Guia da Semana

Por Flávia Faccini

Fernanda, Helinho e Alicinha: as chaves das melhores festas

Eles são bonitos, badalados e decidem quem vai ou não aos eventos mais festejados. Suas agendas são recheadas de nomes de empresários, artistas, esportistas, celebridades e socialites, e ter o nome de um deles no convite funciona como uma grife, uma espécie de garantia de festa descolada.

Quem pensa que a vida dos produtores de eventos, porém, é pura badalação, comete um engano. Muitas vezes, a rotina consiste em trabalhar até 14 horas por dia, atender um número incontável de telefonemas e pedidos e controlar aquela que é uma das tarefas mais complicadas: administrar vaidades.

O trabalho de um promoter consiste basicamente em planejar, promover e admistrar eventos para empresas ou particulares. A primeira etapa é a definição junto ao cliente do tipo de evento a ser organizado (um coquetel, festa, show ou jantar, por exemplo), o local e o número de pessoas. Em uma segunda etapa, é montada a lista de convidados, normalmente uma mistura equilibrada de famosos, socialites e anônimos endinheirados. A idéia é que o evento atraia formadores de opinião e o interesse da mídia, o que acaba divulgando a marca do cliente.

Dependendo do evento, é necessário ainda definir o cachê e tempo de permanência das celebridades. Sim, há quem cobre para comparecer a um evento. Caso a personalidade em questão esteja em evidência na mídia, o valor pode chegar a 20 mil reais por trinta minutos de permanência. Na outra ponta figuram os penetras, que ficam sabendo dos eventos pela Internet, colunas sociais ou por outros meios e fazem de tudo para driblar a segurança e os aspirantes à fama, que congestionam as linhas celulares dos promoters com insistentes pedidos de convites. Saiba um pouco mais sobre os donos da badalação.

Helinho: sorriso no rosto e 7 mil nomes no mailing

Contra o stress, yoga e shiatsu

Já passa das 8 horas da noite de uma terça-feira e a jornada do promoter Helinho Calfat , 27, está longe de terminar. Na entrada da loja da socialite Helena Mottin, verifica se está tudo em ordem, recebe celebridades e conversa com a imprensa - sem tirar o sorriso do rosto.

O promoter iniciou a carreira há cinco anos, promovendo a festa de um amigo. Trabalhava na divulgação do Mercado Mundo Mix, de São Paulo, quando foi levar um presente para a também promoter Fernanda Barbosa e não parou mais de trabalhar. Há dois anos montou seu próprio negócio e, com mais de sete mil nomes na agenda, chega a promover até cinco eventos badalados por semana.

Helinho costuma usar a sinceridade - e muito jogo de cintura - para lidar com os insistentes pedidos que recebe. "Se o evento é muito restrito e realmente não tenho como conseguir o convite, digo isso claramente. Mas jamais deixei de convidar quando foi possível", comenta.

A montagem da lista de convidados procura seguir o perfil do cliente e do produto, mas alguns nomes estão sempre presentes na lista do promoter. "Adriane Galisteu, Eliana e Gabriela Duarte são personalidades que todo mundo gostaria de ter em uma festa" , conta. E quem fica de fora? "Aqueles que querem ser malandros, exploram os outros e só querem aparecer".

Para descansar da rotina puxada, recorre a uma série de cuidados, como academia três vezes por semana e uma sessã de yoga, além de acupuntura e shiatsu. "Quanto tenho uma folga, adoro viajar, especialmente para Buenos Aires. E se estiver em São Paulo, vou a boate Pacha, onde as pessoas vão para se jogar mesmo, e não para fazer social", afirma. A receita de um bom evento? "Gente bacana, som legal e comida boa são garantias de sucesso" , acredita.

Fernanda: para fazer parte da lista, só sendo bonito, interessante ou indicado

Setenta ligações diárias e mailing vip

Já a promoter carioca radicada em São Paulo Fernanda Barbosa, 39 anos, conta com um mailing de cerca de oito mil pessoas, com nomes da moda, socialites, formadores de opinião e atores, e foi a responsável pela lista de convidados do camarote de Alexandre Accioly no show do U2 e do espaço de uma cervejaria no carnaval do Rio de Janeiro.

Fernanda começou a carreira como modelo. Morou em Nova Iorque, Paris e na Califórnia durante os 16 anos nos quais atuou na área. Em 1994, abriu uma assessoria de imprensa com a empresária Fabiana Kherlakian, que trabalhava principalmente com eventos relacionados à moda. Quatro anos depois, montou sua própria empresa, a FB Eventos.

A promoter chega a realizar quatro eventos badalados por semana e dribla com bom humor e muita paciência as 70 ligações diárias que recebe com pedidos de convite para seus eventos. Para entrar no seu mailing estrelado, existem somente duas maneiras: "Ou a pessoa é indicada ou é alguém que eu vi em algum lugar e achei bonita e interessante", comenta.

Alicinha, na foto com Marco Antonio de Biaggi: a veterana da badalação

Com ela, nada de busca e apreensão

Mais famosa promotora de eventos da cidade, a veterana carioca Alicinha Cavalcante , 44 anos e mais de dez mil eventos no currículo, conta com um mailing de mais de 17 mil nomes que, segundo ela, foram todos dados de próprio punho. Foi dela a assinatura de eventos como o show dos Rolling Stones em Copacabana e o badalado camarote da Brahma, no Sambódromo do Rio de Janeiro.

Sua estréia no ramo aconteceu em 1983, com a festa do seu próprio aniversário de 20 anos, na lendária boate Gallery, na capital paulista. O proprietário da casa, José Victor Oliva emprestou a casa para a festa de Alicinha e, surpreso ao ver que entre os convidados figuravam senadores, deputados, atores e um punhado de celebridades, convidou-a para trabalhar com ele.

Para montar uma lista de convidados, a promoter procura ficar atenta ao vaivém das celebridades: quem casou, quem separou e quem brigou, para evitar reunir desafetos e criar uma saia-justa. Existe uma regra, porém, que Alicinha jamais abandona: suas festas têm sempre mais mulheres que homens. "É uma maneira de evitar que os homens não fiquem olhando para as mulheres dos outros, tipo busca e apreensão" , afirma.

Quando está de folga, a promoter evita festas: prefere assistir a um filme em casa ou ir ao teatro. A vida badalada já lhe trouxe problemas nos relacionamentos amorosos. Alicinha já viu namoros desabarem por sua relação quase que diária com celebridades. "Viro bicho se mexer no meu lado profissional, que é um trabalho de relação com pessoas. Atendo, converso, cumprimento, vou do champanhe à cachaça com a maior desenvoltura, e não admito intromissão" , afirmou em entrevista recente a uma revista semanal. Como se vê, o jogo de cintura da promoter é requisitado também em outras áreas.

Créditos: Fernanda Barbosa/Divulgação, Helinho Calfat/Cassiano de Souza, Alicinha Cavalcanti/Flávia Faccini e Divulgação.

Atualizado em 10 Abr 2012.