Guia da Semana

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Estudar, estabelecer uma careira sólida e ter uma boa situação financeira estão entre os principais planos atuais, tanto para os homens, quanto para as mulheres. O problema é que, para consolidar sua posição no mercado, a mulher tem adiado cada vez mais seus projetos pessoais, como a maternidade.

O século 20 trouxe uma série de modificações na maneira de preparar-se e vivenciar a vida, dando muito mais liberdade para a mulher estabelecer a hora em que a gravidez terá prioridade sobre seus projetos profissionais. "Atualmente, a mulher estuda até os 28 anos, conquista autonomia até os 35 anos e só encontra um parceiro com essas mesmas características por volta dos 40 anos. Outro fator que favorece a maternidade tardia é que, hoje em dia, as pessoas se casam e se divorciam diversas vezes e, em alguns casos, a mulher deseja ter um novo filho com este parceiro atual", afirma o médico ginecologista, especializado em sexualidade humana e autor do livro Gerar e Nascer, Eliezer Berenstein.

Foi o que aconteceu com Judith Brito, 50 anos, administradora de empresas do Grupo Folha e autora do livro Mãe é mãe. A escritora teve seu segundo filho aos 43 anos de idade, época em que o primeiro filho, fruto de outro casamento, já tinha 20 anos. "Uma criança requer atenção e eu demorei para decidir se cederia ao meu desejo de ser mãe de novo, mesmo tendo uma vida profissional muito atribulada. No fim, com uma babá competente, muito malabarismo e alguma culpa, deu para combinar as duas coisas.", afirma Judith.

"Todos ficaram muito surpresos e me parabenizavam dizendo: ´que corajosa!´. Eu me divertia, porque na verdade sabia que eles queriam dizer: ´que louca!´. Com um filho já criado e uma vida profissional agitada, a última coisa que se podia imaginar para minha vida seria essa ´sarna pra me coçar´. Mas eu sempre digo, se trata de uma sarna adorável.", completa a escritora.

Trabalho x maternidade
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Atualmente, a mulher está totalmente inserida no mercado de trabalho e o papel de profissional também passou a estar integrado à sua identidade feminina. Com tantas tarefas, ela passou a adiar o sonho de ser mãe, priorizando sua formação e estabilidade profissional e financeira, a fim de proporcionar maior conforto para os filhos e a vida familiar.

Porém, a questão da maternidade não deve ser pensada como um empecilho para o sucesso da carreira profissional. "Quem acha que uma boa mãe é aquela que acompanha o filho a todo momento, e acredita que ser uma boa profissional significa estar sempre à disposição, precisa saber que as os tempos mudaram. O ideal de vida feminina deve ser estabelecido de acordo com as condições dadas pela realidade", aconselha a psicóloga Luciana Leis, especializada no tratamento de casais com problemas de fertilidade.

A representante comercial Sílvia D´Arc, 43 anos, teve sua primeira filha, Júlia, aos 32 anos e afirma que ser mãe depois dos 30 anos traz certos privilégios. "A maturidade proporciona um preparo psicológico maior para lidar com a educação de uma criança. Outro ponto importante é que pude planejar melhor os meus gastos, já que tinha estabilidade financeira. Apesar disso, gostaria de estar cronologicamente mais próxima à idade daJúlia, para acompanhar sua evolução, seus anseio e desejos".

Fertilidade prejudicada
A mulher que deseja engravidar em uma idade mais avançada trava uma verdadeira luta contra o relógio biológico. A ginecologista e obstetra do Hospital Barra D´Or Karla Uchôa Garrido alerta que após os 35 anos "o número de óvulos viáveis diminui e aumentam as chances do bebê apresentar alterações genéticas e a probabilidade de surgirem doenças nas mulheres, como miomas uterinos, endometriose, doença inflamatória pélvica, distúrbios ovulatórios, doenças da tireóide e do colo uterino".

Antes de engravidar
De acordo com Elisabete Dobao, ginecologista e diretora da clínica Curarte, do Rio de Janeiro, as mulheres que desejam engravidar após os 35 anos devem seguir alguns procedimentos:

? Faça acompanhamento ginecológico e suplementação alimentar com vitaminas e ácido fólico, no mínimo três meses antes de engravidar. Isto previne defeitos no fechamento do tubo neural no bebê.

? Realize todos os exames solicitados pelo ginecologista durante o pré-natal.

? Tenha hábitos alimentares saudáveis.

? Não fume.

? Pratique exercícios físicos.

? Evite o ganho de peso e monitore o aumento da taxa de açúcar e de gorduras no sangue.



"As grávidas acima de 35 anos estão mais sujeitas a abortos naturais, por isso é importante acompanhar o desenvolvimento do feto através de exames de ultra-som", alerta Maria Cecília Erthal, chefe do setor de ginecologia e obstetrícia do Hospital Barra D´Or.

Para manter a longevidade reprodutiva é necessário ter boa assistência ginecológica. A mulher também deve se prevenir contra doenças sexualmente transmissíveis e evitar o uso de medicações, drogas e cigarro. "Em alguns casos, é recomendável fazer o congelamento de óvulos, caso a mulher queira ter filhos somente após os 45 anos", afirma o medico ginecologista Eliezer Berenstein.

Se a mulher atingir os 35 anos de idade sem obter sucesso em uma gravidez natural é possível recorrer a diversos tratamentos disponíveis no mercado. "Há uma indicação ideal para cada caso. Em conjunto com o médico, a mulher pode escolher entre a hiperestimulação ovariana, a fertilização in vitro, a doação de óvulos ou doação temporária de útero e o coito programado", diz Joji Ueno, ginecologista da Clínica Gera e especialista em reprodução humana.

Colaboraram:
? Karla Uchôa Garrido
? Maria Cecília Erthal
? Luciana Leis
? Joji Ueno
? Eliezer Berenstein
? Elisabete Dobao
Tel.: (21) 3139-4053

Atualizado em 10 Abr 2012.