Um homem pode acompanhar um filho no seu crescimento e necessidades, e isso independe do sexo
Conforme os anos passam, o espírito aventureiro diminui, o instinto pegador cessa e é hora de pensar no futuro. Nesse momento, muitos homens desejam ter algo para chamar de seu, que não seja o possante conversível ou a TV de 42' para ver o futebol de domingo. Casados, solteiros, viúvos ou separados, a vontade de ter um herdeiro tem feito muitos homens encararem sozinhos o desafio de educar os filhos como pais solteiros, sem medo de abrirem mão da liberdade.
Há exemplos de famosos que são pais solteiros por fatores diversos, como os atores Cássio Reis, pai de Noah, fruto do relacionamento com a atriz Danielle Winits, e Vladimir Brichta, que brigou na justiça com a avó da filha após a morte da esposa. Já o cantor Ricky Martin, pai de gêmeos, e o jogador de futebol Cristiano Ronaldo, que anunciou recentemente no Facebook que já tem um herdeiro, optaram pelo serviço de barriga de aluguel e criam os rebentos como "produção independente".
Portanto, o que era um mundo tipicamente associado à rotina feminina, com tarefas como acordar cedo, dar banho nas crianças, levar para a escola, ajudar no dever, comparecer na reunião de professores, preparar o almoço e o jantar, trabalhar e ainda arranjar pique para se divertir com o pequeno no fim do dia, hoje descreve afazeres normais para os marmanjos que se dispõem a tomar conta de seus filhos.
Vida real
Aggeo Simões, 43, é um exemplo disso. Separado da esposa, ele conquistou a guarda compartilhada da filha, hoje com sete anos, e decidiu dividir suas experiência no blog Manual do Pai Solteiro. "Sempre quis ser pai, desde bem novo. Quando me entregaram a pequena, para que eu a limpasse, fiquei sem chão, morrendo de medo de fazer alguma coisa errada. Sozinho, demanda mais confiança, atenção, cabeça aberta para aprender e principalmente humildade. Errar é normal, insistir no erro é irresponsabilidade", confessa.
Foto: Thinkstok
Mesmo com a rotina atribulada, é necessário encontrar um tempo para se dedicar aos pequenos
Para se adaptar a vida com os pequenos, não necessariamente o pai deve querer ocupar o lugar da mãe e isso deve ser deixado claro para o filho. De acordo com o psicólogo, pai ou mãe podem cuidar de uma criança, sem que isso os torne dois em um. "Suprir não é possível. Isto não quer dizer que a criança esteja fadada a fracassar em sua vida. Qualquer ausência pode ser superada, não sem dor", afirma.
O medo de encarar o papel de pai em carreira solo parece ser ainda maior quando se tratam das princesinhas. Muitos pais de meninas encontram dificuldades, seja para escolher as roupas, os detalhes da decoração do quarto ou material escolar. Nessa hora, vale recorrer a uma opinião feminina. Aggeo bem sabe o que é passar por isso: "Quando eu morava com a mãe dela, trocava fralda, dava banho, comidinha, mas só de vez em quando. Tive que aprender mesmo quando me separei. Ela tinha um ano e meio e mesmo assim dava medo. Enchia o saco da minha ex- e de minhas amigas pedindo dicas", afirma o pai.
Muito por conta da insegurança, outro erro comum dos homens nessa situação é apelar exageradamente para a babá. Em muitos casos, eles veem nas ajudantes uma forma de suprir a falta de uma figura materna para a criança. Mas, segundo o psicólogo Sócrates, isso é um erro. "Babá é para ajudar quem irá criar e não para substituir o que falta. Crianças devem ser criadas por seus pais, e a ajudante oferece um suporte para os pais, não uma solução".
Um homem pode acompanhar um filho no seu crescimento e necessidades, e isso independe do sexo. As crianças precisam de contato e cuidados que não são substituídos por dinheiro ou objetos. "Antes de ter filhos avalie o tempo que terá disponível para eles. Antes de qualquer coisa, elas devem ser acompanhadas", indica o psicólogo.
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A vontade de ter um herdeiro tem feito muitos homens encararem sozinhos o desafio de educar os filhos
Rotina
Muitos pais não têm a possibilidade de abrir mão da carreira profissional ou adequar o horário à agenda do pequeno. E nem todos os dias é possível dar a atenção que o filho merece e precisa. Mas essa ausência pode ser recompensada de formas diferentes. E a saída que Aggeo encontrou foi o home office. "Há dias que estou cansado, sem a paciência que ela merece. Mas ela é a prioridade. Na maioria das vezes, trabalho em casa, e isso facilita minha vida. Continuo fazendo tudo o que fazia antes, mas com um pouco de improviso", afirma.
Para o futuro, o autor do blog pretende fazer de sua pequena uma adulta feliz, responsável, autônoma e com valores. "Tanto para mim, quanto para minha filha desejo muita saúde, criatividade e longevidade para enfrentar a vida com amor e trabalho", conclui o pai.
Atualizado em 1 Dez 2011.