Guia da Semana

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*Lídia Barros, 31 anos, é empresária e tem prisão de ventre desde criança. Dores no intestino, mal-estar, barriga inchada e um pouco de mau-humor estão entre os sintomas do problema. "Nunca procurei um médico. Tenho uma alimentação irregular e como muito carboidrato, o que costuma piorar a situação. Quase não consumo frutas, legumes, verduras e fibras, não pratico esportes e não tenho costume de beber água. Talvez se eu mudasse todos os hábitos, até resolveria o problema sozinha, sem a ajuda de médicos ou remédios", diz.

Ela está completa de razão. A alimentação irregular e a falta de atividades físicas são algumas das causas da prisão de ventre, ou constipação intestinal, para usar os termos técnicos. Outros agravantes são o uso de antidepressivos, calmantes, remédios para doenças neurológicas, cálcio, falta de fibra na alimentação, estresse crônico, depressão, doenças intestinais, gravidez e doenças metabólicas como diabetes e hipotireoidismo. "Além disso, a pressa - falta de tempo para ir ao banheiro - também ajuda a ter prisão de ventre", explica a gastroenterologista Bianca Tauil.

De acordo com a nutricionista Ananda Lages, o hábito intestinal varia muito entre as pessoas, já que o número e a freqüência das evacuações dependem de fatores como dieta, ingestão de líquidos e outras características individuais. De qualquer forma, é recomendável ir ao banheiro no mínimo uma vez ao dia.

Alimentos
? Que aumentam a prisão de ventre:
Goiaba, caju, aipim, inhame, batata, chá preto, amido de milho, alimentos muito gordurosos, pão francês, banana prata, maçã, caqui, banana maçã, chocolate e derivados.

? Que amenizam a prisão de ventre (laxativos):
Mamão, manga, cereais integrais, aveia, farelo de trigo, farelo de aveia, tangerina, linhaça, alface, acelga, brócolis, chicória, rúcula, agrião, ameixa preta, laranja com bagaço, banana nanica, pêssego e abacaxi.



A prisão de ventre se caracteriza pela dificuldade em evacuar, barriga inchada, mal-estar e digestão prejudicada. Há também outros sintomas como fezes muito pequenas, duras e ressecadas, difíceis de expelir e a sensação de não ter evacuado completamente.

Quando o problema acontece, as toxinas que não são eliminadas são reabsorvidas pelo organismo, trazendo uma série de problemas, sendo o principal o câncer de colo do intestino. Outras conseqüências são pressão elevada em pessoas hipertensas, halitose e indisposição, além de prejuízos no dia-a-dia, já que as roupas ficam apertadas por conta do inchaço e a pessoa tem falta de ar e dor abdominal.

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As mulheres ainda são as que mais passam pela situação. O fato delas fazerem inúmeras dietas está relacionado a isso, já que a baixa ingestão dos alimentos traz facilidades para que o problema ocorra. O gastroenterologista Jorge Honda lembra que o fator emocional também influencia no intestino preso.

"Pesquisas mostram que as mulheres sofrem mais com prisão de ventre que os homens e que pessoas com idade avançada padecem mais que as jovens. O sexo feminino tem o problema com o avanço da idade e durante diferentes estágios como menopausa e gravidez. Entre as causas, uma das que mais está ligada ao universo feminino é a vergonha. Fatos corriqueiros como não usar outro banheiro a não ser o de casa acabam contrariando o movimento do próprio intestino. Esse adiamento constante da evacuação reduz a sensibilidade do órgão e, como as fezes permanecem mais tempo nele, ocorre maior absorção de água, levando ao ressecamento. O uso de medicamentos como diuréticos, anticoncepcionais, antihipertensivos, certos analgésicos e antidepressivos também podem causar a constipação", conta Ananda.

Tratamento

O primeiro passo para tratar a constipação intestinal é realizar uma dieta rica em fibras. Além disso, mudar os hábitos é essencial, respeitando sempre a vontade de evacuar e não deixar de fazê-la por estar em banheiros da rua ou por pressa. Caso o problema não se resolva mesmo assim, é importante procurar por um médico.

É preciso também encontrar a causa principal da prisão de ventre e tratá-la, para que não volte a acontecer.

Cuide-se!
? Acostume-se a consumir fibras na alimentação (recomendação de 25-30g/ dia), como frutas, vegetais e cereais integrais.

? Pratique exercícios físicos regularmente.

? Alimente-se em horários regulares.

? Mastigue bem os alimentos.

? Beba bastante líquido, no mínimo dois litros por dia.

? Reduza a quantidade de gordura ingerida na dieta.

? Evite bebidas alcoólicas, pois o álcool tem efeito desidratante, ou seja, retira água das fezes fazendo com que elas fiquem endurecidas e ressecadas.

? Evite chocolate, café e alimentos que "prendem o intestino" como pão francês, banana prata e aipim.

? Atenda, sempre que possível, à vontade de evacuar.

? Consuma uma colher de sopa de farelo de trigo sobre a comida no almoço e na janta.

? Não utilize laxantes por conta própria. Se você não consegue evacuar sem o uso desses medicamentos, procure um médico ou nutricionista!



Cuidado com os laxantes!

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Não se engane! Usar laxantes sem orientação médica não apenas causa a dependência do organismo, como traz efeitos colaterais. Eles podem ser necessários nas pessoas em que as mudanças de dieta não trouxeram benefícios. Mesmo assim, só resolverão a situação naquele momento, não tratando as causas.

"Os laxantes podem criar dependência e, com o passar do tempo, levam à piora da constipação intestinal, criando um ciclo vicioso. O intestino começa a depender do uso dos remédios em doses cada vez maiores. Ao longo do tempo, eles lesam as células nervosas que controlam a movimentação do intestino, piorando a constipação", explica o gastroenterologista da Casa de Saúde São José, Gerson Domingues.

Os laxantes estimulantes, como bisacodil, óleo de rícino, fenolftaleína e extrato de folha de sena, irritam a parede intestinal, estimulando a peristalse (movimento do intestino que elimina as fezes). Esse tipo de substância é adstringente e pode provocar fortes cólicas. Há também os lubrificantes, como a glicerina e o óleo mineral, que revestem as fezes e ajudam a passagem pelo reto. Contudo, o uso prolongado do óleo mineral pode causar danos ao fígado e interferência na absorção das vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K).

Os produtos formadores de bolo fecal, conhecidos como hidrófilos, são os mais indicados, pois aumentam a água desse bolo, provocando a necessidade de evacuar. De acordo com Honda, eles não acarretam irritação no intestino ou cólicas.

*O nome foi modificado a pedido da entrevistada.

Colaboraram:
? Jorge A. Honda
? Gerson Domingues
GRD Gastro - fone: (21) 2430-3377/ (21) 2430-3378
? Bianca Tauil
Downtown - Av. das Américas, 500, Bl. 04, Sl. 320 - RJ
Fone: (21) 3171-3171
? Ananda Lages
Postura Vital - Rua Paula Freitas, 78, Grupos 202 a 204, Copacabana - RJ
Fone: (21) 2545-5504 / (21) 2545-5509

Atualizado em 10 Abr 2012.