Você pode ousar nas posições e no estilo das fotos, até mesmo na ambientação
As reservas para aquele restaurante romântico já foram feitas. A expectativa para fechar a noite na sua ou na casa dele é grande. Para instigá-lo com o que ele poderá desfrutar mais tarde, você mostra um preview com fotos suas de lingerie, insinua-se nua em frente à câmera do celular e encaminha a fotomensagem com frases picantes ou pedidos de sexo sem pudor.
Mais que conseguir surpreender o seu parceiro, na certa, vai deixá-lo ainda mais excitado e louco para que o dia passe logo. E você acabou de inserir um ingrediente fortíssimo para que a transa seja inesquecível. Sabe qual é o nome para o que acabou de fazer? Sexting. A prática é uma terminologia fruto da união de 'sex' (sexo) e 'texting' (troca de mensagem de texto pelo telefone) e está muito em voga.
O sexting surgiu como uma vertente do sexo virtual, parecido com as insinuações feitas entre casais em bate-papo pela internet, como MSN, GTalk, Yahoo Messenger e Skype. Hoje, vale não apenas mensagens de texto, mas também vídeos e fotos com teor erótico para qualquer meio eletrônico, como computador ou telefone celular.
Estatísticas dos adeptos
De acordo com uma pesquisa dos Estados Unidos divulgada em dezembro de 2010, um terço dos adultos entrevistados declarou já ter praticado o sexting. O estudo foi realizado pela organização não-governamental National Campaign to Prevent Teen and Unplanned Pregnancy (Campanha Nacional para Prevenção dos Jovens e Gravidez Não Planejada), que ouviu 1.280 pessoas.
Foto: Thinkstock
Acessórios como meias e lingeries especiais costumam ser utilizados nas fotos
A pesquisa ainda revela que as mulheres são as campeãs, com 83%, de enviar conteúdo sexualmente sugestivo para o seu namorado. Mas eles não ficam muito abaixo dessa média, já que 75% dos homens também costumam surpreender sua amada com carinhos mais picantes por mensagens, fotos ou vídeos.
Outro estudo estadunidense, feito com 65 casais com a média de 24 anos de relacionamento e que passavam por crises na vida sexual, o uso de vídeos sobre sexo foram suficientes para fazer a rotina sexual dos dois voltar à ativa, de dois entre três casais estudados. Essa pesquisa foi encabeçada pela terapeuta Linda Banner e publicada no livro Felizes para sempre... A ciência para um casamento perfeito!, da colunista sobre relacionamentos do The New York Times, Tara Parker-Pope.
Para encurtar a distância
A turismóloga Vivi Fernandes*, de 26 anos, acredita que enviar fotos ou gravar vídeos caseiros realmente mantêm a chama de um relacionamento acesa, ainda mais quando ele conta com o empecilho da distância, como no seu caso. "Eu namorava um rapaz que morava no Chile e para manter a paixão quando estávamos longe, nós víamos fotos um do outro em que estávamos nus, conversávamos pela webcam sem roupa e víamos vídeos caseiros que fizemos", revela.
Ela completa que isso foi essencial para o relacionamento, já que viu o namorado somente duas vezes por ano, durante os dois primeiros do namoro. "Já é uma loucura namorar à distância pela falta de sexo, imagina se não tivéssemos esse artifício. Afinal, não dá para sonhar que é possível namorar só conversando", conta Vivi, que está feliz da vida morando com o namorado, no Chile.
Anteriormente, ela havia feito fotos para agradar seu antigo namorado também e confessa que já teve medo desse material se fosse publicado na internet. No entanto, se essas fotos 'vazassem' ela completa que assumiria o que fez e aturaria as consequências. "Acho que isso afetaria mais aos meus pais do que a mim. No entanto, não tenho mais 18 anos, sou grandinha e o que vou fazer? São só fotos. O pior é que elas costumam sair meio ridículas, a não ser que você tenha um namorado fotógrafo", brinca Vivi.
Foto: Thinkstock
O espelho normalmente costuma estar à frente da maioria das fotos caseiras
Visão deles
Adepto do sexting, mesmo antes de conhecer a terminologia, o publicitário Adriano Gonçalves, 28 anos, considera a prática uma boa forma de instigar a parceira. "Sexo não se resume a quatro paredes e apenas àquele momento, a sedução também é importante", pontua. A primeira vez que usou o artifício em seu namoro de mais de cinco anos foi filmando a transa entre ele e sua namorada. No entanto, ele não abre mão de utilizar o sexting quando conversam pela internet.
"Quando ela viajou para o exterior por 15 dias fizemos isso, mas já teve uma situação em que estávamos na mesma cidade - cada em sua casa -, e o papo começou a esquentar tanto que eu não resisti: larguei tudo naquele momento para encontrá-la", lembra Adriano. Ele acrescenta que o homem tem uma pegada muito visual em relação ao sexo, gosta de ver sites pornôs, revistas com mulheres nuas e ter a possibilidade de ver a sua mulher seduzindo-o desta forma é muito prazeroso.
O publicitário incentiva as mulheres a olharem com bons olhos o sexting e sugere que elas se soltem mais, claro que somente com a pessoa que se tenha muita confiança, e se permita ousar. "Afinal, qual homem não quer uma dama na sociedade e uma devassa na cama?", pergunta Adriano.
Cuidados necessários
Quando o assunto é sexting, não basta apenas pensar pelo lado do prazer e entregar-se a sua vontade. É preciso ter muita confiança na pessoa que vai receber as fotos ou o vídeo, pois há inúmeros casos em que material desse tipo que acaba vazando na internet. O culpado pela publicação, essencialmente, tem duas caras: o próprio parceiro ou uma pessoa que teve acesso ao seu computador, seja para resolver algum problema ou que o invadiu através de vírus.
Por isso, é importante ter alguns cuidados antes de render-se a tentação do sexting. O diretor de prevenção da SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, faz um alerta para as mulheres: uma vez que algum material é publicado na internet, jamais sai da rede. "Aquela imagem fica disponível para sempre, já que quem viu, gravou e passa a ter o poder de divulgar. Todo mundo tem acesso a ela, até mesmo criminosos", pontua.
O especialista em direito cibernético afirma que o principal motivo que leva as pessoas a publicarem esse tipo de material é o fim dos relacionamentos. "Nesse caso, comete-se os crimes de calúnia, difamação, injúria e o uso indevido da imagem", explica Rodrigo. Por isso, ele sugere que as pessoas tenham plena consciência de como estão se expondo e que somente ao vivo e a cores essa exposição pode ser segura.
*Os nomes das fontes foram trocados para preservar suas identidades.
Atualizado em 10 Abr 2012.