Guia da Semana

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Modelo de Maverick produzido nos anos 60

Quem nunca teve uma coleção de selos, latas de cerveja, figurinhas, ou maços de cigarro? Pois é, longe das tampinhas de refrigerante, alguns preferem acumular carros antigos dentro de suas garagens. Imaginar que aquele possante já tenha atravessado diversas gerações, tocando do bolero ao eletrônico em seu rádio, pode até dar um frio na sua barriga. Mas nada que não desapareça quando se senta atrás do volante, na primeira voltinha no quarteirão.

Sucata não!

Nostalgia, mecânica, status ou até forma de investimento. São algumas das inúmeras respostas (ou desculpas) de quem tem paixão por colecionar carros antigos. Mesmo com alto consumo de combustível e, na maioria, sem alguns itens básicos de conforto e segurança dos modelos atuais, os automóveis antigos chamam atenção de admiradores no mundo inteiro. O fato é que estas relíquias se tornaram moda entre os brasileiros. De acordo com a Fundação Memória do Transporte, há cinco anos, haviam cerca de dois mil donos dessas raridades Brasil.

Hoje o número triplicou, e gira em torno de oito mil aficionados, proprietários de uma frota de 15 mil veículos. "Meu primeiro carro foi um Itamarati de 1947. Sempre gostei de carros antigos. Ia com meu pai no Pacaembu ficar olhando as exposições e achava aquilo sensacional. Colecionar para mim não é um hobby, mas sim, uma religião. Eu fiquei seis meses atrás de um Chevrolet 1947, viajei o Brasil e consegui. verdadeiramente uma paixão", afirma Leonardo Peixoto, 45 anos, membro do Chevrolet Club do Brasil de Carros Antigos e proprietário de nove antiguidades.

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O Chrysler300G sai por cerca de US$ 20 mil

Muitos ferros-velhos ainda possuem peças nacionais de décadas passadas. Isso barateou os preços e aumentou a procura por carros dos anos 50 e 60. Nesse embalo, clubes de Fuscas antigos, por exemplo, já reúnem cerca de dois mil adeptos em território nacional. Segundo a diretora do Museu do Automóvel de São Paulo, Mônica Siciliano, ser colecionador hoje é mais fácil. "Achar um profissional para cuidar reparos é a maior dificuldade. Fora isso, desde que você tenha um local para guardar os veículos, dinheiro para fazer a manutenção e aprecie os modelos, ficou bem acessível".

Cuidados especiais

Manter o carro em bom estado é a tarefa fundamental para quem deseja manter aquela caranga do tempo do seu avô. O ideal é realizar uma manutenção semanal de óleo, combustível e freios. Caso o veículo fique parado, ele deve ser deixado em cavaletes, para não deteriorar os pneus. "Hoje em dia, muitos colecionadores antigos estão se desfazendo de seu acervo e muitos outros estão começando. Mas esses novos, fazem questão de andar com todos os veículos. Isso mudou o cenário", afirma Mônica.

Mas apesar de mais acessível, recuperar a aparência original de uma sucata ainda está longe de ser algo barato. Continua sendo difícil para um colecionador comum encontrar, por exemplo, o farol de um Ford 1919 (um dos primeiros automóveis que a montadora trouxe ao Brasil). Portanto, uma alternativa para os interessados é recorrer aos clubes especializados, ou procurar outros colecionadores que possam ajudá-lo. Em último caso, sempre pode-se recorrer à Internet e ferros-velhos.

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Um Mercedes-Benz SL 190 de 1958 pode chegar até R$ 250 mil

Hora de gastar

As jóias mais procuradas do mundo automobilístico, que mexem com o sono (e o bolso) dos colecionadores, são os modelos originais de luxo. São em sua maioria, tipos importados antes mesmo que a indústria brasileira apertasse os parafusos do primeiro veículo nacional (o Romi-Isetta em 1956). Entre eles, estão automóveis de marcas como Cord, Horch, Mercedez Benz, Corvette e Mustang.

E se o seu negócio são esses brinquedinhos, é melhor preparar o bolso. Nos Estados Unidos, onde há maior oferta de modelos, a média de valor de uma raridade varia de US$ 65 mil até US$ 100 mil dólares, em média (cerca de R$ 250 mil reais). Mas quem anda apertado, com sorte, pode descolar um Chrysler 300G, da década de 60, por US$ 20 mil. Já um Mercedes-Benz SL 190, ano 1958, pode chegar até a R$ 250 mil, dependendo de seu estado. Imagina só o IPVA...

Serviço

Museu do Automóvel de São Paulo
Avenida dos Bandeirantes, nº 5051
(11) 2068-8084 / 5533-0877

Exposição no Anhembi
Avenida Olavo Fontoura (Sambódromo), portão 28.
Todas as terças, 21h. Visitantes pagam R$ 5,00 e quem para expor os veículos antigos, os valores são R$ 10,00 para carros com placa preta e R$ 20,00 para antigos ou especiais.

Atualizado em 6 Set 2011.