Guia da Semana

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Dependente de drogas, álcool, cigarro e até chocolate. Os vícios que existem são os mais diversos. Mas você já viu alguém viciado em bronzeamento artificial? Pois essas pessoas existem.

O problema se chama tanorexia e consiste numa compulsão por ter a pele bronzeada. O dermatologista Humberto Ponzio esclarece que não se trata exatamente de bronzeamento artificial, uma vez que se fala das cabines onde a radiação emitida é a mesma do sol, com exceção dos raios UVB, que são responsáveis pela sensação de ardência.

De qualquer forma, quando uma pessoa entra nessas câmaras de bronzeamento, a emissão dos raios libera, no cérebro, uma substância denominada endorfina, que está relacionada à sensação de bem-estar. "Ocorre da mesma forma com o sol. A ação é também antidepressiva", explica Ponzio.

Pesquisadores ingleses acreditam que o fato de uma pessoa se expor ao tratamento mais de uma vez por semana faz dela uma tanoréxica. No Brasil, o problema ainda não é considerado uma patologia por falta de pesquisas que comprovem. "Há relatos de pessoas ligadas ao mundo artístico que declaram ser dependentes dos efeitos causados pelo bronzeamento, como a cor de aspecto saudável, ausência de marcas do biquíni e, como conseqüência, a auto-estima aumentada. Dizem até não conseguirem viver sem aquele bronze intenso. Jovens têm se mostrado adeptos do bronzeamento artificial no sentido de permanecerem constantemente com um aspecto saudável e, dessa forma, serem aceitos pelo grupo a que pertencem", conta a psicóloga e psicoterapeuta Mariza Póvoas.

Os sintomas da compulsão aparecem quando a paciente segue o que os médicos não pedem, realizando inúmeras sessões por ano, em busca de uma perfeição que elas acreditam estar longe. As pessoas mais suscetíveis ao problema são aquelas com baixa-estima e extremamente vaidosas.

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"Além de ser um problema de personalidade, a mídia, hoje em dia, faz com que as pessoas desenvolvam problemas como esse, pois impõe uma ditadura de beleza muito dura, onde só as pessoas bronzeadas e com o corpo bonito são aceitas", completa a psicóloga Ana Lúcia Autran. O tratamento de qualquer compulsão deve ser realizado com psicoterapia.

O espaço entre sessões de bronzeamento artificial deve ser de, pelo menos, 48 horas, com os cuidados de não se expor ao sol enquanto estiver realizando o tratamento. Meia hora dentro da câmara pode equivaler a um dia todo ao sol, de acordo com a calibragem da lâmpada.

A cabine não emite grande concentração de raios UVB, que por muito tempo foram tidos como os mais perigosos, mas isso não impede o corpo de sofrer os prejuízos do procedimento. Os efeitos da radiação são cumulativos, demorando cerca de dez anos para aparecerem. Flacidez e manchas na pele estão entre as conseqüências, trazendo melanoses solares (mancha marrom) e lentigos solares (alterações acastanhadas na cor da pele).

A longo prazo a exposição excessiva às cabines de bronzeamento pode causar o envelhecimento precoce e até o câncer de pele (melanoma). Durante o procedimento, é importante utilizar protetor ocular e ingerir bastante água para promover a hidratação. Em função dos riscos, a indicação é que se faça o processo a jato, que custa cerca de R$90,00 a R$100,00 a sessão.

Apesar da morte por melanoma ser rara, ela pode acontecer por causa da transferência da doença para outros órgãos. Deformações e mutilações são freqüentes no câncer de pele, caso não seja tratado corretamente e diagnosticado pela biópsia.

A dermatologista Denny Granatowicz explica que a Sociedade Brasileira de Dermatologia não aprova o bronzeamento artificial com câmaras. "Isso porque não sabemos qual é o grau de radiação que a pessoa está recebendo em cada exposição", conta.

Proteja-se do melanoma
? Fique exposta ao sol apenas até as 10h ou após as 16h
? Use boné e camiseta para exercitar-se sob o sol
? Utilize protetor solar com FPS maior que 15
? Mesmo nos dias nublados é preciso dar atenção à pele, com uso de filtro solar
? Procure um médico caso apareçam manchas que se modificam, formam "cascas" na superfície e sangram com facilidade; feridas que não cicatrizam ou lesões de crescimento progressivo.



Colaboraram:
? Humberto Ponzio
? Mariza Póvoas
Fone: (21) 2484-9007
? Ana Lúcia Autran
Downtown - Av. das Américas, 500, Bl. 20, Sl. 213 - RJ
Fone: (21) 3433-8354
? Denny Granatowicz
Downtown - Av. das Américas, 500, Bl. 16, Sl. 107 - RJ
Fone: (21) 2494-5896

Atualizado em 10 Abr 2012.