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Drogas e álcool. Clínicas de recuperação estão espalhadas por todo o país. No entanto, algumas pessoas querem ter apenas alguém que as escute, e, com isso, conseguirem superar seus vícios. Apesar de anônimos, grupos como AA (Alcoólicos Anônimos) são bastante conhecidos em toda a sociedade.
E quando a dependência vai além da droga? Algumas pessoas possuem vícios diferentes como comer exageradamente ou amar demais. Para elas, também existe auxílio e anonimato.
O sociólogo e professor da Universidade de São Paulo Edemilson Antunes de Campos explica que os grupos de mútua ajuda são associações que reúnem pessoas na busca de superar vícios ou comportamentos compulsivos que levaram a uma vida destrutiva e até à exclusão social.
No Brasil, há pelo menos 17 grandes associações, destacando-se os Alcoólicos Anônimos (AA), Narcóticos Anônimos (NA), Comedores Compulsivos Anônimos (CCA), Mulheres que Amam Demais Anônimas (MADA) e Neuróticos Anônimos (N/A). Somente o A.A. conta hoje, com aproximadamente com 2,8 milhões de membros no mundo.
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De acordo com o especialista, as associações de mútua ajuda seguem o modelo de recuperação do A.A., fundado em 1935 em Akron, Estado de Ohio (EUA). Autores como Anthony Giddens e Zygmunt Bauman acreditam que, no mundo cada vez mais individualizado, essas irmandades possibilitam reconstruir referências perdidas no passado.
Por outro lado, elas podem servir como "suporte" para a reconstrução da vida subjetiva. "De minha parte, creio que os grupos são importantes para criar um espaço discursivo no qual os indivíduos que estão estigmatizados e marginalizados pelo uso compulsivo de álcool e drogas, por exemplo, possam reconstruir um sentido para suas experiências de vida, devolvendo-os à vida social", afirma o sociólogo.
Quanto à eficácia, ele conta que o fato de evitar a chamada recaída é muito importante. Numa pesquisa que conduziu com os Alcoólicos Anônimos, em São Paulo, chegou a presenciar casos de membros que estavam há mais de 20 anos sem beber. Mesmo assim, o tratamento implica um exercício diário para reafirmar a condição de doente alcoólico, fazendo com que a troca de experiências os faça criar uma identidade dentro do grupo.
Para montar uma associação anônima, é necessário que haja pelo menos duas pessoas dispostas a dialogar sobre seu problema e querendo superá-lo. Folders, folhetos e livros também orientam a formação dos grupos, onde não estão inclusos profissionais, mas sim aqueles que se identificarem como portadores de alguma patologia. O anonimato deve ser respeitado para proteger da discriminação, além de servir para criar uma nova identidade onde a pessoa se assume como doente e, portanto, passível de tratamento.
Curiosidade |
A irmandade dos A.A. nasceu após uma conversa entre um corretor da Bolsa de Nova York e um médico de Akron, conhecidos, respectivamente, como Bill Wilson e Bob Smith. Eles constataram que, por alguma razão até ali não bem compreendida, conseguiam ficar sem beber durante bons períodos depois que passavam algum tempo conversando e compartilhando seus problemas. Após passar por uma verdadeira "experiência espiritual" e experimentar "fortes sentimentos de triunfo, paz e serenidade", segundo depoimento do próprio corretor, ele decidiu trabalhar para que outros alcoólicos se beneficiassem com a descoberta. Ele percebeu que, ao falar para outros alcoólicos, "sentia-se revitalizado", conseguindo manter-se sóbrio. No Brasil, o primeiro grupo de A.A. surgiu em 1947, na cidade do Riode Janeiro. |
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Colaboraram:
? Edemilson Antunes de Campos
? DASA - Dependentes de Amor e Sexo Anônimos
? Neuróticos Anônimos
? Amor Exigente
? Fênix - Associação Pró Saúde Mental
? Centro de Valorização da Vida
Atualizado em 1 Dez 2011.