolvimento de colônias de bactérias e fungos. Com isso em mente, algumas mulheres apostam em sabonetes especiais, desodorantes íntimos, protetores diários de calcinha e até lencinhos umedecidos de bebê para deixar a área livre de qualquer invasor. A intenção demonstra respeito com o próprio corpo. Mas tudo pode - e deve - ser mais simples."Água e sabonete neutro são suficientes para manter a área limpa e com seu odor característico", recomenda o ginecologista Roberto Hegg, professor da Faculdade de Medicina da USP. De acordo o médico, é recomendável evitar cosméticos íntimos, já que o perfume de muitos deles pode causar irritações na pele da mulher. Deixe de lado auxiliam na higiene. O mesmo vale para os sabonetes cremosos ou que contenham hidratantes. Mas e nos períodos de menstruação? Nesses casos, mantenha a mesma linha de tratamento. Apenas lave a vulva mais de uma vez ao dia e troque o absorvente a cada 4 horas, pelo menos. Com isso, dá sim para escapar de qualquer tipo de cheiro.
"Vale a não usar absorventes internos com muita freqüência, já que eles prejudicam a transpiração da área", aponta o médico. Sim, os fungos adoram ambientes apertados e úmidos. Por isso, roupas apertadas e feitas de tecidos sintéticos, sem contar calcinhas produzidas desse mesmo material, prejudicam sim a proteção natural da região. Aliás, esse tipo de cuidado precisa ser redobrado no verão. Calor, biquíni molhado, banhos de piscina e mar agridem a região genital feminina.
Na hora do banho, também não precisa exagerar. Segundo Roberto Hegg, é fundamental não fazer aquelas duchas vaginais (aquelas em que a intenção é limpar a vagina "por dentro") nem lavá-la com água quente. "Esses procedimentos só ajudam a levar os germes para dentro", explica. Até mesmo a depilação merece cuidados. Quem elimina todo e qualquer pêlo pubiano com freqüência pode acabar com a função do dito cujo: proteger o órgão contra a entrada de bactérias.
Atenção: |
Invasores
Todos esses procedimentos, fáceis e acessíveis à qualquer mulher, têm o propósito de protegê-las contra doenças à princípios simples, mas que podem desencadear infecções mais graves, causar complicações na gravidez, no parto e até enfermidades irreversíveis, como a esterilidade por obstrução tubária. As vaginites são as principais queixas nos consultórios ginecológicos, provocam detestáveis corrimentos e, na maioria dos casos, estão ligadas à falta de higiene íntima adequada.
A vaginose bacteriana, por exemplo, corresponde a cerca de 40% das ocorrências e é motivada por uma diminuição da concentração do bacilo de Doferllëin e de um aumento de outras bactérias anaeróbias. Esses microorganismos são próprios da vagina e, inclusive, responsáveis pela saúde do órgão. Já a candidíase é causada por fungos (que em alguns casos, vale lembrar, chegam por meio do contato sexual através do sêmen) e atinge mulheres com idade entre 18 e 35 anos.
Favoreça a higiene íntima durante o verão: |
Afrodisíaco
Outra dica é não ficar preocupada com o odor natural da região. Se perceber um mau cheiro, provavelmente notará a presença de um corrimento que deve ser tratado no consultório do ginecologista. Caso contrário, não é preciso usar desodorante íntimo ou perfume. Alguns homens, por sinal, não valorizam essa idéia. O cheiro característico da vagina é afrodisíaco. Basta que você a mantenha sempre muito bem limpa. O resto é natural.
Fotos ilustrativas: Stock.XCHNG / Morguefile
Atualizado em 6 Set 2011.