Por Ina Gracindo
No geral temos uma noção confusa do amor. Normalmente nomeamos de amor a paixão e o apego, que se torna ódio quando um relacionamento termina. O amor não precisa criar alimentos artificiais para existir e se manter e não termina quando não é plenamente satisfeito, porque não depende de ações ou julgamentos, é completo em si mesmo.
Difícil reconhecermos, ainda não estamos prontos ou desenvolvidos para um sentimento desse tipo, não conseguimos sequer percebê-lo tão envolvidos que estamos em conquistar, manter, cansar e rejeitar, tão confusos com diferentes ofertas e possibilidades. Para que ter um só ao invés de vários? Não se trata de quantidade que buscamos, mas de qualidade que exige o tempo e atenção que queremos para nós, mas não estamos tão dispostos quando se trata do outro.
A paixão precisa do incêndio, da exposição, de um alimentar constante como uma fornalha que gera energia em uma máquina, precisa ter suas necessidades atendidas, tem urgência, não pode parar quieta para perceber o que está acontecendo, porém no momento em que o combustível termina, que o estímulo cessa ou se cansa, esse suposto amor toma o rumo contrário e se sente roubado e traído. A pessoa percebe sua intimidade exposta, se sente rejeitada e a menor perspectiva de ver o outro feliz sem seu amor é imensamente dolorosa e perturbadora, como se estivesse sendo logrado apesar de te ser se doado tanto e até o que às vezes nem tinha para si.
Viver uma paixão assim é ser um mártir ou uma vítima acometida de uma doença crônica, porque essa é a sensação da paixão, um estado febril constante. O físico passa a ter estímulos positivos ou negativos o tempo todo, não tem tranqüilidade, há uma necessidade de manter-se exposto para medir a quantidade, a qualidade e a extensão do sentimento; não é amor. Amor não é quantitativo. Presente sem que seja necessário, presente porque essa é uma qualidade do amor. Exige treinamento doar sem se sentir herói, mártir ou vítima.
Os mais céticos qualificam a paixão de explosão hormonal. Quando tudo termina é possível morrer de amor ou adrenalina, como queira, o corpo se sente realmente doente e reage como tal. Todos nós conhecemos a sensação. E aí de uma parte ou das duas vem a dúvida: ficar ou sair? A avaliação é individual, mas a certeza é que se não fomos felizes nessa relação, temos que fazer uma avaliação profunda de nós mesmos, daquilo que queremos e da forma que estamos trabalhando para alcançar nossa meta, senão vamos mudar só o nome do namorado(a), mas em essência ele(a) vai continuar o(a) mesmo(a), se repetindo em outros(as), porque continuamos a buscar no lugar errado e de maneira errada, sem deixar que o amor aconteça, perseguindo-o constantemente. Não vai nascer nunca laranja de uma macieira, portanto se quero colher laranjas tenho que saber que árvore devo plantar.
Atualizado em 6 Set 2011.