Guia da Semana

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Você entra em uma loja, olha as araras, encontra aquela calça dos seus sonhos e pede o manequim 42 para a vendedora. No provador, suando e pulando muito, percebe que a calça não passa pelo seu quadril. Enquanto aguarda que a jovem lhe traga um número maior, se analisa no espelho, de frente, de costas e de perfil, tentando ver onde engordou. Chega o tamanho 44 e, desespero, o zíper não fecha de jeito nenhum. Você compra a calça 46 e sai da loja arrasada, se sentindo a mais miserável das criaturas. Já que tudo está perdido mesmo, para na praça da alimentação do shopping e come um brigadeiro. "Ah, mas isso não vai ficar assim... Depois desse doce, vou fazer uma dieta de sanduíche de alface recheado com tomate e quatro horas de academia por dia. Quando chegar em casa, arranco a etiqueta da calça para ninguém ver o manequim que estou usando".

Na vitrine de outra loja, gosta de um vestido vermelho. Sussurrando, pede para experimentar o número 46. Novamente no provador, não entende nada. A roupa está enooooooooorme, parece que você vestiu um saco de batatas. O 44 também tem muito tecido sobrando. Por fim, manda embrulhar o tamanho 42.

Afinal, você emagreceu em menos de meia hora? Óbvio que não. Ao contrário da Europa, do Japão e dos Estados Unidos, a numeração do tamanho das roupas no Brasil não é padronizada, depende do fabricante. O manequim 40 de uma marca equivale ao 44 de outra e ao 46 de uma terceira. Cada fábrica cria tamanhos próprios para a confecção das peças. Talvez isso explique porque o Brasil é um dos países onde mais as pessoas trocam roupas que ganham de presente.


Por que essa discrepância? A culpa é dos alfaiates franceses. No início do século passado, eles criaram uma fórmula para fazer as roupas femininas. Assim, surgiram as etiquetas (38, 40, 42, 44...). Elas, que até hoje existem em muitos países, nada mais são do que o número de centímetros entre o ombro e a cintura. Isso pode até funcionar com as blusas e os blazers, mas é um fiasco quando se trata de calças e vestidos. Sem nenhuma regra, as nossas confecções continuam nessa até hoje. Não pode dar certo, né?


Felizmente, esse problema está chegando ao fim. A norma NBR 13.377, da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), está em vigor e tem como objetivo padronizar o tamanho das roupas vendidas no Brasil. Por meio dela, as medidas do corpo (altura, tórax, cintura ou quadril) constarão da etiqueta das roupas - ao lado das letras P, M, G e dos tradicionais números de hoje (38, 40, 42...). Assim, se você quiser experimentar uma saia, por exemplo, bastará dizer a sua altura e a medida do seu quadril para a vendedora.

O setor infantil foi o primeiro a seguir a nova norma. O próximo deverá ser o masculino. Já, por sua complexidade, espera-se que os fabricantes padronizem o tamanho das roupas femininas até meados do segundo semestre.

Mas atenção! A norma NBR 13.377 não é obrigatória. Cabe a nós, consumidoras, exigir que seja cumprida. Ela facilitará em muito as nossas vidas, inclusive para compras pela internet. É comum vermos ótimas ofertas nos sites e não adquirirmos nada. Como ter a certeza de que a roupa servirá? Quanto às compras feitas in loco, sendo franca, vamos acabar com aquele sufoco de experimentar roupas e mais roupas em provadores mínimos e desconfortáveis. Fim da ginástica para se espremer nas peças, fim de se sentir engolida por excesso de tecido!

Quem é a colunista: Curiosa, discreta, engraçada, séria, tagarela, calada...De tudo, um pouco.

O que faz: Jornalista, escritora e equilibrista.

Pecado gastronômico: Pizza e brigadeiro.

Melhor lugar do mundo: As praias cariocas: do Leme ao Pontal.

O que está ouvindo no carro, rádio, mp3: Rádio JB FM e MPB.

Fale com ela: [email protected] ou acesse seu blog.

Atualizado em 10 Abr 2012.