Guia da Semana

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Evite maquiar-se em movimento, dirigindo, no ônibus ou no metrô, pois lesões nos olhos causadas por descuidos com as embalagens dos produtos são comuns entre as mulheres

Na hora de escolher a maquiagem, muitas mulheres atentam apenas para cores e texturas, sem considerar que a maior preocupação deve ser outra: com a qualidade. A máxima vale para todo tipo de make, mas se aplica especialmente àquelas utilizadas na região dos olhos. O arsenal desses produtos deve ser muito bem escolhido, já que uma simples pincelada de rímel ou sombra de má procedência pode causar fortes irritações oculares. "Sensação de ardor, coceira persistente e reações alérgicas aos componentes químicos dos produtos são as queixas mais comuns das usuárias de maquiagem", revela a oftalmologista do Instituto de Moletias Oculares - IMO-, Fernanda Takay.

De acordo com a maquiadora oficial da marca Dailus Color, Mirian Costa, não há problema em se usar muita maquiagem, desde que se tenha o cuidado de usar produtos que possuam recomendações de uso no rótulo, sejam aprovados pela Anvisa e estejam no prazo da validade. No entanto, moléstias nos olhos causadas pelo uso indiscriminado do make podem gerar problemas mais sérios, como no caso da estudante de direito Denise Polizelli, que só pode usar maquiagem hipoalergênica. As reações aos produtos de baixa qualidade a acompanham desde menina, quando usava aqueles estojinhos típicos para criança com sombra, blush, batom e seu rosto empipocava todo. "Em uma das crises mais fortes, não tive controle da marca dos produtos utilizados para me maquiar.

Mais tarde, percebi que tinha adquirido uma camada grossa, com bolinhas, nas pálpebras e meu olho tinha ficado muito vermelho", lembra. Ao procurar uma dermatologista, foi diagnosticado que Denise teve dermatite de contato. O mesmo resultado veio para a advogada Kátia Fedichima que teve sérias alergias ao redor dos olhos, no ano passado, pelo uso excessivo de corretivo. "Minha pele embaixo dos olhos escamava e tive que esperar seis meses para voltar a usar maquiagem. Foi muito difícil ficar sem rímel e corretivo, mas hoje, só uso produtos antialérgicos", explica Kátia.

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Exemplo de olho com conjuntivite alérgica, que tem como uma das causas mais recorrentes o mau uso da maquiagem

Doenças mais comuns

A oftalmologista informa que a blefarite e a conjuntivite são as principais moléstias oculares que acometem as usuárias de maquiagem. A primeira consiste em uma inflamação crônica que afeta os cílios e as pálpebras, deixando-as vermelhas, inchadas e irritadas. Já a conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva -membrana que reveste a parede do globo ocular - e das pálpebras. "Em geral essa doença acomete os dois olhos, perdura por uma semana ou 15 dias, e não costuma deixar sequelas", descreve Fernanda.

O tratamento da conjuntivite papilar gigante ou alérgica depende muito da gravidade do processo, mas, de acordo com a médica, o objetivo é sempre reduzir os sintomas e os sinais para evitar causar danos nos tecidos. Quando começar a sentir os sintomas da conjuntivite alérgica, siga as dicas: não coce os olhos e faça compressas frias. Muitas vezes, no tratamento, é preciso usar corticoides, antiinflamatórios, anti-histamínico e colírios de lubrificantes tópicos.

Para usar bem o make

Muitas mulheres não conseguem viver sem maquiagem. Porém, para usá-las da maneira correta é necessário, em primeiro lugar, comprar produtos de boa procedência, de preferência hipoalergênicos, testados oftalmo e dermatologicamente; além de não esquecer de retirar o make toda noite antes de dormir. A oftalmologista indica que as mulheres utilizem os removedores de maquiagem feitos apenas para a área dos olhos. Já a maquiadora sugere o uso de um creme de limpeza, após o demaquilante, pois assim a pele fica mais hidratada e recebe melhor o make no dia seguinte.

Para garantir que as funções oculares sejam desempenhadas da maneira correta, mesmo com o uso diário de maquiagem, evite passar os produtos na parte interna dos olhos. Isso pode obstruir as glândulas palpebrais e alterar o pH da lágrima, que tem a função de defesa dos olhos. "A longo prazo, pode ocorrer uma mudança na flora da superfície ocular, o que tornará essa mulher muito mais vulnerável a infecções oculares", expõe a médica. Denise afirma ter realmente mudado de hábitos por causa da alergia a esses produtos cosméticos. Mas a principal diferença é que, agora, pede orientação médica comprar os produtos específicos para sua hipersensibilidade na pele e testa todos eles antes de adquiri-los.

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O cuidado com a maquiagem também deve acontecer com o seu armazenamento: é preciso evitar a exposição ao sol e às lâmpadas por muito tempo

O que não fazer

Às vezes, você fica meses usando um produto e se esquece de verificar o prazo de validade. Esse é uma outra situação que pode provocar irritações nos olhos. "O perigo de usar maquiagem vencida é que ela se torna um campo fértil para o crescimento de bactérias", informa Fernanda. Caso não se lembre de olhar o vencimento com frequência, preste atenção nas mudanças de aparência, de cor, de cheiro e de consistência do produto.

Também é importante observar se não houve nenhuma alteração do produto por causa de armazenamento errado. "Se a maquiagem ficar exposta ao sol ou à lâmpada por muito tempo, sua qualidade pode ser alterada", diz Mirian. Mais um cuidado necessário para a mulher que faz uso diário de maquiagem é não compartilhar seus produtos com as amigas, pois isso aumenta o risco de contrair irritações e conjuntivites. Outra advertência da oftalmologista é não se maquiar em movimento, como no ônibus, no carro ou no metrô, pois há é comum encontrar pacientes que arranharam o olho com a embalagem do rímel, causando traumas, infecções e até mesmo úlcera de córnea.

Caso adquira alguma moléstia ocular decorrente do uso da maquiagem, jamais se automedique. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas - Abifarma -, cerca de 20 mil pessoas, por ano, morrem no país, vítimas de automedicação. Na maioria das vezes, a causa estava ligada à intoxicação e às reações de alergia ou hipersensiblidade ao produto. "Sem a devida indicação médica, a única coisa que se pode passar nos olhos é água limpa", aconselha Fernanda Takay.


Atualizado em 10 Abr 2012.