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O rei dos vestidos de noite da cor vermelho-vivo pendurou as tesouras! O simpático estilista italiano Valentino, famoso por enfeitar nobres e estrelas nos tapetes vermelhos mundo afora, se despede do mundo da moda em 2008, após o último desfile de alta costura. A esperada aposentadoria foi anunciada no dia 4 de setembro. "Este é o momento perfeito para dizer adeus", declarou o estilista à imprensa internacional.
Conhecido tanto pelos vestidos quanto pelo estilo de vida mais do que glamuroso, recentemente armou uma festa de três dias nos locais mais célebres de Roma, para comemorar seus 45 anos de carreira, que contou com a presença de astros como Mick Jagger e Uma Thurman. Após a festa, Valentino disse que seu magnífico aniversário, que teria custado 10 milhões de dólares, não iria mais se repetir. Em nota, afirmou "Gostaria de sair da festa quando ela ainda está cheia".
Para conhecer um pouco mais sobre a vida de um dos maiores estilistas vivos das últimas décadas, o Guia da Semana vai contar um pouco da trajetória do artista que tinha como único e exclusivo objetivo, embelezar as mulheres. Mas não qualquer mulher, como você vai compreender nas linhas que se seguem abaixo!
Cameron Diaz, Anne Hathaway e Kate Winslet vestindo Valentino no tapete vermelho do Oscar 2007 www.imdb.com |
Trajetória
Aos 17 anos, mudou-se para Paris com ajuda da mãe, Teresa de Biaggi, e do pai, Mauro Garavani. Já na capital francesa, estudou na Ecole Beaux Arts e no Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, e trabalhou como aprendiz de Jean Desses, onde ajudava a condessa ícone de estilo, Jacqueline de Ribes, a desenhar seus vestidos. Entre arrumar as vitrines e atender os clientes, Valentino desenhava furiosamente nesta época. Mas após cinco anos, o italiano deixou Jean Desses durante um incidente de férias prolongadas em St. Tropez. Justo quando lhe foi oferecido o equivalente na França ao Green Card, retornou à Itália e fixou-se em Roma em 1959. Logo abriu uma fashion house na elegante Via Condotti, com a ajuda de uma associação de seu pai. Mais do que um ateliê, a proposta era criar uma verdadeira ´maison de couture´, inspirada no que havia visto em Paris: tudo muito grandioso. Para o primeiro desfile, modelos voaram diretamente Paris. Em 1960, Valentino conheceu o estudante de arquitetura Giancarlo Giammetti. Assim nascia uma longa amizade e parceria. Depois de coincidentes férias em Capri, Giammetti abandonaria a universidade para se tornar sócio de Valentino. Graças ao novo sócio, o estilista estava apto a se concentrar no aspecto criativo da companhia, deixando todo o lado financeiro para Giammetti. Logo, as portas para a expansão mundial e sucesso da grife foram abertas. O debut internacional oficial de Valentino aconteceu em Florença, em 1962, a capital italiana da moda na época. O primeiro desfile no Palácio Pitti foi recebido como uma verdadeira revelação e o jovem estilista elevou-se para o ordem de compradores estrangeiros e comentários entusiastas da imprensa. Depois do marco em Florença, começou a vestir as damas mais elegantes do mundo, como sua velha conhecida de Paris, a condessa Jacqueline de Ribes, e as socialites de Nova York Babe Paley e Jayne Wrightsman. Em 1966, confiante, transferiu seus desfiles de Florença para Roma e foi lá, dois anos depois, que teve um dos seus maiores triunfos: uma coleção totalmente branca, que ficou famosa pelo logo em "V" que ele mesmo desenhou. Em meados da década de 60, ele já era considerado o mestre incontestável da Alta Costura Italiana, recebendo em 1967 o prêmio Neiman Marcus, o equivalente ao Oscar na área de moda. Begum Aga Khan, Farah Diba, Elizabeth Taylor, Marella Agnelli e Princesa Margaret já eram clientes, assim como amigos íntimos. Uma de suas clientes mais notórias foi, sem dúvida nenhuma, Jacqueline Kennedy Onassis. Jackie interessou-se pelo estilista ao ver o vestido de uma amiga e prontamente Valentino mandou uma vendedora com alguns modelos ao apartamento de Jackie na quinta avenida, em Nova York A então senhora Kennedy encomendou seis vestidos de alta costura, todos em branco e preto, para usar durante seu ano de luto após a morte de JFK. A partir de então, tornou-se devota e amiga. Mais tarde, o italiano desenharia o famoso vestido de noiva que Jackie vestiu no casamento com o magnata grego Aristóteles Onassis. Na década de 70, Valentino passou um período de tempo considerável em Nova York, onde sua presença era sempre envolta de personalidades, como a editora chefe da Vogue da época, Diana Vreeland, e o artista Andy Warhol. É difícil de negar que Valentino, ao longo de sua carreira, criou alguns dos modelos mais sofisticados de vestidos, particularmente para a noite. Comparado à influência e inovação de grandes mestres como Christian Dior, Coco Chanel, Elsa Schipaparelli e Yves Saint Laurent, o estilista pode ser visto como muito mais conservador e estável. Seu conceito de elegância e beleza é basicamente um exercício de glamour no glamour. Inventivo como pode ser pela falta de modernidade, seu conceito e espírito marcaram o mundo dos estilistas acima citados, particularmente o do mais influente entre os contemporâneos, Yves Saint Laurent. Quando revemos suas coleções, é possível identificar claramente que ele sempre desenhou pensando exclusivamente nas mulheres do chamado jet set, o mundo reluzente das maiores socialites. Nesse sentido, não há traços sociológicos em suas criações, em comparação às dos quatro mestres franceses, ou dos mais recentes Jean Paul Gaultier e Gianni Versace, dois dos estilistas mais aptos a interpretar a moda como um espelho que reflete as diferenças sociais e culturais. Todo o talento de Valentino foi colocado a serviço da noção romântica do que a nata da sociedade é, e conseqüentemente, de como as mulheres pertencentes a ela devem se vestir e se portar. Essa mulher é um tipo de fabricação de Hollywood nas décadas de 30 e 40. Quanto ao estilo de vida, Valentino e Giammetti nunca esconderam de ninguém a vocação para o luxo e o glamour. A dupla sempre foi extravagante ao extremo. O editor da revista W, John Fairchild, em relato à Vanity Fair, "Valentino e Giancarlo são os reis do luxo. Qualquer outro estilista comenta ´Como eles vivem desse jeito?´ Eu não acho que estes estilistas fizeram todo o dinheiro que a dupla fez, porque Giancarlo sabe como fazer dinheiro. Mesmo se os outros estilistas soubessem, não gastariam como Valentino. Nenhum outro estilista gastou." Além de viver no luxo, os sócios possuem uma extensa coleção de arte espalhada por suas casas ao redor do mundo, incluindo nomes como Picasso, Cy Twombly, Balthus e Damien Hirst. Em 1998, Valentino e Giammetti venderam a companhia por aproximadamente US$ 300 milhões para o grupo HDP - um conglomerado italiano controlado, em parte, por Gianni Agnelli, da Fiat. Em 2002, a Valentino S.p.A., com rendimento de mais de US$ 180 milhões, foi vendida para a Marzotto Appared, uma gigante do meio têxtil de Milão, por US$ 210 milhões. Boatos dizem que o HDP estava insatisfeito com as despesas pessoais dos sócios, que teve como resposta a seguinte reclamação de Giammetti "Homens de negócio têm um perspectiva de moda que está ultrapassada. Eles acreditam que moda é apenas um desfile com lindas modelos. Eles não sabem o quanto de trabalho há por trás de tudo isso, o quanto é importante a imagem do fundador e estilista da companhia. Você não pode falar de vestidos Valentino sem falar do próprio e, quando você pensa nele, pensa na vida glamurosa que ele leva e tudo o que é acrescido ao produto". |
A substituta
Com a aposentadoria declarada, foi anunciado que a ex-Gucci Alessandra Facchinetti deve comandar as próximas coleções do grupo Valentino. Depois de uma tentativa que não deu muito certo na Gucci pós-Tom Ford, a estilista ganha outra chance. Sumida há dois anos, sua estréia está marcada para março de 2008.
Consulta:
? Site oficial Valentino
Atualizado em 10 Abr 2012.