Guia da Semana

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Por que um carro que começou a ser fabricado no Brasil em 1959 ainda faz sucesso? O carismático Volkswagen, conhecido aqui como Fusca, foi o primeiro automóvel da maioria das pessoas na década de 60 e, até hoje, um número grande de modelos das mais variadas cores trafega pelas ruas - congestionadas ou não - das cidades. Afinal, o que é que o Fusca tem?

Breve histórico do Fusca no Brasil
Em 1959, o modelo com motor de 1.200 cilindradas começou a ser fabricado no país. Alguns anos depois, ganhou motor de 1.300 cc, em 1967, o que melhorou consideravelmente o seu desempenho. A versão 1.500 cc surgiu em 1970 que, graças às lanternas traseiras maiores do que o 1.300, ficou conhecido como Fuscão. O melhor ano para o automóvel foi 1974, quando foram produzidas 240 mil unidades. Em 1984, a Volks encerra a produção do 1.300, que dá lugar ao 1.600, com itens do motor redesenhados. Dois anos depois, é encerrada, temporariamente, a carreira do carro mais popular da montadora alemã.

Mas, em 1993, o então presidente da República Itamar Franco solicita à montadora a retomada da produção do Fusca, a fim de transformá-lo em um carro popular, acessível à maioria da população. O modelo, apelidado de ´Fusca Itamar´, ganha pára-choques da cor do veículo, somente um escape no pára-lama esquerdo, estofamento novo, volante moderno e outros detalhes de acabamento. Mais de 40 mil unidades foram comercializadas até julho de 1996, quando a produção foi encerrada em definitivo.



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Não é somente aqui, no mundo todo o automóvel encomendado por Adolph Hitler a Ferdinand Porsche é admirado. Em 60 anos de história foram produzidos nada menos do que 21,2 milhões de modelos em todo o planeta. Só no Brasil, esse número é de 3.367.390 veículos comercializados.

O Guia da Semana conversou com alguns proprietários entre esses 3 milhões e tanto para tentar desvendar o segredo do Fusca. Para André Takeda, presidente do Fusca Clube de Mogi das Cruzes, o carro se destaca, justamente por ser o ´patinho feio´, se comparado aos demais. "Pelo menos aqui no Brasil, acredito que o sucesso se deve pela silhueta, muito diferente dos outros carros enormes de quatro portas, por ter sido o ´patinho feio´ da indústria automobilística, apesar de sempre ter achado lindo. Ganhou carisma dos brasileiros, afinal, qual família não teve um Fusca? Quantas pessoas não aprenderam a dirigir num Fusca? E além disso, acredito que a questão do custo-benefício, o gosto popular e a mecânica diferenciada se ajustam perfeitamente ao nosso clima e terrenos.", explica o dono de um modelo 1954 de fabricação alemã.

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Outras questões, como manutenção barata e conhecida por todos, também cativam os proprietários. "As peças são muito baratas e todo mundo sabe arrumar.", conta a assessora de imprensa Joana Gelpi que acabou de comprar um modelo 1976 do sogro. A jornalista Carolina Ercolin relata que uma vez, o cabo do acelerador do seu Fusca 1975 vermelho - apelidado de ´Joaninha´ - arrebentou e o mecânico levou apenas dez minutos e 15 reais para arrumar.

Além da praticidade, o carro tem um charme todo especial. Segundo Carolina, "O segredo está no carinho e a estima que os mais velhos têm com o carro; no glamour - ter um Fusca é legal, já andar por aí em uma Brasília, da mesma época, é brega e antiquado; e na qualidade - qual carro com mais 40 anos está inteiro como o Fusca?"

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Para quem gosta de socializar então, é só desfilar com um pelas ruas. "É um carro que chama atenção, todo mundo olha... muita gente comenta: ´Nossa, tá inteirinho! Que graça!´, coisa que não acontece com o Scénic, meu outro carro.", explica Joana. "Também traz uma certa nostalgia, todo mundo tem uma história de Fusca pra contar. Aquela direção enorme, a janelinha, parece um besouro... é uma espécia de excentricidade. Mas confesso que acho esse charme todo sendo ele o meu segundo carro. É bom saber que na garagem tenho uma opção mais confortável, com ar-condicionado, vidros elétricos e amortecedores.", completa.

Até quando vamos cruzar com o simpático automóvel pelas ruas? André, do Fusca Clube de Mogi, acredita na existência dos veículos pelos próximos 20 anos, mas com um porém: "Acho que vai existir um número bem reduzido em relação aos dias de hoje e muito mais forte na questão de coleção, pois muitos são e irão ser substituídos por carros mais básicos, porém modernos. É natural, pois muitos que circulam não têm sequer condições de doar peças para os outros. Como ´fuscamaníaco´, acredito na existência do Fusca por longos e longos anos, pois tenho dois filhos que adoram o carro e, desde já ensino a preservá-los."

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Com o passar do tempo, o automóvel só vai se tornar cada vez mais raro, mas isto ainda está longe de acontecer. Os mais modernos que se contentem com seu sucessor, de design semelhante, mas história incomparável. O modelo sucessor do Fusca é conhecido como New Beetle. O carro é fabricado desde 1998 no México, com motor dianteiro refrigerado a líquido, que desenvolve 115 cv de potência. O preço sugerido parte dos R$ 66 mil.

Atualizado em 6 Set 2011.