Guia da Semana

Foto: Evelyn Rodrigues


O primeiro UFC ao vivo a gente nunca esquece...E eu tenho motivos de sobra para isso, afinal, o meu primeiro Ultimate Fighting Championship foi justamente o 126, cuja luta principal era, nada mais nada menos, o desafio do século: Vitor Belfort versus Anderson Silva, o Aranha, valendo o cinturão dos médios (84 kg).

Os lutadores brasileiros foram as principais estrelas da semana em Las Vegas, local onde aconteceu a luta. Só se falava disso, desde o aeroporto até os cassinos mais luxuosos da cidade. Os americanos idolatram a UFC, têm paixão por ela quase como os brasileiros têm pelo futebol. Mas o Brasil também descobriu a UFC. Prova disso foi o tanto de jornalistas brasileiros que vieram acompanhar o embate e o tanto de celebridades que fizeram questão de ver a luta de pertinho: Sandy e Lucas Lima, Xororó e Noely, Zezé di Camargo e Marcos Buaiz, Henry Castelli, Dudu Nobre...mas, na noite do dia 5 de fevereiro, eles eram todos coadjuvantes.

O duelo entre Belfort e Silva foi marcado por muitos acontecimentos de bastidores, provocações e xingamentos mútuos. Na primeira entrevista coletiva em Las Vegas, antes da luta, Anderson Silva apareceu de óculos escuros, mostrou-se bastante irônico e pouco à vontade para responder as perguntas da imprensa. Disse aos repórteres que Belfort não era o melhor desafiante que já enfrentou e que, na sua opinião, a luta seria "engraçada". Já Vitor Belfort disse, após a coletiva, que não precisava vestir um personagem para vender mais pay-per-view.

No último treino que antecedeu a noite do embate, acompanhei o momento em que Anderson soube, pela imprensa, que Belfort tinha dito que ele estava vestindo uma máscara de insegurança. Com a provocação, na pesagem que antecede a luta, Aranha apareceu usando uma máscara branca para a hora da famosa encarada. Ele partiu para cima de Belfort e reclamou que ele falava demais. Ânimos alterados, ameaças, cinturão em jogo... eu não sabia o que esperar do momento final da decisão.

Entrei na arena do Mandalay Bay com os nervos à flor da pele...O lugar estava absolutamente lotado e os ingressos não eram baratos (chegavam a custar US$ 750). Outras lutas sucederam as três principais: Rich Franklin contra Forrest Griffin; e Jon Jones e Ryan Bader - o que só serviu para alterar ainda mais os ânimos para quem aguardava a chamada luta do século, que fecharia o evento.

E, quando o momento chegou, parecia mesmo que o coração ia sair pela boca. Aranha entrou na arena do Mandalay Bay vaiado, cumprimentou por duas vezes o mestre em aikidô e ator de Hollywood, Steven Seagal, antes de subir ao ringue, como se estivesse pedindo uma benção. A essa altura, Vitor Belfort já estava no centro do octógono, esperando pelo maior desafio que já tinha enfrentado até aquele momento pela UFC.

Nem mesmo os mais fanáticos por Anderson Silva esperavam aquele desfecho. Depois de um início de luta tenso, no qual os lutadores apenas se estudavam no centro do octógono, o inesperado aconteceu: Silva acertou em cheio no rosto de Belfort um chute frontal, seguido de dois socos, que fizeram o seu desafiante desabar antes de se dar conta do que estava acontecendo.

O golpe pareceu digno dos melhores jogos de videogame e fez que a luta do século acabasse com apenas três minutos e 25 segundos de duração. A plateia ficou atônita, enquanto via Anderson se dirigir a Belfort para verificar se o desafiante estava bem. Só após a UFC reapresentar o nocaute nos telões é que a reação do público veio. Silva entrou vaiado, saiu soberano. Vestindo a camisa do Corinthians, exaltou Ronaldo Fenômeno e Steven Seagal, com quem aprendera o golpe.

Na coletiva de imprensa, Silva afirmou que Belfort quebrou um código de honra, pois, antes do desafio do século, eles chegaram a treinar juntos. Disse que era um acordo entre os lutadores do seu time - que eles nunca se enfrentariam -, mas que Belfort aceitou o desafio de enfrentá-lo, quebrando o código e escolhendo seguir outro caminho. Mostrando-se bastante seguro e relaxado com a manutenção do cinturão, Aranha afirmou que não se importava com as vaias, e que Vitor Belfort merecia todo o respeito porque, muito antes dele, Anderson, pensar em lutar, Belfort já nocauteava os lutadores no UFC.

Após a coletiva, os lutadores se cumprimentaram. Vitor Belfort exaltou as qualidades do adversário e declarou que sentia como se não tivesse lutado e que, apesar de Anderson ter treinado os chutes ao máximo, ele só acertaria um. E foi o que aconteceu. "A noite é do Anderson... todos os méritos são dele", afirmou.

Com a luta deste sábado, Anderson Silva garantiu a sua oitava defesa do cinturão dos médios do UFC, e segue invicto com 13 vitórias consecutivas.

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Quem é a colunista: Evelyn Rodrigues.

O que faz: Jornalista e assessora de imprensa.

Pecado gastronômico: Chocolate.

Melhor lugar do Brasil: Bahia.

O que está ouvindo no carro, iPod ou mp3: Kate Perry.

Fale com ela: [email protected]


Atualizado em 6 Set 2011.