Desfile Reinaldo Lourenço |
O terceiro dia da São Paulo Fashion Week foi marcado pela diversidade temática de seus desfiles. Partindo do western selvagem de Reinaldo Lourenço, passando pelo misticismo ocultista de Giselle Nasser, as graphic novels de Mario Queiroz, até a autofágica Triton, os desfiles do terceiro dia transpiraram criatividade sobre um leque diverso de temas. Para completar, Vivienne Westwood leu seu manifesto anti-propaganda e contou de forma hilária suas histórias. Confira!
Reinaldo Lourenço
Reinaldo Lourenço mostrou uma cowgirl moderna na passarela. O estilista abriu o terceiro dia de desfiles com uma coleção inspirada no universo faroeste, com toques de romantismo. Calças e vestidos ganham cortes volumosos e acinturados, complementados por botas de salto fino. Na cartela de cores, roxo, preto, creme, cinza e vermelho vivo. Materiais como couro com lã, pele de cobra, cetim, gabardine, organza e seda aparecem drapeados, plissados e com detalhes de paetês e babados. |
Gisele Nasser
Com o tema "O circo místico do futuro", Gisele Nasser realizou o segundo desfile da sexta-feira, no MAM. O misticismo em geral serviu de inspiração para a estilista que usou diversas vertentes na passarela, como estampas indianas, bordados dos índios cherokees, perfumes egípcios, guerreiros medievais, entre outros. "Usei de referência tudo o que é fantástico e mágico.", declara. Ainda conta que esta coleção está mais fosca, híbrida, menos carregada. Entre os materiais, alfaiataria, tear, seda com algodão e tricôs pesados. Há muita mistura de peças leves com pesadas. Também utilizou silk celta e bordado kilter, recortado e reaplicado às roupas. A trilha sonora ficou por conta de tambores ao vivo do grupo Homens do Brasil que davam o clima para as modelos, caracterizadas com franjas, penas e até uma cabeça de animal da cabeça. Ao fim da apresentação, a estilista entrou na passarela usando uma das cabeças. Ela explica o acessório "As cabeças de animais vêm da origem animal de Deus, de épocas primitivas. Várias religiões partiram disso." Nos bastidores, a atriz e amiga da estilista Mariana Ximenez elogiou o desfile "Gostei das máscaras, das performances. Achei muito poético." Sobre a coleção, Mariana conta que ficou curiosa e que gostaria de provar as peças de cintura alta, que marcaram o desfile com muita feminilidade. |
Mario Queiroz
Foi no universo das graphic novels que o estilista Mário Queiroz foi buscar inspiração para sua coleção inverno 2008. Destinada para o homem que não fica apenas no básico, a coleção inverno 2008 trouxe para as passarelas da Fashion Week peças de silhueta justa, basicamente em tons noturnos opacos, como preto e azul. Para quebrar a monotonia do monocromatismo, o estilista apostou na diversidade de materiais. "Usei muito algodão, elamida, elastano e couro com banho de verniz". O resultado foi um visual de fetiche hard, segundo o estilista. Realçado pelos time de modelos musculosos, as roupas de Mário pareciam retiradas de um capítulo de Sin City ou de um filme do Batman. No final, todos os modelos entraram na passarela divididos em três filas, espécie de parada militar. E deu vontade de ser um dos soldados de Queiroz. |
Huis Clos Com um desfile performático, a Huis Clos mostrou sua coleção de inverno, inspirada na obra da fotógrafa Sarah Moon. Segundo a estilista Clô Orozco, "A coleção é muito jovem e fresca, mas mulheres mais velhas também podem usar." Ainda definiu o desfile como conceitual, lírico, circense e delicado, com características dos anos 40. Algumas peças são ícones da marca, como as faixas, os laços, os franzidos e as listras, em tons de cinza e azul claro. O chapéu também foi usado, colocado meio de lado, mais uma vez remetendo ao circo. Entre os materiais, várias malhas, seda, lã, seda com lã e bordados. Como tendência para a estação, Clô destaca os macacões, vestidos e calças curtas com casacos, exibidos na apresentação. No backstage após o desfile, as atrizes Camila Morgado, Patricia Werneck e Luiza Mariani comentavam o desfile. Camila, vestindo a coleção de verão da Huis Clos, com uma faixa na cabeça, declarou "Foi maravilhoso! A Clô sempre me surpreende." Luiza, vestindo a mesma faixa que Camila, contou "Fiquei chapada. Uma coisa mais bonita que a outra. Achei nostálgico, com roupas lânguidas, gostoso de se ver!" Patricia se disse sem palavras, mas definiu a apresentação como poética, "Achei tudo lindo, a coreografia." |
UMA
A UMA apresentou um desfile esportivo e romântico. O tema escolhido foi "Novas fronteiras". Raquel Davidowicz conta que se inspirou nas ruas para a criação, "Misturei o despojado do streetwear com alfaiataria, tudo com um toque muito romântico." Destacou ainda as jóias sustentáveis desfiladas, elaboradas com material pet. Raquel usou viscose na alfaiataria, lã fria, seda, tafetá, nylon, tricoline plissada e triacetato, em tons de preto, branco, vermelho e cinza. Aponta como tendência o grafismo e a alfaiataria, com destaque para calças masculinas e blazers. |
Triton
Autofágica. Assim foi a coleção inverno da Triton apresentada por Karen Fuke. Em seu debut solo a frente da marca, Karen partiu da história da própria grife e seus elementos para desenvolver uma coleção irreverente, leve, colorida e jovial. O resultado foi um look ora anos 80, ora 90, que transpirava um ar colegial. Calças skinny, camisetas estampadas, vestidos pinks em renda, moleton e gazar flutuaram pela passarela da Fashiom Week. O resultado agradou tanto a criadora quanto o proprietário. "Essa é a cara da Triton, foi extraída dela mesmo, não teria como não ser", confirmou Karen. "Ela cresceu aqui dentro, começou como uma estudante aos 20 anos. Só entreguei o tema e esperei pelo que viria" enaltece Tufi Duek, que pelo jeito confia à Karen a criação da marca por muitos outros anos. |
Lino Villaventura
O encerramento da noite coube a Lino Villaventura. Um pouco mais atrasado do que o usual, o desfile do estilista comemorou os 30 anos de sua marca. Como de costume, o clima apoteótico dominou o desfile. Para comemorar a data, Lino selecionou 30 mulheres históricas para imaginar suas roupas. Entre elas Eva Perón, Medusa, Elizabeth I, Billy Holiday, Carmen Miranda e Cleópatra. Porém, questionado se estas foram suas referencias, o estilista negou. "Não fui buscar referencias, elas vêm até a mim. Eu vivo, eu vejo, penso. Já fiz muita coisa nestes 30 anos, mas muitas outras ainda podem ser feitas", que classificou a coleção de dramática mais feliz. Na passarela o que se viu foram vestidos com camadas armadas, túnicas sobrepostas, e transparência mesclada com cores diversas. "O por quê das coisas não interessa, o que importa é o resultado", assim Villaventura definiu seu trabalho. |
Atualizado em 6 Set 2011.