Guia da Semana

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Quando fica total silêncio e você continua a ouvir sons, é sinal de que algo está errado. Cerca de 25 milhões de brasileiros possuem o zumbido de ouvido, que pode ser desde um chiado comum até o barulho do coração ou alguns cliques e estalos. Ele é freqüente na terceira idade, mas pode aparecer também em crianças. A chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas e Coordenadora Nacional do GAPZ - Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido, Tanit Ganz Sanchez, explica que um som deve percorrer ouvido externo, médio, interno, nervo auditivo, tronco cerebral e cérebro. Assim, se qualquer uma dessas fases tiver algum problema, haverá o zumbido, ou seja, a via auditiva funciona em ritmo acelerado.

As causas podem incluir o abuso da cafeína, doces e alimentos gordurosos. O otorrinolaringologista do Hospital e Maternidade São Camilo Pompéia, Gustavo Duarte Paiva Ferreira divide as razões em três partes. As metabólicas englobam doenças como diabetes, problemas de tireóide, aumento do colesterol e triglicérides. Já as auditivas incluem infecções de ouvido, labirintites, rolha de cera, perfuração do tímpano e perdas de audição. Por fim, as neurológicas são tumores, malformações de artérias e veias e deficiências na circulação sanguínea cerebral.

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O membro da Câmara Técnica de Otorrinolaringologia do CREMERJ e otorrinolaringologista da Casa de Saúde São José Anderson Santos lembra que "as causas odontológicas merecem destaque, principalmente as disfunções das articulações têmporo-mandibulares. Deformidades da coluna cervical também estão relacionadas". A exposição aguda ou crônica a ruídos intensos como explosões, rojões, trabalho em ambiente ruidoso ou uso de MP3 em volume alto também podem promover a perda auditiva, zumbido e dificuldade para entender o que está escutando. A sensibilidade ao ruído intenso varia de pessoa para pessoa, mas qualquer barulho superior a 85 decibéis é prejudicial.

A intensidade não é a única vilã, mas principalmente a exposição intensa. Como conseqüência, a pessoa terá um sono ruim e falta de concentração, seguida de irritação, ansiedade e depressão. "O impacto psicológico que a questão causa deve ser considerado. Há relatos de suicídio devido ao zumbido incurável. Na maioria dos casos, o problema vem acompanhado da perda auditiva. A tontura é um sintoma freqüente e o exame de audição (audiometria) e de labirinto (otoneurológico) são imprescindíveis", diz Ferreira. O otorrinolaringologista do Hospital Beneficência Portuguesa, Ivan Cardoso Fairbanks Barbosa ressalta, ainda, que existem novas terapias em estudo, inclusive usando o próprio som para abafar o zumbido.

Auxílio aos portadores
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? O livro - "Quem disse que zumbido não tem cura?" mostra pesquisas realizadas desde 1994 sobre o assunto e é vendido nas livrarias pelo preço sugerido de R$20,00. A obra foi feita para comemorar o Dia Nacional de Conscientização sobre o Zumbido (11 de novembro) e a renda é revertida para o desenvolvimento de pesquisas sobre o assunto no Brasil.

? O Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido - Gapz foi criado em 1999 e integra a Fundação Otorrinolaringologia desde 2001. Profissionais voluntários orientam, mensalmente, cerca de 85 pessoas em São Paulo e 40 em cidades como Campinas, Curitiba, Brasília, Salvador e Rio de Janeiro. Em São Paulo, as reuniões acontecem na primeira segunda-feira de cada mês, no anfiteatro do Hospital das Clínicas (Rua Enéias de Carvalho Aguiar, nº 255, 6º andar, Pinheiros - SP). O telefone para informações é (11) 3068-9055 e o site é www.zumbido.org.br.



O tratamento do problema vai depender da questão que desencadeou o zumbido e é eficaz, mas não deve ser generalizado. Segundo Tanit, ele varia de caso para caso, incluindo situações totalmente curáveis, parcialmente e irreversíveis.

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Os sinais de que você não está cuidando corretamente dos seus ouvidos englobam perda auditiva permanente ou temporária, tonteiras, dor, secreção ou sangue e sensação de pressão. Para evitar problemas, o professor de otorrinolaringologia da Escola de Medicina e Cirurgia da UFRJ, Fernando Portinho, sugere o uso de fones para quem trabalha em locais com ruídos muito altos. Se for a festas, não fique próximo à caixa de som e, se possui tendência a inflamações nos ouvidos, proteja-os sempre que for à praia, piscina ou até mesmo tomar banho. Por fim, deixe a limpeza interna deles para o otorrino, usando o cotonete apenas para a região externa.

Evite o zumbido
? Evite alimentos ricos em cafeína, sal, gorduras e açúcar.
? Evite exposição excessiva a ambientes barulhentos.
? Evite o uso de cotonetes.
? Fumo e álcool prejudicam a audição.
? A toxicidade de diversos remédios devido à automedicação pode interferir na saúde auditiva.


Colaboraram:
? Tanit Ganz Sanchez
? Gustavo Duarte Paiva Ferreira
? Anderson Santos
? Ivan Cardoso Fairbanks Barbosa
? Fernando Portinho
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Fone: (21)2495-6366

Atualizado em 10 Abr 2012.