Guia da Semana


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O uso de publicidade testemunhal, onde pessoas públicas confirmam a seriedade dos produtos garantem um sucesso ainda maior nas vendas. Conquistar a silhueta definida sem sacrifícios é uma promessa convidativa que leva milhares de mulheres a aderirem aos famosos shakes milagrosos, ditos naturais.

A incógnita consiste na funcionalidade duvidosa destes emagrecedores, responsáveis pelo efeito transitório de peso e facilitadores na sua recuperação, quando são retomados antigos hábitos alimentares resultantes da falta de reeducação alimentar. O consumidor dever ter consciência de que sem mudança nos hábitos sedentários de vida, em breve voltará a ingerir descompassadamente a mesma quantidade de antes, recuperando o peso perdido.

As substâncias que compõem estes produtos são chamadas de fibras ou mucilagens. Elas aumentam o bolo alimentar e com isso a sensação gástrica de saciedade. Geralmente os fabricantes recomendam seu uso em substituição de uma refeição, porém utilizá-las como única fonte de alimentação pode levar à anemia e desnutrição. "Os shakes não causam mal, mas em nenhuma hipótese devem ser utilizados em substituição dos alimentos e sim como um complemento alimentar, porque esse tipo de refeição não possui todos os benefícios de um alimento natural", ressalta o nutricionista Rodrigo Provietti.

Os shakes induzem à substituição momentânea de uma ou mais refeições por um complemento alimentar de baixo teor calórico, garantindo uma ingestão diária menor do que o habitual e uma conseqüente perda de peso.


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"Como é comum uma adaptação do organismo a períodos de privação, o uso indiscriminado desses produtos para emagrecer, restritivos quanto ingestão calórica, leva o organismo a diminuir seu gasto de energia para se adaptar a baixa oferta alimentar. Com um gasto diminuído e a retomada dos hábitos antigos, a recuperação de peso pode ser ainda mais rápida. A melhor solução para uma perda efetiva de peso é estabelecer hábitos alimentares saudáveis, por meio de alterações gradativas, mas eficazes na alimentação do indivíduo", explica a nutricionista Lara Natacci.

As supostas contra indicações estão relacionadas à possível sensibilidade a componentes do produto, como a presença de leite e derivados para pessoas com intolerância à lactose ou glúten. Existem doenças que limitam o consumo de certos ingredientes como o açúcar para diabéticos e sal para hipertensos. Alguns desses produtos podem conter grandes quantidades de fibras, que causam transtornos intestinais, gases e flatulência.

A associação de defesa do consumidor, a Pro Teste, analisou em novembro de 2005, seis marcas de shakes sabor chocolate ( Bio Slim, Diet Shake, Diet Way, Herbalife, In Natura e Slim Fast) e o resultado foi surpreendente. Todas elas foram barradas em pelo menos um dos critérios da avaliação. A análise observou diversos aspectos dos produtos e nenhum deles estava dentro das exigências para o consumo seguro, conforme as informações fornecidas no rótulo.


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Os problemas mais recorrentes foram a falta de fibra em alguns shakes, excesso de proteínas, carboidratos e deficiência de gorduras. Houve equívoco nas informações contidas nos rótulos das embalagens de cálculos existentes nas tabelas nutricionais, assim como as indicações que aconselham ao consumidor a substituir refeições pelos shakes.

"Vou ser sincera. Ajudar a emagrecer ajuda. Porém, você enjoa do sabor rapidinho. Chega um momento que se torna insuportável sentir o cheiro, de qualquer um destes emagrecedores", afirma a estudante Luciana Pinheiro.

O estudo comprovou através dos testes que estes produtos instigam a privação de alimentos e logo a ausência de vitaminas e nutrientes necessários para manter a saúde adequada. Uma das marcas analisadas não continha o mínimo de valor calórico recomendado por dose pela Anvisa, que são 200 calorias.

"Alguns desses produtos até causam uma boa saciedade na hora em que são consumidos, mas, na maioria dos casos, a substituição de uma refeição completa por um shake, sopa ou barra de cereais faz com que a fome reapareça pouco tempo depois de comer", reitera Natacci.

A missão é eliminar peso e não perdê-lo, afinal quem perde pode acabar encontrando novamente. Mais prejudicial que o sobrepeso é o efeito sanfona. Alguns estudos relacionam mudanças bruscas na massa corpórea com maior índice de mortalidade. Essas dietas de rápido emagrecimento diminuem a taxa de metabolismo, dificultando ainda mais a eliminação dos quilinhos extras no futuro.

"Todas essas coisas que podemos usar para nos ajudar na perda de peso não valem nada caso não haja mudança no estilo de vida em termos de alimentação e atividade física. Sempre é preciso ter bom senso, não existe nenhuma mágica para se emagrecer. Não devemos querer ser emagrecidos e sim querer emagrecer", completa a endocrinologista Maria Bitelli.

**Em esclarecimentos às leitoras, a Herbalife ressalta que o pó para Preparo de Bebida para Controle de Peso ("shake") Herbalife é classificado como "Alimento" e registrado como "Substituto Parcial de Refeição", conforme determinado pela Portaria nº 30 da ANVISA. Desta forma, fornece as calorias e nutrientes necessários para substituir uma ou duas refeições diárias dentro de um programa de controle de peso.

A Herbalife enviou ao instituto esclarecimento informando que seus produtos estão em conformidade com a regulamentação local e que seguem rígidos padrões de qualidade. Isso foi, posteriormente (04 de Dezembro de 2006), confirmado pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, através de laudo do Instituto Adolfo Lutz que classificou como satisfatório o teste realizado com o "shake" da Herbalife sabor baunilha.


Colaboraram:
? Maria Bitelli
? Lara Natacci
? Rodrigo Provietti
? Luciana Pinheiro

Atualizado em 10 Abr 2012.