Guia da Semana

Foto: Getty Images


"Essa é fácil", "já peguei", "qualquer um que chegar já era", "é gata, mas é vaca", "corrimão de escada", "potranca". Estas qualificações integram uma vasta lista de apelidos maledicentes que esteriotipam as mulheres que ficam com muitos caras, bem como eles fazem e são bem vistos, tidos como "pegadores" ou "desejados".

"Já peguei várias que recebiam essas designações, porque davam mole para os caras. Elas corriam atrás de mim e não o contrário, até porque não valeria a pena. Mas nunca fui de dispensar mulher. Se me apaixonar por uma, frearei meus sentimentos. Se não houver jeito, ela terá que provar sua mudança, caso contrário serei totalmente racional em dispensá-la. Não tenho talento para ser corno", dispara o estudante Diogo Naves, 20 anos.

O homem tem muito mais ciúmes do passado da mulher do que ela em relação ao dele, por uma questão cultural e de insegurança. Eles temem a comparação com outros, devido ao seu perfil altamente competitivo e o desejo de ser o único na vida da mulher.

Moças recatadas ganham vantagem nesse quesito por transmitirem uma segurança maior do que os "mulherões", embora essas sejam vistas como as ideais para aqueles que não querem engatar compromisso sério. Boa parte dos homens prefere o perfil "certinha", mas que sabem a hora certa para deixar aflorar um lado mais despudorado.

Para o jornalista Humberto Correa, 30, mulheres mal faladas ganham valor sexual e não sentimental. Ele já ficou sem compromisso com algumas assim, mas não engatou namoro, porque não havia respeito. Para ele, santinha e atirada são dois extremos fora de cogitação para se relacionar. O ideal é quando se encaixa com o que é esperado, ou melhor, quando corresponde ao que o homem procura no momento. A mulher tem que saber em qual situação agir discretamente e quando deve ser mais envolvente.

Foto: Getty Images


"A boazinha é mais submissa, o que pode ser interessante para alguns homens. A atirada tem seu lado positivo para homens que não gostam das dominadas e sim daquelas que expressam suas opiniões e vontades. Acredito que o ideal é a mulher estilo santinha no convívio social, mas atirada no momento da intimidade com o parceiro", esclarece a psicóloga Jaqueline Belmudes.

O ponto central talvez seja o fato da mulher tida como liberal ser dotada de uma dose elevada de auto-confiança, auto-estima e segurança daquilo que deseja. Elas assustam os homens, porque historicamente, eles foram preparados para caçar, não serem caçados.

"Na época do colégio descobri que minha filha tinha fama de namoradeira, mas o que poderia fazer? Amarrá-la no pé da minha cama? Brigávamos muito, mas acabei aceitando. As baladas eram muito freqüentes e decidi largar mão. Transmiti bons valores a ela, mas nossas escolhas nos dizem onde iremos", revela *Wanderlei, 58 anos.

Atitudes como caçar homens e procurar estabelecer relação sexual nos primeiros encontros é uma estatística provável para rótulos. Mas muitas vezes aquilo que nós pensamos sobre nós mesmos vai servir de base para aquilo que os outros pensam de nós.

Foto: Getty Images


"Teve uma época que ficava com três meninos ao mesmo tempo e todos eram do colégio. Quando eles se descobriram me apelidaram de ´galinha´ e ´cavalona´. Foi horrível, porque falaram o que tinham e principalmente o que não tinham feito comigo. Isso serviu de base para meu amadurecimento sexual e psicológico. Se um dia tiver uma filha e ela quiser namorar muito vai saber da necessidade do uso camisinha e o resto é por conta dela", opina *Juliana, 26 anos.

Hoje em dia, os homens ainda se assustam com mulheres na base do jogo, mas as admiram pela coragem e atitude. Há, ainda, os que preferem ser escolhidos a terem de escolher para uma satisfação do ego.

"Sempre disse que jamais me envolveria com uma mulher mal falada. Por ironia hoje namoro uma que já sofreu com esse rótulo. No início hesitei, embora não a veja como galinha e a respeite. Admito que em certos momentos reflito sobre os relacionamentos anteriores dela e principalmente tudo o que ela faz comigo e já fez com outros caras. Mas o valor está no presente e não no passado", desabafa *Caio, 23.

* Os nomes foram alterados a pedido dos entrevistados.

Colaboraram:
? Magda Person
? Jaqueline Belmudes
? Diogo Naves
? Humberto Correa
? Victor Resende
? *Wanderlei
? *Juliana
? *Carlos

Atualizado em 6 Set 2011.