Guia da Semana

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Atualmente, em qualquer idade, estilo de vida ou padrão social, você poderá fazer muito para o futuro da sua saúde. Como administradoras da nossa vida profissional e financeira temos um planejamento, desde cedo, para os relacionamentos, a formação acadêmica e o planejamento de ganhos, mas não sobre a saúde na velhice.

Então, vamos fazer o mesmo projeto para nossa saúde? Conversar com o médico é essencial. Eu proponho um bate-papo informal e para isso vamos criar personagens. Exemplificando, vamos falar da "Julia", menina adolescente com os hormônios em ebulição. Se a menina teme olhares gulosos sobre si de pessoas erradas, sofre também com a falta do padrão da moda. Então, a menina decide ir ao médico. Por favor, faça suas queixas claramente, enumere os problemas, que às vezes são poucos evidentes.

Mas, Julia vai ao médico, cheia de reclamações e dúvidas, e diz: "os meus seios doem, estão aparecendo riscos vermelhos ao redor do mamilo (estrias recentes), meu rosto está cheio de acne, tenho pêlos grossos, cólicas fortes, dor de cabeça na pré-menstruação, estou mal-humorada pelo menos dez dias ao mês. Doutora, perder a virgindade dói muito? Posso usar absorvente interno? Se tomar pílula engordo ou aumenta vasinhos na perna? Minha calcinha é manchada, tenho que lavar no chuveiro para ninguém ver. Será que é normal os meninos passarem a mão em todo corpo? Sexo oral é baixaria?"

Os problemas aparecem para serem solucionados. É possível tratar cólicas, acne, TPM (tensão pré-menstrual), parar de menstruar (acredite dá para parar de menstruar!) e fazer uso de métodos anticoncepcionais seguro (através de uso de implantes anticoncepcionais com duração de seis meses, um e três anos).

Não seria ótimo se o seu amadurecimento hormonal coincidisse com o seu amadurecimento físico e emocional? Faça acontecer! Você é dona do seu corpo. Queira para si só o que agrada: seios bonitos, pele boa, bom humor, dias livres e autoridade sobre a maternidade.

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Há algumas décadas, a mulher não usava calça comprida e depois que passou a usar pôde provar vários modelos, então seja revolucionária, saia do padrão comum de esperar que outras façam. A Julia pode, depois de orientação médica, dizer: "não menstruo, logo não tenho cólicas, não tenho TPM, uso preservativo sempre porque a minha saúde é importante. Tenho a maternidade sobre meu controle, terei filhos se quiser. Afinal, tomei a meu cargo o poder de decidir".

Atenção meninas e mães de adolescentes, se ficar à deriva de decisões importantes sobre a sua saúde, doenças como a endometriose, miomas, DSTs e doenças inflamatórias pélvicas podem jogá-la nas histórias familiares de dificuldade para engravidar, levar a cirurgias mutiladoras, tratamentos exaustivos para dores pélvicas que não se resolvem e ter dores nas relações sexuais.

Estamos na época da internet, nosso estilo de vida é outro e para tudo tem que haver adaptação. Não escutaremos mais um médico dizer: "acostume-se com a dor; está tudo normal com você; um dia você vai engravidar; menopausa é isso mesmo, conforme-se...".

Como na área financeira, o planejamento da saúde tem que começar bem cedo. É desde adolescente que você fará sua "poupança saúde" para o futuro e, como mulher adulta, livre e esclarecida, pare de dizer asneiras como novelista: "se não conseguir engravidar mais tarde eu faço inseminação". Em outras palavras está dizendo: "se eu não tiver um bom emprego e não viver bem, eu tentarei ganhar na megasena".

Quem é a colunista: Denise Coimbra é médica ginecologista e obstetra.

O que faz: é formada pela Santa Casa de São Paulo. Participa do grupo de Reprodução Humana da UNIFESP e tem uma clínica em São Paulo especializada em Saúde da Mulher e Fertilização.

Pecado gastronômico: petiscos com cerveja, em um bar com amigos.

Melhor lugar do Brasil: Guarujá, onde curto meus fins de semana com meu marido e minha filha.

Como falar com ela: Acesse o site ou pelo e-mail

Atualizado em 6 Set 2011.