Por Mariana Marchi
Desde menina, sempre tive um interesse especial sobre moda e tendências. Veio o convite para escrever para o Guia da Semana. Daí veio a pergunta: sobre o que escrever? Garimpar, gogglear, folhear - fiz de tudo. Moda praia? Clichê. Virada para 2007? Azar o meu, já fizeram uma coluna sobre esse tema.
Melhor esfriar a cabeça e tomar um café com um amigo meu. Quem sabe juntos, eu chego ao tema. Nada de café, foi mesmo um bom cappuccino com biscoito de baunilha. Ouvi dizer que glicose melhora o desempenho e aumenta a atividade cerebral.
- "Por que você não escreve sobre os sacrifícios que a mulher faz?", ele sugeriu.
- "Eu não faço sacrifícios", disse com o peito estufado - que, aliás, está cheio de mil novas sardas e aparente vermelhidão. Acho uma enorme chatice essa história de protetor solar.
Voltando ao peito estufado, naquele momento estava certa de que não sou uma mulher de sacrifícios. Simples assim, como um mais um é igual a dois. No mesmo dia, precisamente à noite, pensei sobre o significado de um sacrifício. Não busquei no dicionário, achei melhor entender o que a palavra representa para mim. Deixar uma prioridade de lado, em nome de algo que não seja importante? Isso. Como uma renúncia, a vaidade simboliza o que não é importante, no caso.
Alongamento de cílios: duas horas de olhos fechados com uma esteticista colando cópias sintéticas, uma a uma, nos meus naturais. Por volta de oitenta fios, secando com cola química. Tudo bem, eu fiz, mas discordo que tenha sido um sacrifício. Não fiz renúncias, nem deixei algo que me importo de lado. Afinal, o que eu sempre quis mesmo era ter os cílios da boneca Emília. Nessa prova, acho que passei.
Fazendo uma análise combinatória, o engraçado mesmo foi observar a relação dos homens com a vaidade feminina. Como uma regra de três mal resolvida, ou um gene que parou para tomar uma cerveja e perdeu essa aula, os homens têm, em sua maioria, nota vermelha no assunto. Eles não discutem sobre a necessidade da mulher em ter uma bolsa que custa os olhos da cara. Nem mesmo apreciam ou desgostam dela. Já o par de scarpins, salto 8.5, tortuosamente, aparenta uma ratoeira. Diz: "Como você consegue usar isso?"; "Estes brincos de apertar não são como um beliscão eterno?" Sobre os clássicos, mas já não mais in, brincos de pressão. "Essa chapa de ferro a 100 graus um dia vai grelhar sua orelha!".
Formulei uma equação mais simples que talvez esclareça estas diferenças. A mulher: sapato, sandálias, rasteirinha, plataforma, bota, calça (e suas tremendas variações: boca de sino, skinny, reta), bermuda, short, saia, ou short-saia, camiseta, camisa, tomara- que-não-caia, blusinhas justas, mais soltas, com ou sem mangas; bolsa, brinco, colar, bracelete, cabelo curto, comprido, enrolado, liso, maquiagem. Se eu for longe o texto vai se tornar uma progressão geométrica! O homem: tênis, sapato, ou sapatênis, calça, bermuda, camiseta, camisa, cabelo curto (por favor), carteira. Esqueci de algo?
É matemática pura! O número de possibilidades do universo feminino é infinitamente maior que o do masculino. Tão simples que Malba Tahan escreveria um livro sobre. E pensar que eu já fui uma péssima aluna de matemática.
Foto ilustrativa: Stock.XCHNG
O que faz: Publicitária, trabalha no Atendimento da Salem Marketing Direto.
Pecado gastronômico: abrir a geladeira quando chego da balada.
Melhor lugar do Brasil: Restaurante Ritz.
Fale com ela: [email protected]
Atualizado em 6 Set 2011.