Guia da Semana

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Quem está acima do peso há muito tempo passou por vários tipos de dieta e cirurgias sem alcançar o resultado de um corpo dentro dos padrões estéticos. Para esses casos, a medicina apresenta uma nova solução: inserir um balão de silicone no estômago para causar sensação de saciedade e alcançar a perda de até 25 quilos em seis meses. Mais de 40% da população brasileira é obesa, de acordo com o IBGE. Com isso, há muitas opções para diminuir as medidas, como cirurgia de redução de estômago, marca-passo gástrico, gastroplastia em Y e scopinaro. Por serem permanentes, esses procedimentos devem ser realizados em pessoas com Índice de Massa Corporal - IMC acima de 40.

Para aqueles que não se encaixam no grupo de quem pode realizar cirurgias, o balão gástrico é uma das possíveis soluções. No Brasil, a fabricante Silimed e o cirurgião-gastroenterologista Gustavo Carvalho desenvolveram um tipo de balão que pode ser implantado e retirado em ambulatório.

Quem pode fazer o tratamento
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Em primeiro lugar, é preciso calcular o IMC do paciente, que determina o tipo de tratamento mais viável. Assim, divide-se o peso pela estatura e divide-se novamente o resultado pela altura.

O especialista em cirurgia do aparelho digestivo João Caetano Marchesini indica o balão gástrico para pessoas com IMC entre 28 e 35 ou acima de 35 sem doença associada à obesidade (pressão alta, diabetes, apnéia do sono ou problemas nos tornozelos ou joelhos).

Não devem realizar o procedimento pacientes com obesidade mórbida, principalmente se possuírem problemas cardiológicos ou pulmonares.



Como funciona?

O balão
O balão é uma membrana esférica de silicone com tubo para enchimento. O preenchimento é feito com solução salina e azul de metileno (450 ml a 750 ml). Com a válvula lacrada, ele ocupa até 40% do volume do estômago.



O balão intra-gástrico é inserido por endoscopia, sob sedação e sem cortes. Ele pode permanecer no organismo por, no máximo, seis meses, e a retirada é feita pelo mesmo processo de endoscopia com anestesia.

O procedimento funciona porque o preenchimento do estômago causa sensação de saciedade, evitando que a pessoa consuma grandes quantidades de alimentos. No primeiro mês, já é possível observar os resultados com a perda de cerca de 10 quilos. Algumas restrições, no entanto, são importantes, como uma alimentação regulada e a prática de atividades físicas.

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Nos primeiros dias é comum sentir enjôo ou cólicas, mas o controle pode ser feito com medicamentos, em casa. Também é preciso que a pessoa ingira alguns remédios para proteger a mucosa do estômago e não permitir que a acidez do mesmo destrua o balão ou cause úlceras.

O tratamento necessita de acompanhamento nutricional, fisoterápico ou com atividades físicas orientadas, psicoterapia e controle médico. "Com esse acompanhamento bem feito, muitos pacientes podem apresentar perda de peso acentuada (cerca de 15%), no entanto, por ser um procedimento temporário, a grande maioria volta a engordar após a retirada", lembra o gastroenterologista Thomaz Szegö.

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Durante o tempo que o balão fica no estômago, também é preciso que o paciente não faça uso de anti-inflamatórios, anti-coagulantes e aspirina. Marchesini afirma que cerca de 72% dos usuários apresentam uma perda de peso adequada, ou seja, entre 15 e 25 quilos.

As contra-indicações ficam para mulheres grávidas, usuários de drogas e pessoas com hérnia de hiato acentuada (igual ou maior a cinco centímetros), além de pacientes que possuam úlceras duodenais ou gástricas, estejam utilizando corticóides, possuam doenças no esôfago, utilizam remédios anticoagulantes ou anti-inflamatórios rotineiramente ou já tenham realizado alguma operação gástrica.

Os casos de rejeição são raros. O risco, de acordo com o cirurgião gastro-enterologista endoscopista Carlos Eduardo Moraes, é de o balão vazar ou furar e o médico não ser avisado. Segundo o especialista, isso ocorre em menos de 2% dos casos e a pessoa percebe porque a urina sai azul.

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Ao romper, o balão pode causar obstrução intestinal. Nesse caso, o médico tem até 48 horas para retirá-lo do estômago. Se permanecer ali, vazio, pode também obstruir a saída do órgão (piloro). "Aqui na clínica, após o fim do tratamento, o paciente deve realizar acompanhamento com nossa equipe multidisciplinar durante dois anos, para não voltar a engordar", conta.

Szegö lembra que irritação gástrica e formação de úlceras podem ocorrer. O problema mais comum, no entanto, é a intolerância ao balão, levando a vômitos de difícil controle. O valor do tratamento depende da região onde é feito e do consultório escolhido.

Colaboraram:
? João Caetano Marchesini
? Thomaz Szegö
Fone: (11) 3722-0054
? Carlos Eduardo Moraes
Fone: (21) 3413-7566

Atualizado em 10 Abr 2012.