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A lei da compensação deve ser evitada: a opção é sempre a alimentação saudável

Acabou o final de semana e você começou a contabilizar seus ganhos (ou melhor, prejuízos). Na sexta, happy hour com os amigos do trabalho para celebrar; no sábado, balada com as melhores amigas e muita diversão; no domingo, almoço em família com comida, doces tentadores e festividade. Mas eis que a segunda-feira chega, tudo começa a ser somado e você se depara com dois pesos a mais: o da balança - por todas as comidas e bebidas ingeridas - e o da consciência, por ter se rendido ao pecado da gula, após semanas de dieta regrada.

É neste momento que começa a pensar como vai fazer para reverter a situação, e aparece a famosa lei da compensação. As três principais refeições - ou pelo menos uma delas - acabam sendo substituídas por lanches light, sucos, sopas ou shakes. Afinal, é uma questão simplesmente matemática, certo? Bem, na verdade, não.


Efeito traiçoeiro


"É um mecanismo muito errado, pois, muitas vezes, as pessoas passam os dias subsequentes com dieta zero ou líquida, alimentação muito desprovida de proteínas e vitaminas. Isso vai causar uma série de disfunções vitamínicas, deficiências do sistema imunológico e, inclusive, da própria questão do emagrecimento", informa a endocrinologista do Hospital São Vicente de Paulo, do Rio de Janeiro, Ana Cristina Belsito.

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Ficar de olho na balança pode ser um meio para não se arrepender posteriormente em ter saído da dieta


De acordo com a médica, o mecanismo da lei da compensação chega a ser um facilitador da obesidade, pois o organismo sofrerá redução da taxa metabólica pela deficiência de nutrição. A pessoa irá queimar menos calorias do que se tivesse com uma alimentação saudável com o número de calorias previstas na dieta usual.


Mesmo assim, a nutricionista Lara Natacci, da Nutrivitta Assessoria Nutricional, revela que a prática costuma é bastante comum. "As pessoas costumam usar a compensação, mas isso pode ser prejudicial ao metabolismo e à saúde", alerta. Lara revela que o uso dessa prática normalmente não fica restrito às datas especificas, como festas de final de ano ou férias - é comum apelar para ela quando bate a famosa síndrome de culpa de segunda-feira, por exemplo. "Estudos relacionam a restrição alimentar severa com episódios de descontroles e exageros", pontua a nutricionista.


Ações pós-escorregões


Em primeiro lugar, a sugestão de Lara é tentar não exagerar nos escorregões. "Temos que pensar que a comida estará sempre presente e parar de comer como se fosse a última vez", comenta. O posicionamento correto, segundo ela, é continuar com uma alimentação equilibrada e praticar exercícios, consumindo muito líquido para evitar inchaços, depois dos exageros.

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Exagerar nos exercícios também não é a solução para compensar os quilinhos a mais, pois pode levar a contusões e você ficaria sem poder malhar


Ana Cristina também compartilha da opinião de que a melhor atitude depois de exagerar na alimentação é seguir a alimentação cotidiana, mas, claro, desde que seja saudável e, preferencialmente, isenta de alta ingestão de açúcar e gordura. "Reduzir drasticamente o consumo de calorias, às vezes até por uma semana, é como, por exemplo, fazer um gol contra. Isso vai ser um facilitador para que a pessoa ganhe peso posteriormente", discorre.


Sem apelar para o mais rápido


No entanto, é impossível negar que há muitas pessoas que investem em dietas líquidas ou no uso dos shakes emagrecedores depois que chegam os quilinhos a mais. Quem opta pelos shakes não está tendo uma atitude errada, visto que o produto é considerado um suplemento alimentar, que possui vitaminas e componentes saciatórios, segundo a endocrinologista.


"Não é um tipo de alimento que se despreze, ele tem o seu valor, porém, não deve ser usado como o único mecanismo para a perda de peso. Ele pode substituir um lanche rápido, se não tiver opções mais saudáveis, ou ainda ser utilizado em viagens. Porém, está errado utilizá-lo em todas as refeições, pois os shakes não possuem fibras e alguns outros nutrientes, como os sais mineirais e as fibras como as das frutas, por exemplo", explica Ana Cristina, que acrescenta que as reposições sintéticas de fibras e vitaminas não são eficazes para repor as de origem natural.


A nutricionista Lara Nattaci completa que, quando há falta de nutrientes, o organismo pode 'pedir' o alimento, fazendo com que a pessoa procure a saciedade. A ansiedade, o aumento do estresse e a carência de vitaminas - que as pessoas conquistam com as dietas líquidas ou as muito severas - podem unir-se e responderem às alterações emocionais atacando a comida.

Atualizado em 10 Abr 2012.