- Ethan, você a conhece há duas semanas. Ela tem um terço de sua idade. Cresça, meu amigo.

Há homens que se envolvem sistematicamente com mulheres mais novas. Nestas relações, sentem-se inebriados pela juventude que é a embriaguez sem vinho, rasca necessária para tratar a insatisfação oriunda de relações anteriores, bem como de tudo aquilo que não conseguiram realizar nestes encontros. Inseguros, afastam-se do que é possível viver com uma mulher.

Com uma lolita, seria provável manter a ilusão de força sem fragilidade; já com uma balzaquiana, não. Uma mulher jovem é alguém que, em tese, não confronta, mas, ao invés disso, valoriza símbolos de poder. Ao assumir posições de influência, um homem se certifica de que a mulher lhe conferirá um valor que ele mesmo duvida ter.

Para ele, uma jovem consorte representa a garantia de um amor à distância, uma proteção contra o impacto que tal sentimento pode causar-lhe. A diferença de idade o defende do fascínio que o amor é capaz gerar e, com isso, inibe a imaginação de que se alimenta toda relação amorosa. Retarda, portanto, a consolidação de sua maturidade em troca da fantasia de que o tempo não passa.

Muitos homens não sabem que temer o amor é temer a vida. Eles não se dão conta do quanto sentem medo de se envolver com alguém que os ame muito. A intensidade deste amor é diminuída pela conquista de lolitas, com as quais poderão esconder o receio de serem rejeitados. Ao pensarem que elas desejam a estabilidade que possuem, tranquilizam-se.

A cultura masculina já considerou prazer de pederasta amar uma mulher inteligente, ativa na vida. Contudo, é necessário transpor esta barreira e vencer o desafio que é estabelecer relações profundas e duradouras que promovam o amor verdadeiro. Relações que vinculem homem e mulher como dois amantes e cúmplices solidários.

O amor civiliza o homem mais embrutecido, faz com que ele saia do silêncio no qual se encontra, dissipa o receio e o torna prestes a viver a aventura da vida. Aquilo que provamos quando estamos amando talvez seja nosso estado normal. O amor mostra a um homem como ele deveria ser sempre.

Dificilmente conseguiríamos viver este estado com lolitas. A adolescência nos abre portas, mas não consolida continente. Se quiser ser amado, ama!

Leia as colunas anteriores de Sócrates Nolasco:

Bandidos

Saindo de que armário?

Perto dos cinquenta

Quem é o colunista: Sou aquele que deixa o que encontrou melhor do que estava antes.

O que faz: Psicanalista, Escritor e Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Pecado gastronômico: Ostras com Cristal do Roederer.

Melhor lugar do Mundo: Yosemite National Park e San Francisco.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3:Yoshida Brothers.

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