Guia da Semana



Acordar irritado por uma noite mal dormida é mais que desagradável, principalmente quando o motivo é o ronco do parceiro. As pessoas que dormem mal por causa do barulho causado pelo companheiro perdem dois anos de sono a cada 24 de relação, segundo um estudo publicado pela Associação Britânica do Ronco e da Apnéia.

Mas não é apenas quem está deitado ao lado que sofre. A pessoa que ronca também possui um sono leve e, consequentemente, seqüelas das noites ruins. As primeiras conseqüências estão no próprio casamento: 85% dos dois mil adultos entrevistados pela pesquisa afirmaram que a relação teria uma sensível melhora se o parceiro se tratasse do problema.

É importante lembrar que ronco e apnéia não são a mesma coisa. O ronco pode ser causa ou conseqüência da doença que remete à dificuldade de respirar durante o sono.

Após cada parada respiratória, o cérebro faz com que o indivíduo acorde por um período de tempo para que possa respirar, portanto o sono é fragmentado e de má qualidade. A apnéia pode causar até a morte. Das quatro às seis horas da manhã, as pessoas ficam mais propensas a mortes por doenças coronarianas, como infartos, mas o horário comum de morte por apnéia do sono é na primeira metade da noite, de acordo com especialista em sono Andréa Bacelar.

Ela explica que o ronco interfere na vida conjugal porque muita gente espera o quadro ficar complicado para resolver se tratar. O problema também compromete a vida sexual do casal, já que noites mal dormidas causam a diminuição da libido. É o que confirma a pesquisa, onde 55% dos casos tiveram interferência em suas relações sexuais.

O casal Suzete Faria e Pedro Luiz Zaine sobrevive ao problema de ronco há 25 anos. A vendedora conta que o apelido do marido é "Treme-Terra", porque ele acorda a esposa e os três filhos todas as noites com o barulho. Pedro não acreditava que fosse assim, até o dia em que Suzete e a filha ficaram acordadas para gravar o som. Ao ouvir a gravação, ele resolveu procurar um médico.

Andréa Bacelar confirma que muitas das pessoas que têm o problema não acreditam e só vão em busca de tratamento quando algum parente ou amigo alerta sobre a situação.

O sono ruim provoca alterações no organismo de quem ronca muito. Acordar cansado, sonolência, alteração de memória, dificuldades de concentração, irritabilidade, depressão, agressividade e alteração da libido são as conseqüências imediatas. Com o tempo, o problema pode causar hipertensão arterial e até doenças coronárias.

Na pessoa que não ronca, mas possui insônia, também há problemas como alterações metabólicas, mudanças comportamentais, diferenças hormonais e hipertensão arterial.

Dos 40 aos 60 anos de idade, a cada dois homens, uma mulher tem propensão a roncar. Conforme a pessoa vai envelhecendo, esse número iguala de um para um.

As causas da apnéia do sono são muitas. Obesidade, envelhecimento (com conseqüente perda de massa e tônus muscular), horários irregulares de sono, alterações anatômicas da face e obstrução nasal são algumas delas. Adenóides, cafeína, fumo e até antecedentes familiares também contribuem para o crescimento do problema.

Tratamento

Acordar cansado e dificuldades para respirar durante o sono podem ser sinais de apnéia. Se há suspeita, mas não há certeza quanto ao problema, o ideal é que se procure um neurologista. Caso contrário, vá direto ao otorrinolaringologista.

O diagnóstico dos distúrbios do sono é feito através da polissonografia. O exame pode ser realizado no laboratório do sono ou até em casa, com equipamentos portáteis que já existem no mercado. Quando a pessoa dorme, eletrodos e sensores ficam ligados a ela e uma câmera de vídeo ajuda na avaliação dos movimentos, posição, ronco e outros comportamentos.

Aparelhos dentários podem ajudar a solucionar a apnéia, mas não são totalmente eficientes. Para ter 100% de eficácia, é recomendado o uso do CPAP (Continuous Positive Airway Pressure). O uso se faz por uma máscara de silicone que fica sobre o nariz e é ligada ao aparelho, que pressiona o ar e o envia de volta para o nariz. A pressão tem por objetivo manter as vias aéreas abertas. Ele é um tratamento eficiente, mas não cura o distúrbio.

Cirurgias também podem ser realizadas nos casos de apnéia do sono. Nas crianças, apenas uma remoção de amídalas e adenóides já pode ser o suficiente, mas em adultos é necessário remover o tecido na parte posterior da garganta ou reconstruir a mandíbula. Para tanto, existem técnicas diferentes que variam de caso para caso.

Dicas para dormir bem

O sono possui estágios a serem completados. No primeiro, os pensamentos se tornam vagos e a percepção do ambiente reduz. No segundo, são gastos cerca de 50% a 60% do tempo e podemos acordar facilmente, por ser uma fase superficial. O terceiro e o quarto estágios são de sono profundo, onde apenas estímulos externos muito grandes podem acordar a pessoa.

Para aproveitar todas as fases do seu sono e acordar renovado, siga algumas dicas relacionadas abaixo:

Durma bem
? Organizar-se com horários cronometrados para dormir, tendo o hábito de deitar sempre no mesmo horário.
? Não levar problemas externos para a cama.
? Controlar a ansiedade.
? Ter uma vida estável que não traga maiores preocupações como freqüentes mudanças de residência, emprego ou companheiro.
? Durma de lado e não de costas.
? Pratique atividades físicas.
? Evite o uso de álcool e bebidas estimulantes antes de dormir (como café).
? Evite fumar ao menos seis horas antes do sono.
? Procure evitar refeições pesadas antes de deitar para dormir.
? Evite medicamentos para emagrecer ou tranqüilizantes que mexam no sistema nervoso central.
? Se possui problemas respiratórios, trate bem deles para que não haja obstrução nasal.



Teste seu sono

Escala de Epworth - Criada em 1991, é bastante utilizada pelos médicos para medir o grau de sonolência.

Observe a escala de valores:

0 = nenhuma chance de cochilar
1 = pequena chance de cochilar
2 = moderada chance de cochilar
3 = alta chance de cochilar

Agora, aplique os valores acima a cada um das situações abaixo. Em seguida, some os pontos e veja seu grau de sonolência.

1. Sentado e lendo um livro
2. Assistindo à TV
3. Sentado em um local público como sala de espera, igreja, entre outros
4. Quando é passageiro de um trem, carro ou ônibus que anda durante uma hora sem parar
5. Deitado para descansar na parte da tarde, quando as circunstâncias permitem
6. Sentado e conversando com alguma outra pessoa
7. Sentado após um almoço onde não houve a ingestão de álcool
8. No carro, quando pára por algum tempo em função do trânsito intenso

Resultados:

?Leve: 11 a 16 pontos - Não há grandes prejuízos para o organismo.
?Moderada: 17 a 20 pontos - Moderada incapacidade para realização de atividades que exijam um mínimo de atenção.
?Acentuada: 21 a 24 pontos - Incapacidade para realização de inúmeras atividades físicas ou que exijam atenção.

Colaboraram:
? Andrea Bacelar
?Autores do livro Durma bem, viva melhor, da Editora MG Editores

Atualizado em 6 Set 2011.