Guia da Semana

Foto: Getty Images


Após anos de namoro, ele ainda não decidiu assumir um relacionamento mais sério e você se sente enrolada, questionando se este aparente amor realmente tem futuro. Como diria o ditado "ou dá ou desce do meu coração", afinal de contas, o namoro também tem prazo de validade e vale a pena conferir no rótulo se esta relação já desandou ou ainda dá tempo de servir como ingrediente para uma receita final.

"Foram cinco anos de namoro. Sempre quis casar e constituir família, mas quando resolvi encostá-lo na parede e ouvi da sua boca ´Sinto muito, mas não consigo te imaginar como minha esposa e mãe dos meus filhos´, optei pelo término da relação, isto é, se ela algum dia existiu", desabafa a bancária Luciana Amorim, 29.

Para o psicólogo Alexandre Bez, o namoro ainda prepara para o casamento, mas ressalta que ele tem sim um desfecho. É um erro tremendo as pessoas acreditarem em um relacionamento, onde uma das partes pretende aderir ao matrimônio e a outra segrega esta hipótese.

O período de três anos é suficiente para o conhecimento mútuo, em pelo menos 90%, bem como estabelecer se há compatibilidade ou adequação de ideais, valores e personalidade. Ultrapassar este limite é possível apenas entre casais que tenham pré-definido este tipo de alternativa.

"Namorei durante sete anos com meu namorado e há dois estamos noivos. Este ano vamos nos casar, mas só começamos a pensar nisto, depois que eu terminei a faculdade. Eu praticamente o peguei para criar. Comecei a namorá-lo, aos 22 anos, quando ele ainda estava nos 17. Não tínhamos maturidade e nem dinheiro para assumir um relacionamento mais sério. Planejávamos concluir a faculdade, ganharmos um salário maior e aí sim casar", conta a designer editorial Bianca Lucinda, 31.

Há uma diferença astronômica entre homens e mulheres, porque culturalmente, elas estão preparadas para evoluir na relação em qualquer idade, enquanto eles só a partir da casa dos 30.

Foto: Getty Images


Bez recomenda as pessoas aproveitarem bastante a fase da solteirice e, até mesmo, do namoro a dois para se casarem maduros, já que os homens encontram a maturidade tardiamente, sendo inseguros, infantis e retardatários, ao contrário da mulher que assume uma postura mais madura e firme, enquanto integrante do processo evolutivo.

O designer, *Caio, 24, namora há quatro anos e só pretende casar daqui mais quatro, tanto pela grana, quanto por opção. Confessa que apesar de amar a namorada, ainda não se sente preparado para assumir uma responsabilidade tão grande. Quando perguntado se ele acreditava que muitos anos de namoro levavam a relação à rotina, o rapaz não se intimida e afirma convicto que sim, mas a sobrevivência da relação vai depender de como o casal a conduz.

O relacionamento não pode cair no processo de acomodação, pois dificilmente se tornará algo concreto, uma vez que caracteriza um relaxo conjugal entre o casal. Uma das partes passa a falhar em tudo aquilo que o outro espera dele. Quando o relacionamento chega a este ponto, a mulher tem a atitude de terminar, entretanto o homem costuma empurrar a situação com a barriga por conveniência, devido ao conforto emocional e a disponibilidade do sexo.

Eles ao perderem o interesse pela mulher com quem mantêm o romance passam a ser ríspidos, indiferentes e a perda do apetite sexual diminui, isto quando não é extinto. O diálogo é a base do relacionamento e na acomodação, ele deixa de existir.

A estudante de publicidade, *Amanda, 22, que o diga, pois sofre com o desinteresse sexual constante do namorado. "Se antes ele me procurava, hoje nem eu chegando junto resolve o problema. Não fazemos sexo como antes, aliás não estamos fazendo. É brochante, mas acredito que o nosso namoro caiu na rotina, depois desses três anos e cedo ou tarde iremos nos separar".

Ícones inatos do fracasso sentimental, a perda da paciência e a falta de atenção são os primeiros indícios da provável plaquinha ´proibido continuar´. Bez explica que a partir do instante em que qualquer outra atividade for mais importante do que ouvir atenciosamente o parceiro, não há mais relação.

Foto: Getty Images


"Estamos juntos há seis anos e sinceramente não pretendemos assinar papéis. Vamos morar juntos daqui alguns meses. Se tudo der certo e conseguirmos agüentar um ao outro, talvez cogitaremos o casamento, mas é um passo muito largo na vida de alguém e só deve ser dado quando ambos tiverem certeza de querer se prender por vontade própria, anuncia a odontologista, Fernanda Zelc, 32.

Segundo Bez morar junto é muito mais fantástico do que casar de cara, porque ele mostra se o casal está ou não preparado para enfrentar as adversidades da rotina a dois. Esta opção da vida moderna beneficia a futura união estável, possibilitando a experiência na prática da divisão de contas, respeito com a individualidade e a resistência do sentimento por se verem a todo momento.

"A melhor maneira de um casal se conhecer para saber se possuem afinidades, antes mesmo de engatar namoro, é através do ficar. Este relacionamento existe desde a década de 80, onde as pessoas falavam em sair para se conhecerem, sem maiores pretensões". Mas o especialista completa, alertando que ficar por ficar, não acrescenta e contribui para a banalização do namoro. Esta relação consiste em conhecer o outro sem compromisso, porém não inclui atividade sexual".

Para o autor do livro A Fila Anda, mas não empurra que é pior , todo casal deve estar ciente de que existe uma concorrência muito forte e sempre há alguém querendo ocupar lugares vazios. "Partindo desta premissa, eles tendem a cuidar mais da relação de longo prazo, para que ela se mantenha. Inevitavelmente, é preciso um esforço contínuo de pensar no outro e de satisfazê-lo, a fim de obter o sucesso individual nas relações amorosas".

Colaboraram:
? Alexandre Bez
? André Maciel
? Luciana Amorim
? Bianca Lucinda
? Fernanda Zelc
? *Amanda
? *Caio

Atualizado em 6 Set 2011.