Foto: Paula Kossatz |
Morenas, ruivas, loiras, magras, gordas, feias ou bonitas. No bar, ao volante, na cozinha ou no trabalho, nenhuma mulher escapa das piadas machistas, não é mesmo?
Pois este é o mote do musical Os Cafajestes, comédia dirigida por Fernando Guerreiro, com texto de Aninha Franco. A peça é uma grande piada sobre o machismo exacerbado, reunindo diversos clichês do comportamento do cafajeste, esse tipo de homem que dá tanto trabalho às mulheres. Todo esse deboche é transportado aos palcos pelos veteranos atores Fábio Lago e Osvaldo Mil, acompanhados de Juan Alba e Leo Jaime, que estréiam no espetáculo.
Para lhe ajudar a reconhecer as características de um verdadeiro "cafa", o Guia da Semana conversou com Fernando Guerreiro, Leo Jaime e Osvaldo Mil. E eles revelam: "mulher não gosta de homem bonzinho".
Guia da Semana: Como a mulher reconhece um cafajeste?
Fernando Guerreiro: Ele é homem no sentido literal da palavra. O cafajeste toma cerveja, anda de chinelo e não passa creme no rosto. A mulher reconhece um cafajeste pelo olhar, ele tem um jeito diferente e peculiar de mirar a mulher.
Osvaldo Mil: O cafajeste tem um charme a mais que os outros. Tem mulher que vê um cara e sente uma coisa louca, uma vontade de agarrar. Esse cara é o cafajeste.
GDS: Mulher gosta de homem cafajeste?
Leo Jaime: Mulher não gosta de homem bonzinho! Elas preferem o cara que é mais difícil de conquistar, que deixa o jogo da sedução mais atraente.
OM: Nenhuma mulher quer ter um cafajeste em casa, porque ela sabe que vai sofrer na mão dele. Mas em algum momento da vida ela vai atrás de um cafajeste, que é o cara que a faz se sentir fêmea, desejada.
Foto: Paula Kossatz |
Elenco da peça com o diretor Fernando Guerreiro |
GDS: Qual o segredo para ser um bom "cafa"?
OM: O bom cafajeste é o cara adepto de uma das frases do espetáculo: "Não podemos pegar todas as mulheres, mas o importante é tentar."
FG: O segredo é ser dissimulado o tempo inteiro e ser bom o suficiente para não parecer um cafajeste.
GDS: De que tipo de mulher o cafajeste gosta?
OM: Ele prefere o ideal antigo de mulher, a recatada, boazinha, que não trabalha, não dirige e é submissa ao marido. Mas não tem um tipo certo. O cara que é cafajeste mesmo vai atrás de todas. Como dizemos na peça, "Dentre elas, prefiro todas".
GDS: Qual conselho você daria para uma mulher que está apaixonada por um cafajeste?
OM: Aproveite enquanto o lance está rolando. Com um cafajeste o negócio é só diversão.
LJ: O cafajeste exerce uma função educativa. Depois de sofrer na mão dele, a mulher aprende a dar mais valor para quem está ao seu lado. Assim como acontece com um homem que se envolve com uma mulher cachorra.
GDS: A mulher pede para o homem ser cafajeste?
OM: A mulher quer que o cara seja homem. Hoje ela tem o seu espaço, trabalha, tem suas responsabilidades, mas quando ela volta para casa ela quer ser mimada, quer colo, quer ser acariciada.
LJ: Antes a mulher tinha mais tempo para a família. Hoje as mulheres têm mais responsabilidades e se cobram demais, precisam ser uma boa esposa, profissional, mãe. Acho que, de certa forma, a mulher lamenta alguns progressos que ela conquistou e sente falta da zona de conforto em que viva antigamente.
GDS: Todo cafajeste é machista?
LJ: Ele tem que ter uma boa dose de machismo. Na peça, a gente faz uma piada em cima disso. Os homens reclamam das mulheres, mas no fim eles se derretem por elas. Na verdade, é a mesma coisa que a mulher faz, ela reclama dos homens, mas não consegue viver sem.
FG: A comédia faz uma crítica ao machismo, mas na minha opinião, a mulher alimenta o machismo, por isso que a peça faz tanto sucesso com o público feminino. A mulher reclama que o cara briga muito, é grosseiro, mas ele só faz isso porque ela deixa.
GDS: Desde 1994, quando a peça estreou, a relação entre os homens e as mulheres mudou muito. Vocês retratam isso na peça?
FG: Sem dúvida. Hoje, o papel do machismo é ainda mais ridículo do que antigamente. Mudamos o texto, cortamos algumas piadas e músicas relacionadas à violência e incluímos esquetes referentes à magreza e ao excesso de cirurgias plásticas. Pô, quem gosta de abraçar poste é cachorro! Homem gosta de ter onde pegar! Hoje, se você for beliscar a mulher o dedo escorrega.
Serviço Espetáculo: Os Cafajestes. Texto e seleção musical: Aninha Franco. Direção: Fernando Guerreiro. Elenco: Fábio Lago, Juan Alba, Leo Jaime e Osvaldo Mil. Rio de Janeiro Teatro das Artes - Shopping da Gávea. Tel.: (21) 2540-6004. Data: de 9 de setembro a 28 de outubro. Horário: segundas e terças, às 21h. Preço: R$ 50,00. São Paulo Teatro Procópio Ferreira Tel.: (11) 3083-4475 Data: de 1º de outubro a 27 de novembro. Horário: quintas, 21h. Preço: sob consulta. |
Atualizado em 10 Abr 2012.