Guia da Semana



Você já ouviu falar em "bexiga caída"? Saiba que esta não é apenas uma expressão de linguagem. De fato, as mulheres correm o risco de queda não apenas da bexiga, mas também de órgãos como a uretra, o útero, o intestino e o reto. O problema, denominado prolapso genital, é conseqüência da fragilidade da musculatura que constitui o assoalho pélvico feminino.

O prolapso atinge entre 10% e 15% das mulheres brasileiras. Ele pode ser genético, conseqüência de um trabalho de parto prolongado, da flacidez gerada pelo envelhecimento e até da obesidade, além de ser responsável por 25% dos casos de incontinência urinária no país.

De acordo com o urologista e assistente estrangeiro da Faculdade de Medicina de Paris, Ricardo Felts de La Roca, as mulheres brancas correm mais riscos de obter o problema do que as negras, principalmente se estiverem na menopausa e com mais de 50 anos. Ainda assim, 60% de todas as mulheres acabam apresentando a queda dos órgãos.

Com a musculatura frágil e os órgãos sem sustentação, a pessoa sofre com relações sexuais dolorosas e, muitas vezes, impossíveis de acontecer. Além disso, urina e fezes também ficam comprometidos. Às vezes, a bexiga pode sair pela vagina de tal forma, que impede a urina de sair pela uretra.

Sintomas

A mulher que possui o prolapso nota um certo desconforto na região do útero. Além disso, ela pode observar, através do toque, uma pequena bola saindo da vagina. Queimação, corrimentos e sangramentos também são sinais de que algo está errado com o corpo da mulher.

A longo prazo, a pessoa percebe alterações na urina, apresentando dificuldades de urinar ou a micção é feita em dois tempos diferentes, quer dizer, não consegue urinar tudo de uma vez. Também há secreção anal neste estágio, além de uma freqüente falsa vontade de defecar.

Normalmente não há dor, a não ser em casos onde o órgão já está se projetando para fora da vagina, num estágio mais avançado.

Formas de tratamento



Da mesma forma que o câncer de mama, o prolapso genital necessita de um auto-exame para auxiliar na detecção do problema. Com um espelho, é possível observar se há uma pequena bola saindo da vagina. Através do toque, também se pode perceber a saliência. Em alguns casos, a bolinha só aparece quando a pessoa faz algum tipo de força, como para defecar, por exemplo.

Hoje, há formas para resolver parte do problema, já que a eficácia não é 100% e os bons resultados dependem da condição física da paciente e dos cuidados que ela toma após a cirurgia.

Segundo o urologista Ricardo Felts, há várias cirurgias que fazem os reparos necessários na musculatura através de uma costura, que pode estar associada ou não à retirada do útero, dependendo da gravidade do problema, além de fazer o levantamento da bexiga.

Uma nova técnica que garante 90% dos bons resultados, de acordo com o especialista, é a inserção de uma tela de fixão (feita de material plástico biocompatível), causando o endurecimento da região afetada.

Caminhadas e fisioterapias para enrijecer a musculatura são necessárias, mesmo após a cirurgia. A operação não resiste ao tempo e dura apenas alguns anos. Em uma pessoa nova, por exemplo, magra e que pratica atividades físicas, ela pode durar até dez anos. Já em uma paciente obesa em que a flacidez era maior, o tempo é de quatro a cinco anos, desde que sejam seguidos os devidos cuidados.

Para as mulheres que possuem difícil coagulação do sangue (anticoagulantes), é indicada a cirurgia com tela, por causa dos riscos de sangramento que ela corre em outras técnicas. Para quem é impossibilitado de fazer cirurgias, como pessoas cardíacas, existem moldes introduzidos na vagina e até próteses externas que podem ser retiradas para lavar.

Quem estiver com o problema deve procurar um ginecologista ou urologista. O serviço público de saúde também fornece condições para cuidar do problema.

Exercícios para fortalecimento

Pompoarismo e exercícios de Kegel são formas de fortalecer a musculatura pélvica. Toda mulher a partir dos 20 anos já pode se exercitar para evitar o prolapso genital e a incontinência urinária. Além disso, esse tipo de atividade proporciona maior prazer na hora do sexo.

As atividades são baseadas em contrações da musculatura, sendo que cada uma deve durar dois segundos e o intervalo entre uma e outra deve ser de dois a três segundos. São dez contrações de duas a três vezes ao dia.

Exercícios para fazer em casa
Deitada, eleve o quadril e o dorso e fique apoiada apenas sobre os ombros e pés. Ao elevar o quadril contraia o bumbum. Volte a deitar e relaxe os glúteos.

Sentada, deixe os pés paralelos e distantes 20 cm um do outro. Contraia os músculos da vagina como se apertasse algo dentro dela. Conte até três e relaxe. Vá aumentando a contagem nos dias seguintes até chegar a dez.



Fique em pé e flexione levemente as pernas, com as mãos na cintura e os pés a 30 centímetros um do outro. Mexa a pélvis para cima e para a frente, ao mesmo tempo que contrai a parte interna da vagina. Conte até três e relaxe.



De pé, braços relaxados e pés distantes a 20 centímetros um do outro, contraia as nádegas o máximo que puder. Conte até três e relaxe.

*Fonte: Hospital Santa Lúcia


Colaborarou:
? Dr. Ricardo Felts de La Roca
? Hospital Santa Lúcia

Atualizado em 10 Abr 2012.