Foto: Sxc.hu |
O planejamento familiar é direito assegurado pela Constituição Brasileira, no artigo 226. As pessoas podem controlar sua fertilidade e o Estado deve disponibilizar técnicas que contribuam para esse controle. Em termos gerais, quem pode fazer cirurgias de esterilização são homens e mulheres maiores de 25 anos ou com pelo menos dois filhos vivos.
Da mesma forma que os casais têm o direito de não ter filhos e tomar providências para isso, eles podem se arrepender. De acordo com o médico Dráuzio Varella, 20% das mulheres esterilizadas se arrependem depois do processo.
Os homens também têm o sonho de serem papais. Para isso, a cirurgia de reversão da vasectomia existe e pode ser realizada naqueles que tenham sido esterilizados há, no máximo, 15 anos. Estastísticas indicam que 2% a 6% dos homens vasectomizados buscam a reversão.
Um estudo do Vasovasostomy Study Group mostra que uma média de 75% dos homens que optam pela nova cirurgia são aqueles que se casaram novamente e 10% são casais que desejam ter mais filhos na relação.
Segundo o urologista Mário Delgado, as chances do homem engravidar sua companheira após a reversão são menores do que antes da cirurgia de vasectomia. Veja a tabela:
Tempo de vasectomia | menos de 3 anos | 3 a 8 anos | 9 a 14 anos | mais de 15 anos |
Espermatozóide presente | 97% | 88% | 80% | 70% |
Taxa de gravidez | 75% | 55% | 45% | 30% |
A cirurgia para reversão dura de duas a três horas e pode ser feita com anestesia local. O bloqueio depende muito das características de cada paciente e as condições em que a vasectomia foi realizada.
Cerca de 15 dias após a operação, o homem já pode voltar a ter relações sexuais normalmente e a dor no pós-operatório é mínima. O preço varia de R$2.500,00 a R$20 mil, dependendo do local onde é realizada.
Antes e depois
Foto: Clínica Dr. Mário Delgado |
Sutura final do canal deferente |
A cirurgia é simples e o único risco é de não ser eficaz, de acordo com o especialista em reprodução assistida José Geraldo de Aguiar. No pré-operatório, alguns cuidados são essenciais: jejum e exames (caso o paciente possua uma patologia que necessite de controle) e raspar muito bem os pêlos pubianos e da bolsa escrotal.
Uma hora após a reversão, o paciente tem alta do hospital. É importante que se tome as medicações indicadas pelo especialista, faça curativos todos os dias até a queda do último ponto e um repouso de pelo menos cinco dias. Em quatro dias, o paciente já está pronto para voltar ao trabalho.
Em relação aos filhos, não há estatísticas que comprovem maiores possibilidades de malformação congênita por causa dos pais que realizaram a operação. Da mesma forma, a mulher não terá maior ou menor chance de ter filhos gêmeos.
O procedimento deve ser realizado em uma clínica médica bem estruturada ou num hospital. Durante o processo, o urologista utiliza um microscópio óptico para identificar, documentar e operar o canal deferente (canais que transportam os espermatozóides do testículo até a uretra), através da anastomose tipo boca a boca. A operação consiste em refazer a anatomia do canal.
O processo inclui a "dissecação (limpeza dos tecidos adjacentes ao deferente) dos canais deferentes e posterior sutura ou ligação dos mesmos para refazer o trajeto original dos espermatozóides", diz Aguiar.
A técnica é realizada dos dois lados e a pele é suturada com cinco a oito pontos que cairão sozinhos. Os fios de sutura são feitos de um material especial de microcirurgia e são mais finos que um fio de cabelo.
Após um mês de cirurgia, o paciente deve dirigir-se ao laboratório para fazer o exame espermograma, que vai diagnosticar se a reversão deu certo. Dados do especialista Mário Delgado mostram que pacientes com até sete anos de vasectomia têm cerca de 80% de chances da reversão ser bem sucedida. Após sete anos, as chances diminuem gradativamente.
Aguiar conta que as possibilidades que o exame revela são uma amostra dentro da normalidade, ou com alterações da qualidade dos espermatozóides ou com azoospermia (ausência dos espermatozóides).
Tire suas dúvidas sobre a cirurgia de vasectomia
Pesquisas já tornam possível a criação de espermatozóides a partir de células-tronco. Saiba mais!
Colaboraram:
? Jornal do Senado
? Mário Delgado
? José Geraldo de Aguiar
? Nilo Frantz
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Atualizado em 10 Abr 2012.