Pinga, marvada, branquinha, bagaceira, perigosa, purinha, teimosa, caninha. Não importa o nome que se dê, ela faz parte da nossa cultura, com mais de 3 mil rótulos diferentes produzidos no país. E quem imagina um destilado forte, de gosto ruim e que desce queimando, certamente não conhece as marcas que fazem das cachaças criadas de forma artesanal para rivalizar com o uísque e a vodca no bares e cafés do exterior como uma bebida agradável e ideal para qualquer ocasião.
"Conheci uma cachaça de alambique quando era adolescente e comecei a adquirir curiosidade pela coisa, até montar uma coleção com mais de 500 tipos. Hoje guardo 'só' 200, privilegiando as que já saíram de fabricação e mudaram de rótulo", afirma o fundador da Academia Brasileira de Cachaça, Paulo Magoulas.
Dicas |
- Para escolher uma boa cachaça sem degustar, o importante é ver o rótulo, com a distribuição e graduação alcoólica. Se a garrafa apresentar indícios de sujeira, descarte a marca; - Chacoalhe a garrafa e veja se a mesma demora para aparecer uma espuma como um rosário. Caso isso ocorra significa que a cachaça tem impureza, ou seja, é de má qualidade; - Para tomar gelada, coloque a bebida envelhecida no freezer, ela ficará mais licorosa. Já as pedras de gelo devem ser evitadas porque disfarçam as propriedades da bebida; - As pingas de qualidade não descem queimando nem tem gosto adstringente (semelhante ao de banana verde); - Para não misturar com outros elementos, como a madeira, para a caipirinha, a cachaça ideal é a branca; |
Características
Produzida desde o século 16 pelos escravos, a pinga é extraída a partir da fermentação e destilação da cana-de-açúcar em alambiques. Atualmente conta com uma legislação própria. No país, sua graduação alcoólica deve variar entre 38º e 48º, sendo dividida em dois tipos: amarelas e brancas.
As cachaças de alambique amarelas são armazenadas e envelhecidas em barris de madeira por pelo menos cinco anos. Seu aroma primário é da cana e pode ter algumas notas do recipiente (como canela). As brancas devem ser armazenadas em tonéis de inox para descanso por quatro meses (sem envelhecimento). Neste caso, o consumidor não sente a presença de madeira ao degustar o produto.
Jairo Silva, o autor do livro Cachaça - O Mais Brasileiro dos Prazeres, aponta a particularidade da marvada. "Diferente do uísque ou vinho, que privilegiam o envelhecimento e no final ficam mais com o gosto da madeira do que a própria matéria prima (cereal ou uva), o DNA da cachaça é bem mais simples e fácil de notar, o resto fica em segundo plano".
Degustação e harmonização
Para aproveitar melhor o sabor da 'branquinha', os especialistas recomendam analisar em três momentos. O primeiro, visual, pede para prestar atenção se a bebida está límpida, brilhante e sem partículas. O próximo passo é a olfato, verificando se o aroma de cachaça não queima as narinas. O último, o gustativo, o consumidor tem acesso ao sabor, percebendo as nuâncias que a bebida envelhecida pode trazer - notas de canela, baunilha, carvalho.
Assim como o vinho, a cachaça pode acompanhar uma opção gastronômica. Para dar dicas de harmonizações, Jairo Silva organiza palestras sobre o tema e apresenta o drinque desde um simples aperitivo até um acompanhamento para doces.
"No caso de um vinagrete com frutos do mar, ou mesmo uma comida japonesa, a cachaça branca (com 38º de graduação) é a escolha mais acertada. Pratos mais temperados, como a tradicional feijoada, pede uma bebida mais aromática. Nas sobremesas, sugiro uma salada de frutas ou sorvete de creme com canela e uma pinga envelhecida em madeira", revela Jairo.
Top branquinhas |
Anísio Santiago (MG) - R$ 290,00 Canarinha (MG) - R$ 70,00 Casa Bucco (RS) - R$ 60,00 Coqueiro (RJ) - R$ 48,00 Weber Haus (RS) - R$ 34,00 Samanaú (RN) - R$ 32,00 Magnífica (RJ) - R$ 32,00 Santo Grau (MG) - R$ 28,00 Abaíra (BA) - R$ 25,00 Sapucaia (SP) - R$ 20,00 |
Atualizado em 6 Set 2011.