Guia da Semana

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Esquentar o banco na hora em que o time entra em campo não é nada fácil

Treinos intermináveis fazem parte da vida do jogador de futebol. Tudo em prol da hora do jogo. Mas e quando sai a escalação e o nome do atleta não está na lista dos titulares? Antes de tudo, vamos lembrar que todo reserva tem seu dia. Afinal, quem não se lembra do Branco, na copa de 94 - que saiu do banco para marcar o golaço da inesquecível virada brasileira sobre a Holanda, nas quartas de final.

Seja como for, reservas e titulares possuem a mesma rotina de treinos puxados. Mas a igualdade não reflete no reconhecimento e prestígio entre a torcida. Mesmo assim, a maioria deles encara a situação com muita naturalidade, enquanto aguardam a chance de conquistar um espaço entre os titulares. Será que rola inveja? Ciúme? Vontade de dar um carrinho no técnico, talvez? Fomos a campo (literalmente) para descobrir.

Aquecimento

Passar por uma semana puxada de treino e ficar de fora na hora do jogo pode ser bem frustrante. Mas por outro lado, nunca se sabe a hora em que se vai atuar. A vida do reserva é de incerteza. Por isso, a preparação é tão importante. Afinal, quando menos se espera, pode chegar a chance de entrar em campo. "Quando assino contrato não está especificado que vou ser titular. Tenho que fazer a minha parte, trabalhar sério e mostrar que tenho condições. Um time não vai vencer por causa de um jogador, mas pelo grupo montado", afirma o meio-campista reserva da Portuguesa Héverton, 23 anos.

Foto: José da Cunha/Portuguesa

O jogador Héverton não desanima enquanto tenta mostrar que pode ocupar uma vaga entre os titulares

Mas engana-se quem pensa que a disputa pela vaga titular necessariamente gera conflitos. Apesar de acirrada, ela pode ser sadia. Até no caso do goleiro Júlio César, 26 anos, do São Caetano, que mesmo em uma posição pouco rotativa, com menos chances de jogar, mantém a serenidade. "A preparação de goleiro é muito diferente. É difícil trocar, mas em um clube grande surgem muitas oportunidades para você mostrar o seu futebol. O importante é trabalhar bem e se sentir satisfeito, independente do time", comenta Júlio.

Opinião da arquibancada

Além da expectativa, quando chega a hora de entrar em campo, sempre existe a pressão do estádio e a falta de ritmo de jogo. Por isso um reserva sempre precisa estar em sintonia com o restante do time com a torcida, que costuma não deixar barato. "A torcida procura receber bem, mas sempre existe uma pressão. Depende de quem é o jogador que está cedendo lugar ao novo titular e também do motivo da substituição", afirma o publicitário Bruno Leal, 23 anos, palmeirense fanático, que explica que pelo lado do torcedor, esforço e humildade também contam muito para a empatia a um recém-titular. "Se o cara for um atacante e fizer um gol, não adianta ir lá mandar a torcida calar a boca".

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Além da expectativa, existe a pressão do estádio e a falta de ritmo de jogo

Espaço garantido

Todos querem jogar, mas existe um consenso entre os reservas de jamais torcer contra seus companheiros-rivais de clube. É o que explica o goleiro do São Caetano, que viveu bons momentos em 2008, defendendo a equipe na série B do Brasileirão 2008, durante a contusão do titular Luiz. "Nunca torceria contra um companheiro de time e sei que aqui não torceriam contra mim também. Às vezes a oportunidade surge de uma contusão ou uma má fase do titular. Mas quando um atleta está mal, prejudica o time inteiro em uma partida", afirma o goleiro.

Já para o meio-campista Héverton, é melhor nem pensar nisso, pois independente de contusões ou fases ruins, a chance pode chegar a qualquer momento. O importante é o grupo. "A chance pode surgir diversas vezes. Mas nunca torcendo contra ninguém. Somos um time, um grupo. Tive oportunidades, consegui entrar e o meu trabalho foi reconhecido. Assim fui procurado para renovar meu contrato. Estou muito tranquilo nessa condição", finaliza.


Atualizado em 10 Abr 2012.