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"Ele chega lá rápido demais e eu ainda nem comecei a me excitar. Às vezes, tenho que fingir que gozei para ele me deixar dormir.", diz *Susana, 40 anos, casada há 18 anos. Perceber que o desejo pelo parceiro está diminuindo e fingir que está satisfeita sexualmente é uma situação difícil de ser encarada. Ainda mais complicado é buscar ajuda especializada após reconhecer que estes problemas atrapalham a convivência do casal.
Nestes caso, o mais indicado é recorrer à terapia sexual, tratamento oriundo da psicologia comportamental da década de 1950, que traz duas vertentes diferentes e muitas vezes complementares, a psicoterapia sexual e a medicina sexual.
A psicoterapia sexual cuida dos problemas que envolvem o casal, o relacionamento conjugal e amoroso, as dificuldades emocionais associadas à sexualidade (parafilias, abuso sexual, depressão, ansiedade), as dificuldades comportamentais (falta de educação na infância para a sexualidade, falta de conhecimento ou de técnicas sexuais) e as disfunções sexuais de causa psicológica ou emocional. Já a medicina sexual auxilia o tratamento com as abordagens orgânicas, cuidando de cirurgias, tratamento médicos e hormonais.
Além disso, o tratamento também é indicado nos casos de parafilias ou desvios sexuais, quando o indivíduo se excita somente com objetos ou situações que escapam às normas socialmente aceitas, como o fetichismo, o masoquismo e a pedofilia. A terapia sexual ainda trata do transtorno de identidade de gênero, quando o homem ou a mulher apresentam dificuldades em lidar com o sexo biologicamente estabelecido.
De acordo com Oswaldo M. Rodrigues Jr, diretor e psicoterapeuta do Instituto Paulista de Sexualidade, ex-presidente da SBRASH (Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana) e autor de 17 livros sobre sexualidade, entre as principais queixas levadas ao consultório pelos homens estão a disfunção erétil, seguida da inibição do desejo sexual e da ejaculação precoce. Já as mulheres reclamam da inibição do desejo sexual, dificuldades em obter orgasmos (anorgasmia) e vaginismo.
A terapia sexual também pode auxiliar o casal com dificuldades em seu relacionamento, tratando da inadequação sexual, como as diferenças de necessidades sexuais, formas e freqüências do ato sexual, e da expressão da sexualidade entre os cônjuges.
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Como a sexualidade é um assunto tratado na esfera particular, às vezes, os sentimentos de inadequação, incapacidade e infelicidade são tão profundos que muitas pessoas tentam esquecer e resolver o problema sozinhas, já que conversar com alguém pode ser humilhante e reforçar o sentimento de inferioridade presente na situação.
No caso de suspeita de algum problema sexual, a psicóloga Luciana Amadi recomenda que o primeiro passo deve ser dado no sentido de excluir algum problema físico, ou seja, deverá ser feito um diagnóstico clínico por um médico urologista ou ginecologista. "Na ausência de uma questão física, inicia-se a terapia sexual, que funciona com sessões semanais e, se necessário, recomenda-se alguns exercícios para serem feitos com o(a) parceiro(a) ou individualmente.", indica a psicóloga.
Uma vida sexual satisfatória é um excelente reforço que interfere em todas as outras áreas da vida pessoal, trazendo motivação, benefícios na capacidade cardiorespiratória e melhorias na auto-estima.
O psicólogo especializado em terapia sexual João Batista Pedrosa alerta que é preciso ficar atento às mudanças de comportamento do parceiro. "Um quadro de depressão pode causar uma disfunção, como o baixo desejo sexual, pois a pessoa se esquiva das atividades do cotidiano, inclusive do sexo. Além disso, a baixa auto-estima também faz com que a pessoa evite a atividade sexual."
A depressão é responsável por boa parte dos problemas sexuais femininos e masculinos, tendo como conseqüência a inibição do desejo, a perda de ereção e as dificuldades em atingir o orgasmo, avisa a psicóloga Luciana Amadi. "Não há uma receita pronta, mas pensar que existem pessoas que estão preparadas para cuidar do problema, e que possuem conhecimento neste campo, pode ajudar a vencer o bloqueio e pedir ajuda.", aconselha a psicóloga.
"A sociedade cobra um ótimo desempenho sexual, tanto do homem quanto da mulher e a mídia prega ideais sexuais inatingíveis. A cama virou um palco e os casais estão esquecendo da fase da fantasia, essencial para o desejo sexual. As pessoas têm que reaprender a sentir o contato com o parceiro, a importância do beijo, do toque." afirma Amaury Mendes Jr., ginecologista, terapeuta sexual e membro da Sociedade Brasileira de Estudos e Sexualidade Humana.
A terapia sexual insere a pessoa e sua sexualidade na sociedade, proporcionando um melhor autoconhecimento e facilitando a comunicação entre o casal, além de enriquecer o repertório sexual. Mas é preciso ter paciência, já que as melhorias propostas pelo tratamento baseiam-se na mudança de comportamento dos pacientes. "A terapia sexual precisará de vários meses para chegar ao sucesso. Pressa apenas piora o quadro, pois a ansiedade impede a expressão da sexualidade, a obtenção do prazer e o funcionamento fisiológico normal.", afirma Oswaldo Rodrigues Jr.
De acordo com a ginecologista e terapeuta sexual Glene Rodrigues Faria, "a sexualidade é um aprendizado de cumplicidade a dois, nem o homem nem a mulher nascem sabendo. Portanto, é uma construção ao longo do tempo, desde que os dois queiram investir na melhoria do relacionamento sexual."
Para auxiliar o tratamentos dos problemas sexuais, algumas instituições oferecem tratamentos com profissionais especializados em sexualidade. Confira:
Ajuda especializada ? Sociedade Brasileira de Estudos e Sexualidade Humana Site: www.sbrash.org.br ? Instituto Prosex (Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas) Site: www.prosex.org.br ? Instituto Kaplan de Sexualidade Site: www.kaplan.org.br ? Instituto Paulista de Sexualidade Site: www.inpasex.com.br |
Colaboraram:
? Oswaldo M. Rodrigues Jr.
? João Batista Pedrosa
? Amaury Mendes Jr.
? Luciana Amadi
Tel.: (11) 3668-7476
? Glene Rodrigues Faria
Tel.: (11) 5539-6310
* O nome foi trocado a pedido da entrevistada.
Atualizado em 10 Abr 2012.