Desfile Zoomp |
O segundo dia da semana de moda começou tranqüilo, sem o mesmo frisson da inauguração. O que marcou mesmo a quinta-feira foi a presença de algumas top models tupiniquins que vieram dar o ar da graça no país de origem. A top número 1, eleita pelo site www.models.com, Raquel Zimmermann desfilou com exclusividade para a Animale, estreante no evento, que ainda teve a presença das belas Ana Beatriz Barros, Marcelle Bittar e Jeíza Chiminazzo.
No desfile da Zoomp, uma passarela igualmente estrelada com Isabeli Fontana abrindo, Carol Trentini e Barbara Berger apresentando a marca jeanswear, agora sob direção criativa de Alexandre Herchcovitch. Confira o que rolou durante o dia:
Tereza Santos
A estética hippie foi a primeira a adentrar a passarela no segundo dia da São Paulo Fashion Week. Inspirada na boemia da virada das décadas de 60/70, Tereza Santos vestiu suas modelos com calças bocas de sino, apliques de couro e muitas franjas. "Os apliques foram inspirados nos ornamentos das casas aristocráticas desta época", definiu a estilista. Além do couro, Tereza usou também o tricô como base para o "retrabalhamento" de seus tules. Cobrindo a maior parte do corpo em tons terra, marrons e bege, as peças de Tereza remetiam para um hippie cowntry, como retratado em Easy Rider , filme de 1969 do diretor Dennis Hopper, mais do que para o flower power, também típico da época. |
Maria Bonita
Novas formas para o velho cardigã. Esta foi a proposta de Danielle Jensen, estilista da Maria Bonita, no segundo desfile do dia na SPFW. Levadas pela trilha de Adriana Calcanhoto no violoncelo, as modelos de Danielle desfilaram peças de formato assimétricos, soltas, que transpiraram conforto. Abusando do xadrez em tons de forte azul, cinza e preto, a coleção mesclou a tradição do tricô com a sofisticação de tecidos sintéticos. Destaque para as peças que combinaram tecidos de estampas diferentes."Procurei diminuir um pouco o formalismo da seda aplicando rabiscos sobre o tecido" declarou a estilista. Para a consultora Costanza Pascolato a coleção foi uma pérola: "Adorei, achei lindo, a melhor forma de se fazer tricô sem deixar de ser comercial. Elegante, inteligente e feminino". |
Animale
Estreante no evento, a Animale chegou com tudo ao SPFW com nomes de peso na passarela: Raquel Zimmermann, Ana Beatriz Barros, Marcelle Bittar e Jeíza Chiminazzo. A coleção de inverno não deixou por menos. Inspirada pelas gueixas orientais sob o olhar do ocidente, sem esteriótipos, saias que remetiam a leques e releitura de quimonos. A estilista Cláudia Jatahy produziu peças com seda, lã, cashmere e nylon com um tratamento especial. A top Raquel Zimmermann, que gosta do estilo anos 70 e rock´n roll da Animale - "Gosto da coisa meio Debbie Harry, David Bowie da marca." - destacou seu segundo look na passarela como o preferido, um vestido inspirado em um blazer. Apliques de crina de cavalo em alguns looks chamaram atenção no desfile. A estilista explica "A crina fala do híbrido, do ilusionismo que a mulher busca para se reinventar. Segundo a mitologia, a figura da Medusa e seus cabelos de serpente, que é tema de uma das estampas da coleção, quando morre tem a cabeça aberta e, de dentro dela, sai um cavalo. É a imaginação." De acordo com Cláudia, os vestidos de camisaria que apresenta é uma tendência forte da estação. |
Jefferson Kulig Topografia humana. Com este tema, o estilista Jefferson Kulig realizou o quarto desfile do dia no MAM, ao lado da Bienal. "Ao invés da construção de terrenos, eu trabalhei a construção do corpo da mulher.", explica. "A brasileira tem curvas, lugares que gosta e que não gosta de mostrar." Assim como o tema da 24ª edição do evento, a diversidade, Jefferson baseou-se na mistura entre sexualidade, tecidos tecnológicos e cores para montar a coleção. A brincadeira com as silhuetas é um dos destaques da apresentação, com formas laterais nos vestidos, em contraponto ao balonê. "A vontade do volume vem de outras coleções, mas dessa vez eu mudei a forma para deixar a mulher livre, à vontade.", conta o estilista. Seu inverno é diferente, colorido. "Criei esse diferencial, afinal moramos em um país tropical." Mas mesmo as cores fortes remetem à estação fria, alguns tons de vermelho representam a cor do entardecer de inverno. O Brasil também influencia a estamparia, com temas de bichos e folhagens. O estilista utilizou materiais como gazar de seda, o que ele chama de gazar de algodão - uma estrutura que parece sintética, mas é 100% natural e brasileira -, borracha TK, jersey e lã misturada a borracha, que aquece e é confortável. Ainda usou fios de elástico nas roupas e cocares indígenas tecnológicos, mas sem penas, mais uma vez enaltecendo o país de origem. No backstage, o estilista recebeu os parabéns de Constanza Pascolato, "Você cresceu. Seu trabalho está impecável". |
Zoomp A bela Isabeli Fontana abriu o desfile, trajando um vestido jeans na coleção nomeada de ´Vintage do futuro´. Herchcovitch explica que todos os ícones da marca das décadas passadas foram revistos - como o scarpin e a lingerie -, a fim de construir um desfile baseado no que será usado nas décadas futuras, misturado ao que existe no guarda-roupa. ´É uma junção dos mundos: o mundo do estilista com o mundo do jeanswear.", completa. Ainda declara que está feliz na volta à grife, que caracteriza como forte, sensual e intrigante. O desfile masculino, o estilista caracteriza como esportivo e vanguardista. Herchcovitch deixou sua marca, com xadrez e capuz entre os looks. Além do jeans - tweed e matelassado -, usou muito couro, lã e renda, além de tecidos tecnológicos com bordados em ponto cruz manuais. Para o inverno 2008, ele aposta na cintura alta, "Agora é a hora dela.", um ícone da Zoomp. Ainda destaca os seguintes looks "Macacão justo e roupas largas em formato de casulo, que remete a proteção. Aposto nos opostos." |
V.Rom
A V.Rom, que agora tem Marcos Mion como um de seus sócios, foi a responsável por fechar a noite da quinta-feira na Bienal. Com uma das trilhas sonoras mais elaboradas da semana - um tema futuro-totalitarista desenvolvido por Mauricio Takara - o estilista Igor de Barros desfilou uma coleção bastante diversificada. Inspirado no personagem Bernard Marx de "Admirável Mundo Novo", do escritor Aldous Huxley; Barros pela primeira vez colocou cachecóis, longos e coloridos, na passarela da Fashion Week. Bermudas e sobretudos também se destacaram. Em clima de guerrilha urbana, os modelos se dividiam entre encapuzados, mascarados ou usando chapéu de soldado. Utilizando algodão, lã e sintético, Barros tentou simbolizar com a mistura o selvagem Marx e a sociedade a qual ele é inserido no livro. O resultado foi bastante moderno, hi-tech, noturno iluminado; digno de ficção cientifica. |
Atualizado em 6 Set 2011.