Guia da Semana

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Enquanto o governo não melhora a segurança nas grandes cidades, as pessoas procuram soluções mais eficazes contra a violência. O número de veículos blindados aumentou no país. A produção cresceu 13% em 2006, em comparação ao ano anterior. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Blindagem - Abrablin - aponta que as empresas associadas produziram 3.622 veículos blindados em 2006, em comparação aos 3.206 de 2005. Em 2007, o crescimento foi de 12,5%.

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Em média, um carro leva cerca de 45 dias para ser blindado. O processo envolve as seguintes etapas: chega à oficina e é lavado por dentro e por fora; é protegido inteiramente por plástico-bolha, para não causar danos à pintura; os vidros e as partes externas são desmontados do veículo e reservados em uma salinha especial, abrindo espaço para o início do verdadeiro processo de proteção; toda a parte opaca é protegida com aço balístico e o chamado manto de aramida, feito de fios dupon e borracha; são instalados os vidros novos e o carro é remontado, a começar pela parte interna; outra limpeza é realizada; e, finalmente, é feito o acabamento final. E o automóvel está pronto e seguro para trafegar pelas ruas.

"O processo é artesanal, afinal cada carro possui suas particularidades", conta Marcelo Henrique, um dos sócios da Quattro Blindagem - São Paulo - em parceria com Antonio Ginja. A oficina atende automóveis de diversas concessionárias, mas também trabalha com clientes que desejam blindar seu carro mesmo depois de um tempo após a compra. Apesar disso, Marcelo recomenda que, por medidas de comodidade, é mais fácil mandar proteger o veículo no momento da aquisição.

Relação dos carros mais blindados no 1° semestre de 2006
- Toyota Corolla

- Chevrolet Vectra

- Toyota Hilux

- Volkswagen Passat

- Toyota Fielder



Um vidro comum tem de 3,5 a 4 milímetros de espessura. Já o blindado, 21. Após a proteção, um carro ganha cerca de 200 quilos. Esta característica é relacionada diretamente ao nível de blindagem utilizado no Brasil, conhecido como 3A ou norma americana. Este nível usado contra violência urbana é o mais comum no país. O custo varia entre 45 e 70 mil reais, para os carros de maior porte. Em países de guerrilha, o tipo de blindagem é outro, contra armas pesadas.

O motivo do crescimento da procura pelo serviço, segundo os sócios Marcelo e Antonio, está ligado diretamente ao aumento das vendas de carros novos. "Com a queda do dólar, as pessoas aproveitaram para trocar de automóvel.", conta Marcelo. O crescimento também pode ser associado ao preço mais acessível. O número de concorrentes aumentou e a matéria-prima hoje é quase inteiramente nacional. Mas o principal motivo continua sendo a procura por segurança, infelizmente.

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O administrador M.F. explica o motivo que o levou a blindar seu veículo: "Meu primeiro carro foi um Passat Variant, não blindado. Resolvi protegê-lo quando vi um assalto no carro ao lado. Fiquei estático, não pensei duas vezes... e na semana seguinte o carro estava na linha de montagem!". Além disso, já houve casos de assalto a familiares que foram salvos pela blindagem: "No meu aniversário, minha mãe estava entrando no prédio e de repente um ladrão tentou assaltá-la. Ela deu ré e ele atirou. Se o vidro não fosse blindado, pegava no rosto dela. Outra vez meu irmão estava saindo de casa com a mulher, quando um ladrão tentou abrir a porta do carro... Também deram ré, bateram num poste, aceleraram e fugiram. Os ladrões perseguiram, metralharam o carro, mas ele conseguiu fugir. Acabou indo para a delegacia, mas foi embora, porque não havia ninguém de plantão." Se não tem polícia, pelo menos existe a blindagem contra a violência!

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"Antigamente apenas a classe A blindava seus carros. Hoje a classe média também passou a se preocupar e a segurança entrou no orçamento. Atualmente, não assaltam apenas os carrões. Às vezes, os assaltantes ficam mais nervosos que a vítima e acabam cometendo uma besteira." explica Antonio. Ainda completa dizendo que "quem anda de blindado uma vez, não consegue mais andar sem, em função da tranqüilidade".

As mulheres representam 29% dos usuários de veículos blindados, segundo outro estudo realizado pela Abrablin. 30% delas têm entre 40 e 49 anos. Entre os homens (71% dos usuários), a maior concentração está entre os que têm de 25 a 29 anos (26%). Os dados gerais mostram que o maior número de usuários está na faixa de 25 a 29 anos (22,9%). Em seguida, está a faixa entre 30 e 39 anos (18,4%).

O Brasil, ao lado do México e da Colômbia, está entre os três países que mais blindam carro no mundo. O estado de São Paulo é o líder nacional, mas para mostrar que o problema não está só aqui, o administrador conta "Meu Xterra blindado foi vendido para uma pessoa de Fortaleza".



A única desvantagem que a blindagem apresenta é uma alteração na carroceria do veículo, que prejudica seu desempenho. Carros esportivos raramente são protegidos. Após o processo, ganhariam muito peso e a velocidade seria comprometida.


Colaboraram:

Antonio Ginja e Marcelo Henrique

Atualizado em 6 Set 2011.