Entende-se às vezes, que ser liberal é aquela que gosta de falar de sexo sem amarras, ou que é livre o bastante para guiar sua própria vida sem maiores obstáculos. Aliás, obstáculos não costumam dar pinta na vida de uma mulher liberal, podendo até apimentar as situações do cotidiano.
Mas se engana quem pensa que isso é novidade dos tempos atuais. Mulheres liberais existiram em diferentes épocas. Cada uma, dentro de seu contexto, claro.
Pense em Cleópatra. Uma mulher sedutora, inteligente e muito vaidosa. Foi casada com o próprio irmão, tornou-se rainha do Egito, lutava pelo poder e entregava-se aos amantes, sem maiores pudores. Será então que a colega foi a primeira "pirigueti" da história? Confesso estar mais inclinada a crer que Cleópatra tenha sido uma mulher extremamente liberal, à frente de seu tempo mesmo.
Outro dia, lendo alguns emails de uma lista que participo sobre mulheres X maternidade, rolou um assunto não menos importante e que eu achei super divertido: mulheres liberais X parto rápido. Em poucas palavras, discussões que giraram em torno das mulheres mais liberais da lista e da facilidade que tiveram para parir, por serem sexualmente ativas e desinibidas na cama. Eis aí um assunto altamente fisiológico e, no mínimo, interessante relevar esse tipo de conduta, não? Eu adoro essa lista, onde o convívio é virtual na maior parte do tempo, repleta de mulheres que protagonizam a própria vida e que se multiplicam para dar conta de marido, gravidez, filhos, trabalho e outras pessoas. São bem humoradas, bem informadas, questionadoras, e o melhor: altamente generosas.
Mas numa sociedade onde existe tabu até para parir... Afinal, parto está ligado a sexo em todos os sentidos; e sexo, infelizmente, ainda é tabu. O que dificulta discussões que poderiam ser riquíssimas sobre o parto natural humanizado. Será que a "periquita" da mulher vai ficar frouxa num parto desses ou não? Pega mal o homem massagear sua parceira durante o trabalho de parto? E amamentação prolongada? É coisa de mulher sem vergonha? Por aí vai...
O triste é que muitos desses mitos são alimentados exclusivamente pela falta de informação, o que nos faz contemplar cada vez mais a importância de fazer valer novas ideias e ideais.
O fato é que a sociedade tem minimizado alguns dogmas, cultivados há centenas de anos, o que não anula o preconceito enorme quando o assunto é literalmente o "x" da questão. Pode-se mascarar o quanto quiser, mas a verdade é que isso ficou enraizado tanto tempo nas pessoas, que mudar uma sociedade machista hoje, é o mesmo que chupar um limão bem azedo sem fazer cara feia. Você até disfarça, ok... Diz que é gostoso, que está tudo bem, mas no fundo, deseja mesmo é sair correndo e comer algo mais doce pra quebrar o gosto. Estou certa ou tenho razão?
No mais, hoje em dia, uma mulher pode ser o que quiser. Dizer o que vier à cabeça, sem medo. As pessoas falarão mal de você, quer você queira, ou não. Então, sugiro que você faça muito barulho e meta a boca no trombone sim. Mas com autenticidade, por favor! Facilite encontrar sua verdadeira identidade para, assim, atingir a suprema liberdade, sendo você mesma, racional ou irracional. Faz parte. Está tudo liberado, é só uma questão de escolha!
Leia as colunas anteriores de Carolina Marçal:
É pra rir ou pra chorar?
Uma balzaca, sim senhor
O jogo das quatro letras (S.E.X.O)
Quem é: Carolina Marçal.
O que faz: é mãe, escritora e ex-chocólatra.
Pecado gastronômico: as panquecas da minha avó!
Melhor lugar do mundo: qualquer um onde eu possa ver as estrelas.
O que está ouvindo no rádio, carro, mp3, iPod: Coco Rosie, Radiohead, Strokes, Jamiroquai e Talking Heads! E de tudo mais um pouco...
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Atualizado em 10 Abr 2012.