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Semana agitada para a mulher e nada melhor do que renovar o guarda-roupa para abstrair os efeitos negativos da rotina e elevar a auto-estima. As lojas de moda feminina são o destino certo das mulheres nestas horas, mas ao provar a peça de roupa, se constata um desajuste ao seu biotipo. Ou fica perfeito na cintura, sobrando na barra ou ela sequer entra e a impressão é de aumento ou diminuição de peso para a surpresa das consumidoras de plantão.
Não se assustem, porque ao contrário do esperado, a culpa não é da saborosa sobremesa do final de semana. Pasmem, mas as indústrias de roupas não têm padrão nos tamanhos da peça. O coordenador de tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Ariel Vicentini, explica que cada empresa estabelece seu padrão de roupa, se baseando no tipo físico do público que deseja atingir. Ele garante "muitas fabricantes trocam as etiquetas de tamanho dos produtos para estimular a venda entre as mulheres que desejam consumir um ideal de tamanho incompatível com o real".
A produtora de eventos, Carla Amarante revelou vestir tamanho 42 e no dia em que foi até uma loja e entrou em uma 38 se sentiu feliz, acreditando em um possível emagrecimento, porém todas suas ilusões caíram por terra quando ao provar a mesma peça em outra loja, o único tamanho cabível ter sido o 44.
Existem diversas marcas de calça e seus tamanhos variam, especialmente entre grifes importadas. Muitas pessoas de manequim 36 vão até uma loja e acabam levando para casa uma peça tamanho 40. Mil coisas podem passar pela cabeça, como o desespero para iniciar alguma dieta maluca, mas as grifes adotam como parâmetro os biotipos europeus e norte-americanos que diferem do esteriótipo da mulheres brasileiras. Enquanto por lá sobra no tamanho dos seios e falta na preferência nacional, por aqui a natureza caprichou na parte de baixo, mas não foi tão generosa no plano superior.
Já pode ser constatado que os brasileiros estão mais altos, mais gordos e musculosos, ao contrário das décadas anteriores, e isto interfere na vestibilidade da roupa.
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De olho nesta adversidade, pesquisadores aderiram a técnica criada em outros países, que consiste em padronizar o número das roupas, através de um body scanner, leitor de medidas humanas. Isto gera benefícios tanto para as consumidoras quanto para o mercado da moda.
A idéia advinda dos Estados Unidos é capaz de escanear as medidas das pessoas, em apenas 60 segundos. Para o modelista, estilista e docente do Senac/SP, Marcelo Pedrozo, caso este trabalho seja realizado, ajudará os profissionais ligados ao mundo da moda, a tornando mais ágil e de fácil comercialização nacional. Somos um país geneticamente globalizado e encontramos todos os biotipos convivendo em um mesmo espaço.
Padronizar traria muitos benefícios comerciais, pois facilitaria a produção das confecções e a comercialização das peças, além de ampliar as opções do consumidor. Diferente do que acontece hoje, uma peça tamanho 40, por exemplo, seria absolutamente igual, em qualquer loja, no que se diz respeito à medidas. Além disso, a desproporção das produção têxtil emperra alguns tipos de vendas, como é o caso do comércio eletrônico de roupas.
Ariel ressalta não ser possível padronizar o número das roupas, em nenhum local do mundo, caso as empresas e os consumidores não estejam de acordo. Talvez o mais assertivo seja definir uma etiqueta que permita ao consumidor reconhecer o tamanho ideal, conforme seu tipo físico e suas medidas. Até o presente momento, isto só é possível após infinitas provas de roupas.
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"As grandes grifes se baseiam em modelagens padronizadas definidas pela mídia. Padrões de beleza sempre existiram e continuarão a se modificar ao longo da história humana. O adequado é observar e conhecer o público que se pretende atingir, seja ele magro ou obeso." expõe Pedrozo.
A designer Flávia Mendes não esconde a empolgação com a nova possibilidade. "Seria ótimo se padronizassem o tamanho das roupas. Tenho o hábito de comprar pela internet, até pela peça estar na promoção, mas nunca sei o tamanho correto. Uso entre 42 e 44, mas depende muito do molde da calça".
"O brasileiro não segue um padrão específico de biotipo, ao contrário de outros países. A partir deste princípio cada empresa define um tipo de corpo a destinar suas produções. O resultado implica em modelos corporais perfeitos difundidos pela mídia, entretanto eles não correspondem aos tamanhos de consumidoras, que se vêem frustradas em não poder consumir modelos que as agradam", completa Ariel.
Não há razão para crises existenciais, afinal a vilã das mulheres nem sempre é a boca. Se atente para o padrão do molde da marca de sua preferência, pois o tamanho pode sim variar, por conta desta falta de parâmetro nas vestimentas.
Colaboraram:
? Ariel Vicentini
? Marcelo Pedrozo
? Flávia Mendes
? Cleide Sene
? Carla Amarante
Atualizado em 10 Abr 2012.