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Eu adoro o programa Casos de Família, do SBT. Sempre que posso ou tenho tempo, assisto àqueles dramalhões, típicos das novelas mexicanas também exibidas na mesma emissora. De tão absurdos os temas, os participantes parecem ter sido contratados pra estar ali. Situações que nitidamente podiam ser resolvidas através de um breve diálogo em casa são levadas ao julgamento de milhões de telespectadores.
De uns tempos pra cá, comecei a perceber que além de humildes, pessoas que levam sua vida diante das câmeras de TV também possuem manias de pobreza. Essa pobreza que eu me refiro nada tem a ver com a condição financeira de cada um, com sua classe social ou raça. Realmente não é isso. A pobreza em questão é a de espírito, aquelas atitudes que são levadas em consideração sentimentos como arrogância, ganância e inveja.
Antigamente até se dizia que a pessoa não terminou os estudos pra ajudar no orçamento doméstico. Porém hoje em dia, depois de assistir a um dos Casos de Família, pude perceber que na maioria das vezes as pessoas são sacanas por natureza. Não estudar, repetir o ano letivo e arrumar filhos para os avós cuidarem são algumas das folgas cometidas pelas pessoas de baixa renda. Sem contar com as manias de pobre, que essas podemos perceber em pessoas de qualquer nível social.
Eu trabalho desde os 14 anos. Isso nunca foi um empecilho para não estudar. Trabalhava em período integral numa fábrica, e a noite estudava o colegial. Morrendo de sono, cansado, estafado, como todo ser humano. Além de não parar de estudar, jamais repeti um ano letivo. Mas nem por isso desisti dos meus objetivos.
As pessoas não levam os estudos a sério, e vão à escola pra fazer amigos, marcar baladas e tirar os professores do sério. O resultado disso é uma leva de semi-analfabetos, que mal sabe escrever seu próprio nome, muito menos falar corretamente. Uma das coisas que mais me irrita são pessoas que falam errado. Essa coisa de cortar o plural pela metade, falta de concordância verbal, excesso de letras e palavras e mesmo dialetos que alguns acreditam estar certo.
Reclamam do desemprego, da falta de oportunidade para o primeiro emprego, dos baixos salários, mas no fundo tudo isso é culpa da própria pessoa, que quando teve oportunidade não se instruiu corretamente. Depois lamentam que não possuem perspectiva na vida, planos de carreira e que vivem pra sustentar os sete filhos e agregados.
Falando em filhos, o que acontece com os adolescentes de hoje em dia que engravidam aos 13, 14 ou 15 anos? Nem procuro entender mais o que passa na cabeça oca dessas pessoas. Engravidar uma vez, mesmo que burrice, as mães compreendem e apóiam. Agora fazer mais dois filhos e dizer que isso foi o destino? Ou mesmo depois lamentar sua vida como se não tivesse sido escolha própria? Faça-me o favor. Em parte é culpa das mães, que não ensinam métodos contraceptivos para os filhos. Sim, porque num caso desses, o culpado é o casal que transou sem prevenção. O adolescente acha que nunca vai acontecer com ele. Depois ainda diz que o filho veio em má hora. Raça difícil.
Tenho uma prima que é a prova viva disso. Ela tem 28 anos, e três filhas, todas de pais diferentes. Semi-analfabeta, mal acabou o ginásio e hoje trabalha como diarista. E nós crescemos praticamente juntos. Sendo assim, será que meu futuro seria ser ajudante de limpeza de shopping center? A única coisa que limpo no shopping é minha carteira.
Até então eu falei das manias que os pobres têm. Mas e a pobreza de espírito que muitos têm e não sabem? Falar mal da vida alheia é uma delas. As pessoas não percebem, mas acabam sempre descendo a lenha em alguém, seja na amiga gorda do trabalho, seja num cunhado mala.
Outra mania de pobre é chorar miséria. Tudo bem que não se deve esbanjar o que não se tem, mas acho péssimo as pessoas que têm uma situação financeira segura, favorável, e agem de forma mesquinha com os outros. Isso me dá preguiça! Tenho um amigo que é assim. Ele veio de Recife pra São Paulo. Diz ter nível superior. Mas sorry, se veste como se passasse fome. Resolvi fazer uma boa ação: separei algumas peças que eu doaria pra uma pessoa necessitada. Peças dignas de um museu póstumo. Separei e ofereci a ele, que prontamente aceitou. Foi de coração. Mas dias depois descubro que essa mesma pessoa recebe uma renda mensal de casas alugadas em seu nome, além de seu próprio salário de professor. A doação eu imaginava que seria para uma pessoa realmente necessitada e não para um indivíduo mesquinho que não quer gastar seu próprio dinheiro em vestimentas. E pensar que eu quase me desfiz de um dos meus óculos... Deus me iluminou nessa hora.
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Quem é o colunista: Ale di Lima
O que faz: Agente artístico e freqüentador assíduo do underground paulistano.
Pecado Gastronômico: Pavê preto e branco, devorado durante o day off.
Melhor lugar do Brasil: O pôr-do-sol na praia de Ipanema.
Para falar com o Ale: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.