Guia da Semana

Fotos: Divulgação


Treinos diários de 30 minutos e resultados garantidos. Isso é o que prometem as academias femininas, um novo nicho de estabelecimentos de malhação que, além de receberem apenas mulheres em seu ambiente, ainda apresentam um novo modelo de treino. E como essa repórter faz parte do grupo que tem sérias dificuldades em equilibrar na agenda vida pessoal, social e profissão, malhar durante pouco tempo a cada dia e ainda ter resultado garantido pareceu uma proposta bastante tentadora.

Isso porque, nesse tipo de estabelecimento, as alunas conseguem se exercitar de forma rápida e, teoricamente, eficiente. Outra vantagem seria que, como os equipamentos são dotados de resistência hidráulica, podem ser utilizados por mulheres de todas as idades e condições físicas. Parece bom, mas será que funciona mesmo? Fui conferir uma unidade desse tipo de academia, localizada próxima à Avenida Paulista, em São Paulo (SP).

O ambiente é pequeno e aconchegante, com paredes pintadas de roxo e decoradas com desenhos de mulheres malhando. Um diferencial notável em relação às academias tradicionais é que não existe nenhum espelho à vista, justamente para as alunas focarem apenas nos exercícios e não se inibirem com corpos fora de forma.

Controle mensal

Foto: Divulgação


Na primeira entrevista, a funcionária me perguntou quais seriam meus objetivos ao procurar a academia. "Endurecer os músculos, principalmente, mas perder uns cinco quilos também seria ótimo", respondi. Tudo anotado, chegou a hora de pesar e tirar minhas medidas. Tensão da balança passada, fui orientada que a meta para o meu primeiro mês de treinamento seria perder vinte centímetros e dois quilos de peso. Desafio aceito, acordei no dia seguinte disposta para o meu primeiro treinamento.

No decorrer da primeira aula, fui acompanhada o tempo inteiro por uma professora de educação física, que me orientou como utilizar corretamente cada um dos dez aparelhos de musculação do circuito. Todos eles são intercalados por plataformas de descanso e, no geral, o intuito é trabalhar os principais grupamentos musculares - dois músculos por vez.

O esforço físico envolve tanto a parte vascular (aeróbica) quanto de força (musculação), com a promessa de eliminar até 500 calorias por treino. Ela me explicou que os equipamentos são projetados para o corpo feminino e se utilizam da resistência hidráulica. Isso significa que a pessoa empurra e puxa o aparelho, ao contrário do que é feito nos convencionais, onde os alunos são obrigados a ajustar os pesos. "Assim, minimiza-se o risco de lesão, pois não tem impacto nas juntas e articulações", contou.

Durante o circuito, a pessoa permanece apenas 30 segundos em cada aparelho. Dado esse tempo, uma gravação pede para as alunas mudarem de estação, indo para a próxima plataforma. Como uma das vantagens desse tipo de academia é que as aulas não têm hora para começar - basta chegar, completar duas voltas e meia no circuito e finalizar com o alongamento -, um rodízio de mulheres, das mais variadas idades, acaba fazendo companhia entre si durante aqueles 30 minutos de malhação.

Qualidade de vida

Dentre as alunas da unidade que frequentei está a Irmã Rute Redighieri, de 72 anos. Irmã, sim: ela faz parte da Congregação das Irmãs de Santa Catarina e, atualmente, é diretora geral do Hospital Santa Catarina, localizado em São Paulo. Segundo ela, muito além de perder peso ou enrijecer os músculos, frequentar este tipo de academia foi um caminho para ter mais disposição física. "Melhorou bastante tudo, inclusive a minha dor nas costas".

A Irmã diz que, assim como todos os funcionários do hospital em que trabalha, pode utilizar a academia do local, porém, por ser mais cômodo, acaba não indo. "Ao pagar, você tem aquele compromisso de comparecer ao menos três vezes por semana, o que é um estímulo". Além da proximidade da residência e do trabalho, Irmã Rute destaca outra vantagem da academia feminina. Por ser frequentada apenas por mulheres - nem mesmo os funcionários são homens-, ela acaba ficando mais à vontade.

Já a economista Martha Regina Meira Bianchi, de 26 anos, procurou uma academia feminina após uma forte crise de estresse. "Quando você chega lá, elas perguntam qual é a sua meta. Na hora, respondi: é aliviar o estresse. Não quero emagrecer, mas sim desestressar". Na época, ela morava na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, e frequentava as aulas no mínimo três vezes por semana. "Perdi cerca de três quilos e vários centímetros de medidas".

Entre as vantagens desse tipo de estabelecimento, a economista ressalta o tempo do treino, de apenas 30 minutos. "Gostava porque não era tão maçante quanto fazer uma musculação normal". Para ela, o fato de não ter um horário fixo para iniciar a atividade é outra vantagem. "Eu não gosto de ter horário, até porque a aula que quero e tenho tempo de frequentar, por exemplo, pode já ter passado", conta. "Lá, basta chegar entrar no circuito e dar as suas duas voltas e meia. É bem dinâmico".

As críticas

Foto: Thinkstock

Contudo, quem é fã da academia tradicional e gosta de passar um tempo entre a esteira, a aula de spinning e fazer várias séries de exercícios no aparelho de musculação, pode não gostar muito do método utilizado nas academias femininas. A assessora de imprensa Elizabeth Rocha, por exemplo, sentiu falta de uma aula mais dinâmica. "Achei tudo muito parado e mais do mesmo. Mal dá tempo de sentir o exercício e já tem que ir para a próxima plataforma. Sou mil vezes mais uma boa aula de step na academia".

Adeptos da musculação tradicional também costumam ter uma opinião desfavorável ao tipo de treino proposto nas academias femininas. O problema seria que quase todos esses circuitos são feitos sem respeitar as regras para que a musculação seja eficiente. Isso porque, ao fazer um exercício para peito, por exemplo, seguido de uma série de aeróbico, um exercício para outro músculo na sequência e assim por diante, o treino de musculação ficaria totalmente perdido, pois não se pode dar um intervalo tão grande para fazer outra série do mesmo exercício.

Outro grande defeito das academias femininas, segundo os adeptos da musculação tradicional, é a utilização da máquina hidráulica, pois, nas máquinas adução e abdução, por exemplo, a orientação é para que as alunas façam força ao afastar as pernas nos abdutores e, na volta, façam força para uni-las e trabalhar os adutores. Assim, elimina-se a fase negativa dos exercícios, na qual se segura o peso utilizando o mesmo músculo que fez força para afastar as pernas. A explicação é que, sem a fase negativa, o exercício de musculação simplesmente não teria nenhum efeito e que, no máximo, quem faz o circuito numa academia feminina estaria fazendo um treino aeróbico sem benefício muscular.

O outro lado

Foto: Divulgação

Exemplo de como é um circuito de uma academia feminina.

Segundo a professora de educação física Mariana Rosa, de 26 anos, que trabalha na academia Curves, o circuito alterna exercícios de treinamento de força na musculatura superior do corpo com estações de recuperação para, na sequência, treinar a musculatura inferior.

"Trabalhando músculos opostos simultaneamente, você assegura a simetria dos exercícios. A gravidade já não faz mais a metade do trabalho, portanto, a intensidade é muito maior e se mantém a taxa de batimento cardíaco ideal", explica. "A série de exercícios é segura, elimina a maior parte das contusões e permite um treinamento cardíaco enquanto você realiza exercício de força".

Resultados

Aparentemente, ao menos no meu caso, treinar em uma academia feminina funcionou bastante. Após um mês frequentando o local, sempre no mínimo três vezes por semana, fui conferir os resultados. Para minha surpresa, acabei perdendo 1,700 quilo de peso e 16,5 centímetros de medidas no total após o primeiro mês. No segundo, o peso aumentou um pouco, mas perdi gordura corporal e mais 14,5 centímetros.

Como não curto as academias tradicionais, por pura falta de tempo e paciência, acabou funcionando. Porém, percebi que gostar ou não do método depende do perfil de cada pessoa e dos seus objetivos também. Se você pretende ficar extremamente sarada e gosta de atividades mais dinâmicas, por exemplo, seu lugar talvez não seja numa academia feminina.

Para finalizar, antes de se aventurar em qualquer tipo de exercício físico, é importante procurar um médico, com o objetivo de fazer uma avaliação física e postural, além de exames subsidiários, se necessário.

Redes de academias femininas que possuem unidades no Brasil:

Contours
www.contours.com.br

Curves
www.curves.com.br

Anima Women Fitness Center
www.animafitness.com.br

Formas Femininas
www.formasfemininas.com.br

Atualizado em 6 Set 2011.