Desfile Cavalera |
Se houve algo em comum entre os desfiles do domingo na São Paulo Fashion Week, foram as trilhas rock. Carlota Joakina, Neon e Samuel Cirnansck optaram pelo estilo para embalar os passos de suas modelos. Editors, Tokyo Police Club e Interpol foram as bandas escolhidas pelo prodígio Rodolfo Murilo, 22, no desfile da Carlota Joakina. Ao som do baixo, guitarra e bateria, as modelos da CJ desfilaram de forma aleatória pela passarela reproduzindo o ritmo das ruas.
Em clima mais picareta e cara de pau, Dudu Bertholini e Rita Comparato também aproveitaram da batida 4x4 e do som estridente das guitarras para homenagear suas divas ladras. Por último, Samuel Cirnansck fez jus à inspiração britânica com uma trilha de baixo carregado e vocais darks. Pós punk puro. Para fechar e acalmar os nervos, o estilista convidou quatro gaitistas escoceses para tocar em "seu casamento". É o 2+2=5 que música e moda sempre caminharam juntas. Confira como foram os desfiles!
Cavalera
Na direção criativa da Cavalera, Marcelo Sommer realizou um desfile-manifesto no Rio Tietê, neste domingo, para destacar o problema da poluição na cidade de São Paulo. Os modelos apresentaram roupas mutantes, como metade de um moleton e outra de um suéter, e reciclagem de peças, como um vestido todo feito com mangas. Sommer usou materiais como lãs, tricolines, flanela, moletons, seda, sarja e jeans. A coleção de inverno é confortável e quente, e as cores preservam a característica viva da marca. |
Carlota Joaquina
Inspirado pelas grandes metrópoles, o jovem estilista recém-formado Rodolfo Murilo de Souza realizou o segundo desfile, primeiro na Bienal, deste domingo chuvoso. Coincidentemente todas as modelos usavam galochas coloridas, feitas especialmente para a ocasião pela Alpargatas. O estilista explica "A coleção é baseada na vida urbana. Em São Paulo, por exemplo, nunca se sabe quando vai chover. Além disso, as galochas são lindas, confortáveis e têm um brilho bonito." Outro acessório que chamou atenção foi o cachecol-luva, uma peça só. Na passarela, looks cotidianos, para usar a toda hora. "Quis mostrar que a mulher tem liberdade para se vestir do jeito mais confortável e inusitado na cidade.", conta Rodolfo. Por conta disso, a passarela imitava uma rua e as modelos ficavam perambulando por ela durante toda a apresentação. As roupas bastante femininas, mas com um toque urbano, eram predominantemente vestidos de comprimento curto, divididos entre listras, xadrez, cinza, preto, azul e roxo. O estilista ainda classifica os looks como ´adequados ao nosso inverno". Apesar do ar pesado, usou tecido soft, como o chiffon leve. Outros materiais, como tecido resinado e lã nos acessórios e tricôs, foram trabalhados para a coleção. |
Wilson Ranieri
A terceira participação de Wilson Ranieri na Fashion Week inaugurou um novo ciclo na carreira do estilista. Antes focado em uma mulher mais madura, na casa dos 35, desta vez Ranieiri apresentou uma coleção também jovem e descontraída. "Eu percebi que estas meninas também iam a minha loja e compravam meus vestidos, isto colaborou para o clima, foi minha inspiração" deixou claro o estilista. Na passarela, Ranieri dividiu sua coleção em três módulos: um de combinação branca e laranja, outro em tons cinzas e por último pretos com estampas verdes e vermelhas. Os vestidos de Ranieri, desenvolvidos com a técnica do moulage, estavam em sua maioria acima do joelho, com viseiras aplicadas em peça única. Para a confecção, Ranieri utilizou lãs, sedas e bambu com aplicações de sagu - pequenas bolinhas de vidro. Inovador comparando-se a coleções anteriores. |
Erika Ikezili
Érika Ikezili mostrou um desfile baseado no romantismo nipônico, com vestidos soltos, coloridos e cheios de laços. Como também comercializa suas peças no Japão, procurou fazer roupas adequadas para o nosso inverno tropical e para o frio o japonês. A inspiração nasceu da história de Uto Bartira, a primeira nissei nascida no Brasil. "Ela desconstruía quimonos para fazer roupas ocidentais para sua família. Para o desfile, eu desconstruí as roupas ocidentais para fazer os laços dos quimonos.", explica. Uto ainda simbolizou a diversidade dos japoneses no Brasil. "Ela era cozinheira, mas além de pratos japoneses, também cozinhava paella - prato típico da Espanha - e charutinho de folha de uva - prato da culinária árabe", segundo Érika. As peças foram concebidas com esse conceito. As criações vestem uma mulher de espírito jovem. Entre as estampas dos vestidos, florais, listras e pois. A estilista usou vários materiais na mesma peça, como tricoline strecht, tule, tafetá cristal, matelassê, algodão estampado, black jeans, muita renda e persiana, no último look. |
Neon
"Se não fosse modelista seria uma ladra, mas não de galinha". Desta forma Rita Comparato justificou a inspiração da coleção dedicada às divas aristocráticas de mão leve. Sobre duas plataformas móveis como passarela, as modelos da Neon não precisaram desfilar, apenas se portaram como manequins. Usando luvas, óculos em formato de coração e capuzes, os modelitos de Rita e Dudu Bertholini irradiaram irreverência e sexy appeal. Em tons coloridos de amarelo, preto, vermelho e verde musgo, os maiôs, biquínis e tules seguiram a tendência imposta pelos dois desde o verão passado, com shape mais próximo do corpo. Entre os matériais, seda, tafetá e camurça. Destaque para o maiô negro com luvas e óculos vermelhos que adentrou por último a plataforma; bastante inspirado em Mia Wallace, interpretada por Uma Thurman em Pulp Fiction e mulher do mafioso Marsellus Wallace. |
Samuel Cirnansck Inspirado nas tradições anglo-saxônicas, Samuel Cirnansck fez o último desfile da Bienal no domingo. Segundo o estilista, ele tentou resgatar a nostalgia de algo que era chique, glamouroso e que não é mais possível hoje. O xadrez foi a grande marca do desfile, nas calças, blazers e vestidos. Destaque também para os corpetes do século XIX. Para reconstituir o aspecto aristocrático, o estilista utilizou tartãns, seda e apliques de brilho. No final, a trilha rock cessou e quatro músicos com gaitas de foles adentraram a passarela. Em seguida, o estilista também veio à tona acompanhado de seu modelito noiva e simulou um casamento ao som dos foles. |
Ellus A Estação de Trem Júlio Prestes serviu de cenário para a coleção de inverno da Ellus. Os modelos chegaram à ´passarela´ dentro de um trem, divididos pelos vagões, como um verdadeiro espetáculo. Com o tema ´Cavaleiros Urbanos´, a marca apresentou muita sobreposição, misturas de tecidos, culturas e tribos urbanas. O desfile ficou marcado pelos recortes, grafismo e bordados em alguns looks. Cores escuras nas calças, camisas e jaquetas contrastaram com rosa, amarelo e lilás do microvestidos, cheios de camadas. A top Juliana Imai fechou a apresentação ao lado do modelo sérvio Andrija Dikic, mais conhecido como o namorado da cantora Ivete Sangalo. |
Atualizado em 6 Set 2011.