Guia da Semana

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Alguns domingos atrás, no caderno Mais da Folha de S. Paulo, o colunista Marcelo Leite, que escreve sobre ciência, resolveu falar de aquecimento global. Até aí nada de novo. É o assunto do momento. Transformou até mesmo os velhos usineiros em heróis nacionais. O interessante é que resolveu descer a lenha (de madeira certificada, espero) na campanha nova da Diesel, que tem o lema "Global Warming Ready".

A campanha pode ser vista no próprio site da Diesel. Têm fotos de uma Paris tropical, araras na Piazza San Marcos e o Mount Rushmore parcialmente encoberto pela água. Está repleta de modelos se lambuzando de protetor solar naquelas poses sensuais que toda GQ ou Vogue conhece muito bem. Pura sacanagem, mas totalmente inofensivo na minha humilde opinião. Ou a "ração cotidiana de nonsense da publicidade de moda" na opinião do Marcelo Leite.

A verdade é que nós publicitários, tidos como levianos e superficiais, sabemos rir da desgraça. E acho que essa característica pode ter suas vantagens - ok, chamai-me de leviano e superficial. O fato das maiores agências do Brasil estarem em São Paulo nos ajuda a buscar sempre um lado positivo para as coisas. São Paulo é cidade feia, desconjuntada, sem charme, sem vista. Mas a gente gosta. E tira sarro dela. E xinga o trânsito. E sacaneia as calçadas esburacadas. E brinda o congestionamento na sexta à noite, que nos dá a chance de beber mais uma com os amigos enquanto a hora do rush se transforma em "horas" do rush.

Imagina se tem cabimento tirar sarro do aquecimento global. Deve ter um monte de gente falando isso ao se deparar com a campanha da marca italiana. Acho que temos mais é que dar risada. Quanto mais falarmos do assunto - da maneira que for - mais pessoas tomarão conhecimento da destruição do planeta. Nada mais chato que discurso dos eco-chatos. Pelo menos assim a galera mais jovem presta atenção. Ou sei lá também. papo-cabeça demais.

Outro dia encontrei outro exemplo de anúncio pegando carona no aquecimento. Uma mulher de biquine dourado, um corpaço daqueles que só o photoshop sabe esculpir e uma garrafa de cerveja estupidamente gelada na mão. O texto dizia: "Agora só falta um verão de doze meses. Bem, 2050 tá logo aí". Olha só que idéia genial: vamos vender muito mais cerveja se o mundo aquecer! Verão eterno. Bundas eternas. Viva a emissão de carbono! E vamos para o bar que o trânsito tá parado.

Leia a coluna anterior do James:
  • O estilo do poeta: A arte da conquista do poeta chileno Pablo Neruda: mar, vinho, humor, boina e, claro, poesias!



    Quem é o colunista: James Scavone

    O que faz: Diretor de Criação da Salem

    Pecado gastronômico: bala de goma

    Melhor lugar do Brasil: Trópico de Capricórnio

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  • Atualizado em 6 Set 2011.