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Relacionamentos na geração eletrônica

Se tivermos, de algum modo, conectados, todos em breve surpreenderemos ou seremos surpreendidos. Estamos à mostra e à prova para quem interessar.

Por Redação Guia da Semana

Foto: Photocase.de


Já que estou estreando numa coluna virtual, vou começar falando de tecnologia. Já imaginaram o que seria de nós sem ela, esta espécie de deusa da informação que vem para agilizar, armazenar, aproximar, comunicar... Que a cada segundo se supera e se transforma? Pois é, mas graças aos seus milagres, é grande o número de pessoas que já terminaram um relacionamento ou tiveram problemas em suas relações.

No mundo hightech, você pode não ser você no seu Msn; seu Orkut pode ser visitado por amigos, mas também por inimigos, ex-namorados e outros engraçadinhos que têm tempo livre; sua caixa de e-mail pode ser lida por quem tem a sua senha, assim como os seus recados do celular podem ser ouvidos por alguém que não é você. Não quero criar com isso um pânico cibernético, mas seria bom pensar a respeito.

Foto: Photocase.de
Semana passada uma amiga terminou pela segunda vez um namoro por causa de um celular. Há um ano e meio, ela namorava um cara que julgava ser o príncipe da sua vida. Até que, na sala de espera do alergista, seu telefone toca, sem ela escutar. Depois de ser liberada da consulta, ela vê que tem um novo recado e disca para ouvir. Em vez de uma mensagem carinhosa, minha amiga ouve todas as loucuras que o sujeito havia aprontado durante uma viagem que ele havia feito. Na gravação, se ouvia coisas do tipo: "puxa, aproveitei que minha namorada tinha que trabalhar... ah, me arrependi, só fiquei com duas..." Na verdade, o infeliz (porque oh, cara azarado) discou para o número dela sem querer, ela não atendeu e no espaço da caixa postal ficaram registradas todas as confissões que fez para o amigo.

Ah, fiquei tão arrasada pela minha amiga. Não tinha o que dizer. Apenas aquilo que a gente sempre diz para alguém querido que termina uma relação: ele não te merecia, você vai encontrar alguém muito melhor... Mais tarde, foi inevitável pensar que, além de tudo o que já foi dito, a tecnologia também pode ser um monocanal direto de Deus (pode acreditar!). Vai que a menina só descobre isso depois que casa! E essa não foi a única vez.

Foto: Sxc.hu
Da primeira vez, o namorado encheu a cara, discou para ela e perguntou por outra. Claro que ela reconheceu a voz do rapaz e o nome da ex-namorada. Claro que depois ele falou que não era ele, mesmo ficando registrado o número do seu celular no aparelho dela. E claro que ela não acreditou. Ainda bem! Minha amiga é uma pessoa lúcida, mas há quem duvide depois de tantas evidências...

Soube outro dia que o casamento dos pais de uma outra conhecida estava por um fio porque sua mãe foi fazer um pagamento pela internet e leu um e-mail do marido combinando um encontro com outra. Sabe aquele ditado "Quem procura acha"? Isso não existe mais. A alienação é condição temporária até para os mais descansados.

Foto: Sxc.hu
Ontem mesmo, uma pessoa muito chegada a mim confessou que estava sofrendo pelo medo de ficar viciada em Orkut. Ela viu que uma garota havia convidado o seu namorado (de três semanas) para um chope. Rapidamente ela foi no perfil da garota para ver o que o rapaz havia respondido. "As informações ficam muito à mão e fica difícil controlar a curiosidade", dizia ela. Mas isso é curiosidade ou vontade de controlar? Imagina namorar outra pessoa em função do que ela escreve no Orkut! Como se pode ver, é uma questão de pouco tempo ou de apenas um clique. Se tivermos de algum modo conectados, todos em breve nos surpreenderemos ou seremos surpreendidos. Estamos à mostra e à prova para quem interessar, mas temos que preparar os nossos relacionamentos para suportar tamanho fluxo de informação.

Talvez a saída seja fortalecer o quanto pudermos os laços de confiança entre nós e nossos parceiros e, claro, mais do nunca, conhecer bem a pessoa que está do nosso lado. E nada de se apegar a alguém que, no fundo, no fundo, você sabe que não tem nada a ver com você, por medo de ficar só! Com tanta informação, fica também muito mais fácil conhecer pessoas novas e se apaixonar novamente!

Quem é a colunista: Daniele Monte Carvalho.
O que faz: sou jornalista e atuo como assessora de imprensa.
Pecado gastronômico: Ba-ta-ta Fri-ta!
Melhor lugar do Brasil: Rio de Janeiro (RJ).

Fale com ela: [email protected].





Atualizado em 6 Set 2011.

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