Foto: Thinkstock
Em média, 70% dos casos de homens que procuram tratamento o motivo é psicológico
O esquema está todo armado. Você finalmente consegue levar aquela gata para um momento a sós e, bem na hora de mostrar a que veio, seu camarada não está na mesma vibe que você. Enquanto a garota se esmera em ajudá-lo, seu amigão não esboça reação e, em vez de um momento de prazer, você passa horas de agonia. Além de aguentar a cara de decepção da sua parceira, não há muito o que falar. Até que surge a frase clássica: "Acontece, né?!"
Nesse momento, uma pergunta surge à mente: "Por que eu?" Apesar do tesão e da vontade de expor a melhor performance do mundo, muitos homens não conseguem mostrar suas habilidades na cama. Isso porque acabam por se preocupar mais com a ereção e com a fama que vão ter depois da transa do que com a companheira.
Fatores como estresse, trabalho, fadiga e brigas são grandes inibidores do réu prazer. Porém, pode haver muito mais que isso em uma brochada. Veja se você corre o risco de ficar, literalmente, na mão - e não estamos falando da mão da sua parceira.
Tudo novo
Com o administrador Beto, 26 anos, que namora há três anos, o caso veio decorrente da rotina tumultuada na cidade grande. "Estava passando por um momento de forte stress no trabalho e isso acabou afetando a minha vida sexual. Não precisei falar nada na hora, ela percebeu que não rolou e eu fiquei olhando para o falecido", confessa.
Para o terapeuta sexual Sérgio Savian, o relato de Beto é muito comum no dia a dia atribulado em que vivemos. "Quando o homem vai bem no trabalho, tem sucesso e ganha dinheiro, é bem capaz de sentir-se o cara. Ao contrário disto, quando tudo vai mal, ele pode ter problemas na cama", ressalta.
Chefe no pé, trânsito, contas para pagar, cartão de crédito vencido. Uma bela fórmula para deixar qualquer animadinho mais que brochado, certo? Sim! Porém, há muito mais que isso em jogo. Para começar, o perfil do macho alfa de hoje atravessa uma grande transformação. Depois de décadas em que a mentalidade vigente dizia que a mulher deve ficar em casa, ser submissa e pronta para dar prazer ao homem, esse estereótipo ainda não se habituou à mulher moderna, que trabalha, ganha mais que ele, lê matérias de sexo e quer colocar suas fantasias em prática.
Foto: Thinkstock
O ideal é não exacerbar aquele momento e nem fingir que não aconteceu nada
A insegurança masculina vem à tona na cama e isso faz com que grande parte dos "desanimados" fique à mercê de uma fama que muitas vezes não corresponde à realidade. De acordo com o médico sexólogo e terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior, a cama se tornou um palco no qual as pessoas desempenham papéis. "Uma mulher que ganha mais que o marido e tem uma vida social e profissional própria enfraquece quem tem um emocional fraco", comenta.
Segundo o especialista, os machões entram nessa por se sentirem menores e qualquer coisa que a mulher fale ou faça passa a ser um motivo para que eles falhem. "As mulheres querem ser tratadas como fêmeas na cama. Elas ouvem falar de orgasmos múltiplos, leem nas revistas. Em contraponto a isso, o marido fica em casa vendo TV e faz um papai e mamãe básico", completa o médico.
Quando a culpa é delas
Mas o problema nem sempre mora apenas no lado viril da relação. Algumas mulheres provocam, porém, no momento em que o calor aumenta, elas esperam - e somente esperam - que o homem tome as rédeas da situação. Essa atitude pode reverter o momento e, em vez de levá-la ao céu, o inferno se torna mais próximo em segundos.
Assim foi com Ricardo. O economista de 23 anos estava saindo pela primeira vez com a garota e foram ao motel. Lá, a menina fez o estilo árvore e apenas compôs a paisagem, para decepção dos dois. "Não consegui ficar com muito tesão. Ela me perguntou se o problema era com ela. Eu falei que não, e que nem devia se encanar porque isso nunca tinha ocorrido comigo".
O terapeuta Sérgio Savian ressalta que os homens ficam excitados com a mulher que se solta na cama, surpreendendo-os. "São muitos os homens que têm baixa auto-estima. Há muita cobrança para que eles tenham um ótimo desempenho. A mulher inteligente, que deseja ter um cara bem excitado na cama, deve ser habilidosa em colocá-lo para cima", aconselha.
Cachaça resolve?
Para quebrar o gelo, muita gente resolve recorrer a uma forcinha engarrafada - e o álcool acaba virando o vilão da noite. O jornalista Márcio, de 27 anos, viveu na pele a situação. Ao lado de dois amigos, contratou o serviço de uma profissional do sexo para uma aventura em grupo. Na hora de aproveitar seus minutos de prazer, a desagradável surpresa. "Para dar aquela esquentada, rolou cerveja, vinho e etc. Na hora do vamos ver, o meu garotinho negou fogo. Como tenho bom humor, fiquei de voyeur", lamenta.
Assim como Márcio, quem falhou na hora H e pensa que umas biritas podem resolver a situação e fazer você se redimir com a gata engana-se. Segundo o doutor Amaury, um copo pode inebriar. Mais que isso, no geral, anestesia. "A bebida ajuda a liberar mais de si, tira a timidez. Mas, na hora do ato, querer beber para melhorar o desempenho é um erro. O homem precisa do fato, do tato, vários sentidos para ter e dar um bom sexo. A bebida diminui isso. É preciso saber dosar", aconselha.
Foto: Thinkstock
Excesso de trabalho e estresse podem prejudicar o desempenho dos homens na cama
Caminho certo
Broxar é desagradável e não há uma fórmula pronta quando o fato acontece. O plano de ação depende do estado emocional de cada um. O ideal é não exacerbar aquele momento e nem fingir que não aconteceu nada. "Se a mulher for madura e interessada no seu parceiro, ela vai ter jogo de cintura. O que você pode fazer é encarar o fato com bom humor e não se cobrar 100% de rendimento no sexo. Não se desespere achando que isso vai se repetir sempre", sugere Sérgio Savian.
Uma forma de driblar o momento é elevar a ocasião de estarem a sós e partir para outros meios, que não seja apenas a penetração. "É ideal investir nas preliminares. Fazer uma massagem, brincar, ficar abraçado, dormir junto, ver um filme. É não dar tanta bola para o pênis, mas sim para o momento", aconselha o médico Amaury.
Sem neura
O maior conselho para essas horas é tentar não encucar. E isso também significa não querer medir o próprio desempenho com base em conversas de roda de amigos. "O papo com outros homens pode atrapalhar porque no geral conta-se muita vantagem, não se falando a verdade. E a maioria dos homens tem ou já teve algum problema no sexo", afirma Sérgio Savian.
De acordo com o sexólogo Amaury, quem procura a terapia geralmente já optou por outros meios, como injeções e remédios que, independente do desejo, endurecem o pênis. "Quando chegam ao consultório, peço os exames para confirmar se o problema não é físico. Cerca de 70% dos casos ou mais não são. Eles levam isso para o dia a dia, trabalho, etc. Quando passam a analisar o todo na relação, melhoram.", comenta.
Portanto, não se assuste. Quando ou se o problema se torna recorrente, a terapia focal é muito rápida e direta. Com cerca de dez sessões é possível um resultado rápido. "A maioria dos problemas são psicossomáticos, a mente afeta o corpo, o corpo afeta a mente. O tratamento é feito com psicoterapia e dependendo do caso, medicamentos", diz Amaury.
* O nome dos entrevistados foi alterado a pedido dos próprios.
Para saber o que elas pensam sobre uma brochada, clique aqui!
Colaborou:
Dr. Amaury Mendes Júnior
www.amaurysexologo.med.br
Sérgio Savian
www.sergiosavian.com.br
Atualizado em 1 Dez 2011.