Guia da Semana

Foto: Getty Images


Tem coisa mais gostosa que decorar a casa nova? É maravilhosa a sensação de poder descansar, receber os amigos ou assistir a um filme comendo pipoca em nosso cantinho, onde cada detalhe foi escolhido a dedo. No entanto, até chegar a essa fase, passei por muitos perrengues e nessa coluna, vou contar como foi minha odisséia!

Ao comprar meu apartamento fiquei encantada. Ele parecia pronto pra morar, tudo muito bem arrumadinho. A antiga proprietária me vendeu com parte da mobília e alguns eletrodomésticos, em pouco tempo, após uma revisão elétrica e hidráulica, eu poderia mudar.

A questão é que decidi alterar os planos e resolvi fazer "aquela reforma". Numa tarde cheguei ao apartamento, sentei no chão mesmo e comecei a listar tudo que seria feito: trocar o piso frio pelo moderno piso laminado, comprar novos azulejos, pintar, mexer na fiação antiga, colocar gesso, comprar novos móveis, pias do banheiro e da cozinha, além do box e janelas.

Eu não conhecia nenhum profissional para fazer a obra, mas tive uma indicação e de cara, contratei. Mal sabia que tinha feito uma baita burrada, deveria ter esperado por outros orçamentos, mas a pressa em ver tudo pronto não me deixou pensar em nada. A criatura contratada estava fazendo outros trabalhos por fora, ou seja, como ninguém ficava no apartamento, nós não o supervisionávamos, dessa forma, outros rapazes vinham fazer o serviço e o "mestre de obras" só coordenava de longe.

Eu queria morrer de catapora. Para reformar um apartamento pequeno (33m²), o meu ilustríssimo pedreiro levou mais de cinco meses e o dobro do dinheiro previsto. Conclusão, quando a obra "acabou", coloco entre aspas porque mais tarde, quando fui colocar o piso laminado, fui informada que o contrapiso feito estava irregular e tive que quebrar tudo outra vez. Quase jogando um processo no cara, eu consegui que ele arrumasse. Só que dessa vez contratei um novo profissional, esse sim de confiança, para ficar no pé do impostor. Só assim o pesadelo acabou!

Agora viria a etapa de decoração. Eu contratei uma empresa de móveis planejados, joguei as idéias no papel com o auxílio do projetista e em um dia desenhamos minha casa. Não citei um detalhe, mas acho importante esclarecer, caso contrário, ninguém vai entender como um apartamento tão pequeno deu tanto trabalho.

Foto: Getty Images


O ambiente é todo cheio de recortes. Retomando as aulas de geometria (não tenho ótimas recordações delas, mas foram de boa serventia para definir o projeto de casa), cada ambiente é um octógono, ou seja, tem oito paredes. Portanto, foi quase desumano o que fez o engenheiro responsável pelo condomínio. Ele provavelmente desejava os mesmos feitos de Oscar Niemeyer, com projeções em forma de arcos e coisas do gênero, mas o que conseguiu foi dar dor de cabeça para os moradores com tantas angulações diferentes e paredes tortas.

Nesse ano, cada profissional que entrava em casa (acreditem foram muitos, só da loja de móveis vieram mais de três equipes diferentes) olhava o ambiente e dizia: mas esse apartamento é muito difícil, ele não tem uma parede reta! Imagine a minha cara de satisfação. No final da "arrumação", eu já repetia a frase junto com eles. Mas o importante era ter a minha casa concluída. Para o banheiro, fiz dois gavetões na parte inferior, além de dois armários grandes no alto, para guardar produtos de higiene pessoal, além de produtos de limpeza pra casa, já que não tenho área de serviço (o estilo do prédio é americano, a lavanderia fica no térreo).

A cozinha ficou perfeita, particularmente é o melhor espaço do apartamento. Para destacar o estilo moderno, escolhi todos os eletrodomésticos em aço escovado ou espelhados, bem como os dois cilindros que coloquei fixados à pia, para segurar minha cristaleira suspensa. Sim, ela fica na parte superior! Como o espaço é pequeno, o jeito foi adaptar tudo. Os armários vão até o teto e em suas laterais, fiz nichos para guardar objetos como cafeteira, liquidificador, balde de gelo, potinhos de tempero. A geladeira é um mimo à parte, pequena no estilo frigobar. Aproveitei o espaço que restava da pia para colocar o cooktop e no painel da parte traseira, adaptei uma mini-adega.

Na sala, a velha estante deu lugar a um painel com aparadores para meus livros e um móvel bem baixinho (uma adaptação de rack) que fica sob a televisão. Detalhe, meu porta-cds é vertical. No quarto, não usei cabeceira de cama, em vez disso, coloquei um painel igual ao da sala para ganhar mais espaço. Ele tem quatro placas de madeira (em tom bem claro) e entre elas, faixas de 5 cm de fórmica com textura de alumínio, acompanhando o estilo "aço escovado" em toda casa. Encontrei essa fórmica na Rua do Gasômetro, localizada no centro de São Paulo.

Outro truque para ambientes pequenos é o "jogo de espelhos" (todo mundo sabe que eles ampliam o ambiente), pois então, ganhei de duas formas: fiz um guarda-roupa com uma das portas espelhada e ainda, usei todas as portas de correr, a opção é um pouco mais cara, contudo garante mais espaço. A sacada deu certo, o quarto parece ter o dobro do tamanho original.

Voltei à etapa de pintura e aconselho que seja a última mesmo, pois após serviços de marcenaria, marmoraria e quebra de piso, as paredes já estavam pra lá de encardidas. Escolhi o tom por um catálogo, lilás bem clarinho e para dar destaque a uma parede, joguei em cima uma tinta na cor uva. Como gosto de contrastes e principalmente, de cores alegres, apostei em objetos de cor verde. O efeito deu harmonia pra casa.

Fechei a conta quando coloquei os lustres e o carpete da porta. Sim, lembranças da lua-de-mel em terras argentinas. Para o visitante que chega, a mensagem: "BIENVENIDO". Casa nova, mas não completamente decorada, a gente sempre arruma alguma idéia diferente para botar em prática.

Quem é a colunista: Fernanda Balieiro

O que faz:jornalista

Pecado Gastronômico: comida indiana e torta de limão

Melhor Lugar do Brasil: qualquer cidade nordestina

Para Falar com Fernanda: no email


Atualizado em 10 Abr 2012.