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Gostosa, potranca, cavala, cachorra, popozuda, preparada, delícia e haja mesmo muita criatividade para o dicionário de verbetes infindáveis dos sem noção de plantão. Esqueça tudo o que você aprendeu sobre homens. Existe uma corja que não resiste a cantadas baratas e apelativas e vão fundo quando a categoria é pior abordagem masculina.
"Mulher que é mulher gosta de receber elogio, de se sentir admirada pelos homens. Se passa uma menininha bonitinha e é gostosinha eu mexo mesmo. Não estou ofendendo e caso ela não goste nem saia na rua então", avisa o pedreiro Josildo Ferreira, 37.
Este tipo de comportamento está relacionado à cultura do ambiente, onde o machismo ainda impera e a mulher é vista como um mero objeto de prazer sexual e de luxúria.
O homem com baixo nível de escolaridade, ainda percebe a mulher como um objeto de sua propriedade sobre dois aspectos: mãe e amante. Esta última é entendida apenas como diversão sexual. Quando há esclarecimento cultural, ele passa a aceitá-la e respeitá-la em seu papel social.
A jornalista Carolina Tavares, 22, já passou por uma situação perturbadora na saída do trabalho. Enquanto caminhava na rua, um sujeito se dirigiu a ela todo empolgado e disse ´é uma Ferrari´. Não deu outra, a moça indignada não deixou por menos e respondeu ´e você é um Fusca!´.
Já a gerente de loja Natália Araújo, 33, desabafa sobre seu percurso diário atribulado. "Já senti muito homem excitado atrás de mim no trem. Utilizo o metrô em pleno horário de pico e a situação é complexa. O que vou fazer? Não tem para onde ir. Simplesmente não dá para se mexer. Sinto-me um frango indo para o abate todos os dias e me contento em saber que não sou a única, mas é isto que dá nascer pobre em um país, onde as pessoas não se respeitam".
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No ônibus e vagões de trens, as mulheres tendem a sofrer com o assédio dos homens que muitas vezes se excitam ao encostar seu órgão sexual no corpo delas. A psiquiatra, Rita Jardim garante que a melhor maneira de inibi-los é reagindo. "Há pouco tempo atrás, um comportamento de reação pública poderia se reverter contra a mulher, através de insinuações do gênero ´deu bola´, ´não ficasse em um ônibus lotado´ ou ´vestisse outro tipo de roupa´. Hoje, graças à diminuição do machismo, ela já consegue receber apoio".
Longe da agência onde trabalha, a publicitária *Sofia, 20, revela já ter sido chamada de cavala na rua. "Um sujeito me fechou e disse ´Nossa que cavala, hein!". Ah, se eu pego eu galopo muito´. Tinha um senhor próximo e ficou chocado com a abordagem do cara. Eu não sei se fiquei mais constrangida por mim ou pelo senhor. É muita falta de respeito e pretensão em acreditar que gostaria da cantada baixa".
Para o gari, Paulo dos Santos, 28, toda mulher é safada e interesseira. "Elas gostam de saber que tem sempre um homem na espreita observando a beleza delas. Se a cantada vier de um homem feio, preto e pobre, elas se sentem ofendidas, mas se o cara for magnata e boa pinta levam numa boa e ainda dão a maior moral".
A secretária Rosangela Lopes, 29, revela já ter partido para a agressão por ter se sentido humilhada, quando um sujeito mal encarado tentou elogiá-la ressaltando o quanto deveria ser fantástica, a sua parte íntima. "Não satisfeito ele veio com a mão bem na direção de onde não deveria. Fiquei tão nervosa que não perdoei e dei na cara dele mesmo e até me arrependo de não ter batido mais".
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Outra que sofreu assédio foi a designer Taís Bezerra, 24. Ela conta que estava no ônibus a caminho do shopping ao encontro de uma amiga, quando um rapaz de boa aparência se sentou ao seu lado perguntando as horas, pois segundo ele a bateria do celular havia acabado.
Mesmo esquiva, a moça tirou o seu aparelho móvel da bolsa para informar o horário ao cidadão e quando se dirigiu novamente a ele foi surpreendida. "O cara estava com o amigo sexual pra fora e perguntando se eu queria ´provar´ ou ao menos pegar para sentir como eu o deixava louco. O ônibus estava às moscas. Nem discuti, na mesma hora fui sentar próximo ao cobrador e o sujeito saltou no ponto seguinte. Este mundo está absurdo".
"Muita gente acha que só homem pobre assedia. Nada a ver. Nas baladas se vou de vestido sempre sinto uma mão boba na perna, no bumbum. Os caras só não atacam se estou acompanhada de amigos homens", completa a moça.
Se para muitas, este tipo de assédio é ofensivo, poucas assumem gostar e se sentir mais mulher com os termos. "Gosto de ser chamada de gostosa. É sinal de que sou bonita e chamo atenção do sexo oposto. A vulgaridade está na atitude que eu possa tomar em relação ao elogio", diz a líder de equipe Juliana Silveira, 22.
Não se pode afirmar que uma mulher não é bem resolvida sexualmente por aceitar este tipo de comportamento masculino, mas o triste é observar que existem homens machistas e mulheres que reforçam este aspecto.
"Não me surpreenderia se a mulher assediada viesse a se relacionar com o homem que a assediou, mas somente sendo pouco esclarecida ou sem amor próprio para se submeter a este relacionamento", opina Jardim.
Muitas pessoas cometem a infração por falta de informação. O assédio sexual e moral estão tipificados em lei. Dependendo da situação pode ser perigoso reagir e especialistas apontam a denúncia como melhor caminho para coibir o crime.
Se alguma cantada grosseira ofender a mulher, ela pode procurar qualquer delegacia e denunciar. Caso, o homem infrator tente passar a mão, a vítima deve chamar a polícia imediatamente para que o sujeito possa ser indiciado por agressão física.
*O nome foi alterado a pedido dos entrevistados
Colaboraram:
? Rita Jardim
? Josildo Ferreira
? Carolina Tavares
? Natália Araújo
? Paulo dos Santos
? Rosangela Lopes
? Taís Bezerra
? Juliana Silveira
? *Sofia
Atualizado em 10 Abr 2012.