Guia da Semana

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Risco. Provoca uma emoção ligada à incerteza que dobra a sensação de vitória quando ela é atingida. Somado ao dinheiro, torna-se a combinação perfeita para os apreciadores e praticantes de jogos de azar, tais como bingo, loteria, corrida de cavalos, jogos de baralho, entre outros. A atividade pode ser comparada a investimentos na Bolsa de Valores, pois ao mesmo tempo em que uma grande quantidade de dinheiro entra com rapidez, pode ir embora com mais velocidade ainda. Mas infelizmente, a prática constante pode levar ao vício comportamental, conhecido como jogo patológico. Atualmente, 4% da população mundial enfrenta algum tipo de problema em relação ao jogo.

Entre os jogos de baralho, o pôquer é o mais popular dentro da classe de jogos de aposta. Praticado na maioria por homens, rodas entre amigos podem durar até o nascer-do-sol, normalmente regadas a muito whisky e charutos. Mas como os encontros não acontecem com a freqüência que muitos gostariam, hoje existem recursos alternativos. O diretor de arte Caio Nery jogo praticamente todos os dias pelo computador: "No online, o pessoal se fala bastante pelo Skype. A gente se reúne todos os dias, mas cada um da sua casa."

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O jogo é bastante interessante, pois não envolve apenas a sorte e a combinação de cartas. É necessário convencer os demais adversários de que você tem um jogo muito bom, quando possui um pequeno, a chamada arte de blefar. Para Caio, "Não se ganha sem blefar." O diretor de arte já participou de alguns campeonatos, e em julho passado esteve em Las Vegas. Chegou a ganhar US$ 1 mil no cassino. Ainda conta que o modo de jogar dos americanos é diferente: "Eles têm o jogo em sua cultura há muito mais tempo do que nós, brasileiros. O jogo deles é mais racional e matemático. É por isso que quem estuda o jogo a fundo é vencedor em qualquer lugar. Mas o cenário do pôquer no Brasil está melhorando a cada dia. Temos até um brasileiro no Team Poker Stars."

Jogada mais valiosa: royal straight flush
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Em contraponto ao bingo e à loteria, em uma partida de pôquer o jogador pode mudar sua própria sorte a qualquer momento, e ainda tentar influenciar os demais adversários para chegar à vitória. Talvez por isso seja tão apreciado. "A segunda melhor sensação proporcionada por uma mesa de pôquer é segurar um jogo muito bom na mão, e apostar sem demonstrar. A primeira é chamar uma aposta com nada na mão e descobrir que seu oponente tinha menos do que você!", conta Caio.

Além da internet, hoje já existem programas de televisão onde é possível acompanhar partidas entre os melhores do mundo e tentar aprender um pouco da técnica, mas somente eles não bastam para um bom aprendizado. Quando a prática começar a se tornar algo excessivo, o jogo é supervalorizado e jogador e família são prejudicados, é preciso tomar cuidado. Segundo a psicóloga Danielle Rossini, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e do Ambulatório do Jogo Patológico, "Os jogadores compulsivos são aqueles que apresentam descontrole e transtorno psiquiátrico. Eles passam o dia no bingo, faltam o trabalho para jogar, armam estratégias para vencer a incerteza, mas não se divertem com isso. Quanto mais perdem, mais jogam na tentativa de recuperar o que perderam."

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Algumas reações que caracterizam os compulsivos são: a perda de controle sobre as apostas, não conseguir parar, sempre gastar mais do que ganham, omitir a extensão do problema e tentar obter mais dinheiro de outras formas para pagar dívidas em função do jogo. Danielle ainda explica que jogos de respostas imediatas, como os de máquinas eletrônicas, viciam mais rápido. Na loteria, por exemplo, o resultado demora um tempo maior. Além de causar sofrimento aos familiares e amigos do dependente, um dos maiores prejuízos é justamente o financeiro. "Quem é alcoólatra, não bebe o salário de um mês em apenas uma noite, já o jogador consegue rapidamente perder tudo."

Problemas como depressão e ansiedade podem estar escondidos por trás do vício. É preciso fazer tratamento e ficar longe das apostas. Usar o bom senso também nunca é demais em qualquer momento, principalmente nos jogos que envolvem dinheiro, para saber sempre a hora certa de parar.


* A legislação brasileira nunca autorizou jogos de azar, ao longo de toda sua história.

Atualizado em 6 Set 2011.